O Silencio de uma Tela em Branco

Os raciocínios do amor-próprio não gozam do crédito das melhores consequências.

O arrependimento inventa carinhos novos, e a inocência parece vingar-se, perdoando, e sorrindo ao algoz, que exora o perdão com lágrimas.

Amigos verdadeiros são os que nos acodem inopinados com valedora mão nas tormentas desfeitas.

A amizade é o mais levantado dos humanos sentimentos.

Depois do céu, quem mais pasmosos milagres faz é o amor.

A morte é amparo.

Um verdadeiro amor é segunda inocência.

Não há baliza racional para as belas, nem para as horrorosas ilusões, quando o amor as inventa.

O último amor que desampara o homem é o combinado com o orgulho.

A amante que chora o amante que teve, na presença do amante que se lhe oferece, quer persuadir o segundo que é arrastada ao crime pela ingratidão do primeiro.

A morte emenda todos os atos da vida.

O amor que enlouquece e permite que se abram intercadências de luz no espírito, para que a saudade rebrilhe na escuridão da demência, é incomparavelmente mais funesto que o amor fulminante.

O melhor amigo é o dinheiro. Conselhos, os melhores é o dinheiro que os dá.

Entre namorar e amar, está o reflectir.

As quedas de algumas mulheres justificam-nas alguns maridos.

A mulher devia ser velha quando não sente o coração... quando já não ama.

O basilisco do ciúme é, às vezes, o galvanismo dos corações regelados e mortos pelo tédio.

A maldade é congénere do homem.

A civilização é a razão da igualdade.

O amor dá-se mal nas casas ameaçadas de pobreza. É como os ratos que pressentem as ruínas dos pardieiros em que moram, e retiram-se.