O Sorriso Adelia Prado
Sempre sofri quase em silêncio. Escrevo, mas a leitura do que deixo para sempre marcado é baixinha ou silenciosa. Fica na mente, quem sabe na tua. Na minha está tudo tão marcado.
Deus me livre escrever como sinônimo para holofote da minha dor. É que não da pra guardar, eu não agüento sozinha. Se eu não vomitasse tudo isso eu enlouqueceria, me tacaria da janela. Ou quem sabe tacaria os outros que insistem nos conselhos clichês.
Eu devo ter fantasiado, eu devo ter visto em você esse Aladim encarnado no teu rosto. Pois por isso mesmo eu devia ter sabido que não iria nunca prestar.
Juntando todas essas e inúmeras obras do destino eu te conheci em um lugar tão lindo e seguro, no país que cultivo o mesmo amor que a minha própria pátria, que canto o hino como sendo o do meu país, e pensei estar salva. Suspirei com um alívio, como de uma criança confortada no colo materno.
Estar ao teu lado me fazia bem. Eu procurava te agradar de todas as formas possíveis e jurava por todos os deuses que daria certo.
Eu, pobre de mim, ainda acreditava que o amor era capaz de vencer as atrocidades do tempo, da distância, da juventude, dos hormônios masculinos inquietos. Não – nada disso seria forte o bastante para destruir aquele casal feliz que caminhava sempre de mãos dadas, com as bicicletas paralelas, alegre e tão confiante.
Eu, que sempre fui tida como sã, que nunca chorava, e que pensava ser besteira esses amores impossíveis estava dentro da rede, presa pelas armadilhas do destino e das minhas falsas esperanças.
Não quero vala comum para o nosso sentimento. Quero um túmulo digno, grande, bonito e a altura da magnitude de todo aquele amor.
Pois é, falso Aladim. Não tinha gênio, não tem você na minha janela me esperando com um tapete mágico, cuidadosamente bordado para me mostrar ‘um mundo ideal’
A única coisa que você mostrou pra mim – eu, que vivia protegida nas paredes do meu castelo, da minha amada família – é que existe desilusão amorosa, e que dói feito um soco desprevenido no estômago. Pois eu voltei a ser cuidada e agora, você que roubou tudo que eu tinha. Não fomos felizes para sempre. Como bom ladrãozinho, você ainda carrega o teu sorriso de malandrinho por aí, encantando outras moças, outras tolas, que logo se juntaram ao meu posto e mal-amadas. Não sei dizer se tenho o direito de me arrepender pelo meu sim, ao teu primeiro ‘ Você confia em mim?’ – se quer saber, eu ainda aceitaria e confiaria de todo coração.
Se eu soubesse uma formula que nos fizesse sempre sorrir, venderia pelo preço de uma lagrima de tristeza, até todos ficarem pobres de tristeza e ricos de felicidades
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