O Impossivel So Existe no Vocabulario dos Fracos
Por que ter medo da morte?
Enquanto somos, a morte não existe, e quando ela passa a existir,
nós deixamos de ser.
ENTRELINHAS
São nas entrelinhas, naquelas finíssimas linhas entre o que existe e o que não existe, que escrevemos a nossa história. São sempre naquelas passagens que pouca gente entende, que pouca gente acredita e que muita gente imagina que nem acontece. Para alguns simples sonhos, para outros apenas impossibilidade. E justamente por ser impossível, por ser simplesmente sonho, por ser inacreditável que vivemos. Porque somos assim... dentro de nós. Acreditando no impossível e escrevendo nossa história. Escrevendo-a sempre... sempre nas entrelinhas; nas finas linhas do real e do imaginário que construímos e criamos os melhores cenários de vida... de verdades, de sonhos e fantasias. Para além de nós... para muito além dos nossos dias.
Não adianta dizer que não existe
Esse racismo que vivemos
onde o negro sofre tanto
em um apartheid silencioso
oh meu Deus
como está o meu povo
lá na áfrica
Sofrendo ou vivendo
querendo se encontrar
na áfrica
Algo que mate a sua fome,
na pobreza se esconde
o seu sorriso
o colonialismo se agravou
o sofrimento se alastrou
transfundiu suas lagrimas
no que seria um paraíso
chora a minh’alma !
E como está à áfrica ?
e como anda minha raça ?
A noite somos nós !
A noite somos nós !
Negritude és tão bela
Não existe nada melhor do um dia após o outro! Sentiremos uma dor aqui, outra ali, mas vamos que vamos! A vida não pára! Estamos nesta grande corrente para ganhar ou perder. Tropeçamos em alguns pontos do trajeto, mas limpamos os nossos joelhos e seguimos em frente, não deixando que as lágrimas nos impeça de enxergar tantas oportunidades ainda teremos pela frente!
No momento em que compreendemos que não somos a nossa mente, não existe muito mais a aprender ou a compreender.
O grande néctar da vida é a possibilidade de realizar o divino que existe dentro de cada um de nós.
Naquelas horas que você precisa desabafar, mas, infelizmente não existe ninguém para lhe escutar.. Acaba guardando tudo para si e começa a sofrer.
Existe uma diferença entre ser vítima e se fazer de vítima. Somos todos suscetíveis a nos tornar vítimas de alguma maneira. Todos sofremos algum tipo de aflição, desgraça ou abuso causado por pessoas ou circunstâncias sobre as quais não temos controle. Isso é ser vítima. É algo que vem de fora. Em contrapartida, o complexo de vítima vem de dentro. Ninguém pode fazer você se sentir inferior a não ser você mesmo. Nós nos tornamos vítimas não pelo que acontece conosco, mas quando escolhemos nos agarrar ao sofrimento.
Entre Mim e Ela
Entre mim e ela
Existe um oceano
Peixes, algas, cavalos marinhos
E estrelas do mar.
Entre mim e ela
Existe um céu
Inúmeras estrelas
E uma lua minguante.
Entre mim e ela
Existe um multiverso
Inúmeros cometas, planetas
E um imenso vácuo.
Entre mim e ela
Existe uma multidão
Inúmeras vidas
E tanta gente em depressão.
Entre mim e ela
Existe a filosofia
Kant, Nietzsche, Hume, Platão
Poucas certezas e inúmeras indagações.
As pessoas não existem em função da religião. É a religião que existe em função das pessoas. Mesmo na política não é o povo que existe em função dos políticos. São os políticos que existem em função do povo. No ensino, os professores existem em função dos alunos. Os médicos existem, acima de tudo, em função dos pacientes. Também a existência dos advogados, cientistas, jornalistas, tudo se resume em função do povo. Entretanto, na maioria das vezes, essa posição está invertida. Utilizam-se do povo para os seus próprios interesses e satisfações. Aqueles que exploram a religião para seus próprios fins egoístas oprimem e denigrem as pessoas. Eles tiram impiedosamente vantagens dos outros, apossando-se do que podem e então, cruelmente, deixam as pessoas de lado quando não tem mais nada a oferecer. Da mesma forma, aqueles que exploram o mundo da política para o seu próprio fim compartilham do mesmo desprezo pelas pessoas. Os senhores não devem ser enganados por esse tipo de pessoa. As pessoas não existem para beneficiarem os líderes. O que deve ocorrer é justamente o oposto. Os líderes, inclusive políticos e clérigos existem para beneficiar as pessoas. Os professores por sua vez, existem para o bem dos estudantes. Entretanto, muitos dos que se encontram em posições de liderança comportam-se arrogantemente, denigrem as pessoas.
(Daisaku Ikeda).
TERÇA-FEIRA, 21 DE AGOSTO DE 2007
Existe sempre uma coisa Ausente - Caio F.
Paris — Toda vez que chego a Paris tenho um ritual particular. Depois de dormir algumas horas, dou uma espanada no rodenirterceiromundista e vou até Notre-Dame. Acendo vela, rezo, fico olhando a catedral imensa no coração do Ocidente. Sempre penso em Joana d’Arc, heroína dos meus remotos 12 anos; no caminho de Santiago de Compostela, do qual Notre-Dame é o ponto de partida — e em minha mãe, professora de História que, entre tantas coisas mais, me ensinou essa paixão pelo mundo e pelo tempo.
Sempre acontecem coisas quando vou a Notre-Dame. Certa vez, encontrei um conhecido de Porto Alegre que não via pelo menos á2o anos. Outra, chegando de uma temporada penosa numa Londres congelada e aterrorizada por bombas do IRA, na época da Guerra do Golfo, tropecei numa greve de fome de curdos no jardim em frente. Na mais bonita dessas vezes, eu estava tristíssimo. Há meses não havia sol, ninguém mandava notícias de lugar algum, o dinheiro estava no fim, pessoas que eu considerava amigas tinham sido cruéis e desonestas. Pior que tudo, rondava um sentimento de desorientação. Aquela liberdade e falta de laços tão totais que tornam-se horríveis, e você pode então ir tanto para Botucatu quanto para Java, Budapeste ou Maputo — nada interessa. Viajante sofre muito: é o preço que se paga por querer ver “como um danado”,feito Pessoa. Eu sentia profunda falta de alguma coisa que não sabia o que era. Sabia só que doía, doía. Sem remédio.
Enrolado num capotão da Segunda Guerra, naquela tarde em Notre-Dame rezei, acendi vela, pensei coisas do passado, da fantasia e memória, depois saí a caminhar. Parei numa vitrina cheia de obras do conde Saint-Germain, me perdi pelos bulevares da le dela Cité. Então sentei num banco do Quai de Bourbon, de costas para o Sena, acendi um cigarro e olhei para a casa em frente, no outro lado da rua. Na fachada estragada pelo tempo lia-se numa placa: “II y a toujours quelque choe d’abient qui me tourmente” (Existe sempre alguma coisa ausente que me atormenta) — frase de uma carta escrita por Camilie Claudel a Rodín, em 1886. Daquela casa, dizia aplaca, Camille saíra direto para o hospício, onde permaneceu até a morte. Perdida de amor, de talento e de loucura.
Fazia frio, garoava fino sobre o Sena, daquelas garoas tão finas que mal chegam a molhar um cigarro. Copiei a frase numa agenda. E seja lá o que possa significar “ficar bem” dentro desse desconforto inseparável da condição, naquele momento justo e breve — fiquei bem. Tomei um Calvados, entrei numa galeria para ver os desenhos de Egon Schiele enquanto a frase de Camille assentava aos poucos na cabeça. Que algo sempre nos falta — o que chamamos de Deus, o que chamamos de amor, saúde, dinheiro, esperança ou paz. Sentir sede, faz parte. E atormenta.
Como a vida é tecelã imprevisível, e ponto dado aqui vezenquando só vai ser arrematado lá na frente. Três anos depois fui parar em Saint-Nazaire, cidadezinha no estuário do rio Loire, fronteira sul da Bretanha. Lá, escrevi uma novela chamada Bem longe de Marienbad , homenagem mais à canção de Barbara que ao filme de Resnais. Uma tarde saí a caminhar procurando na mente uma epígrafe para o texto. Por “acaso”, fui dar na frente de um centro cultural chamado (oh!) Camille Claudel. Lembrei da agenda antiga, fui remexer papéis. E lá estava aquela frase que eu nem lembrava mais e era, sim, a epígrafe e síntese (quem sabe epitáfio, um dia) não só daquele texto, mas de todos os outros que escrevi até hoje. E do que não escrevi, mas vivi e vivo e viverei.
Pego o metrô, vou conferir. Continua lá, a placa na fachada da casa número 1 do Quai de Bourbon, no mesmo lugar. Quando um dia você vier a Paris, procure. E se não vier, para seu próprio bem guarde este recado: alguma coisa sempre faz falta. Guarde sem dor, embora doa, e em segredo.
O Estado de S. Paulo, 3/4/1994