O Homem Errado Luis Fermando Verissimo
Voltei a lugares que não me cabiam mais
Por não compreender que não deveria ter nunca os abandonado.
Percorri grande parte do caminho de minha vida por atalhos curtos
Que me levaram a tantos lugares errados,
Por achar que seguir o caminho mais longo e seguro
Era muito fácil e monótono.
Deixei de visitar pessoas por não querer companhia
Até descobrir que ficar sozinho por escolha
Nunca será solidão de verdade.
Aprendi, aos poucos, que o tempo não bloqueia nenhuma porta — apenas muda a chave.
E que às vezes sou eu quem precisa crescer
E parar de tentar forçar as fechaduras.
Entrei em conversas que evitava por medo de me expor,
Através de minhas verdades,
E vi que a honestidade, mesmo desconfortável,
Afasta de nós aqueles que não sabem lidar
Com suas próprias mentiras.
Recordei de pequenos rituais que haviam ficado no meu passado:
Escrever sem temas específicos,
Caminhar sem destino,
Ouvir músicas antigas.
Esses gestos me levaram a reencontrar
Um eu esquecido pela correria do meu presente.
Hoje percebo que perder-se teve uma função:
Ensinar-me a valorizar o tempo —
Nos segundos que voam ou nas horas que demoram.
E que voltar não é regressar ao mesmo lugar —
É trazer experiências e companhias novas,
E preencher de cores e beleza
Tudo o que antes foi apenas uma simples paisagem.
A projeção que virou espelho
Achei que te via,
mas o reflexo era meu.
Tuas palavras vinham de fora,
mas quem as moldava por dentro
era o que eu queria ouvir.
Todas as vezes que olhava o pôr do sol no horizonte,
na verdade, era uma projeção de nós dois
iluminando meu inconsciente.
Uma foto sua e se abria um álbum em minha frente,
histórias criadas e até roteiros feitos...
Projetei um enredo,
acreditei no roteiro que escrevi sozinho,
e, quando o silêncio chegou,
percebi que o eco não era ausência tua —
era excesso meu.
Criado por um, mas pertencente em silêncio a dois.
Nesse excesso, criei um mundo todo só nosso —
mas apenas eu tinha acesso.
Hoje olho com carinho todo esse sentimento.
Não acabou, na verdade, é apenas o primeiro dia
fora do nosso mundo encantado.
O que doeu não foi perder alguém,
foi perder o personagem que inventei.
Descobrir que o amor idealizado
tem o brilho exato do pôr do sol:
belo, mas breve,
e feito de despedida.
Observando tudo que criei e senti ao longo desse tempo,
me vejo como um belo arquiteto,
porém, um péssimo projetista —
criei estruturas lindas, dignas de um conto de fadas.
Hoje vejo de fora o “nosso mundo perfeito”,
sem saber o que você acharia dele de verdade.
Hoje entendo:
a decepção é só a luz acendendo no cinema,
mostrando que o filme era projeção.
E no escuro que fica depois,
a vida me convida a assistir de novo —
dessa vez, com os olhos abertos.
Das cenas que eu mais gosto são os créditos.
Pois mesmo sendo o único colaborador físico dessa criação,
todas as cores e formas são méritos seus.
Lhe agradeço por fazer tanto por mim.
Nunca haverá mágoas em um mundo onde nunca existiram
dois corações batendo acelerados
por compartilharem o mesmo sentimento.
"Entre o frio que rengueia e o sol de verão,
o gaúcho encontra calor na tradição.
Chimarrão ao amanhecer,
e a vida inteira para agradecer."
“A linguagem é, acima de tudo, um instrumento de comunicação e expressão. Nem toda a repetição compromete o rigor; e, nem todo o desvio da norma é falha, às vezes é recurso.” (Monteiro, 2007)
Para que desenvolvamos fluentemente a nossa pátria, temos que mudar de paradigma: abandonarmos a mente reaccionária em virtude da revolucionária!
Carta de despedida: Nosso mundo encantado
Querida,
Hoje, ao ver uma foto sua,
um álbum inteiro se abriu diante de mim —
não de imagens, mas de memórias inventadas,
histórias que criei e roteiros que escrevi
acreditando que seriam nossos.
Projetei um enredo,
acreditei no roteiro que escrevi sozinho.
E quando o silêncio chegou,
percebi que o eco não era ausência tua —
era excesso meu.
Nesse excesso, construí um mundo só nosso,
mas apenas eu tinha acesso.
Olho com carinho para tudo que senti.
Não acabou.
É apenas o primeiro dia fora do nosso mundo encantado.
Um mundo criado por mim,
mas que, em essência, pertencia a nós dois.
O que doeu não foi perder alguém —
foi perder o personagem que inventei,
aquele que você talvez nunca tenha conhecido.
Descobri que o amor idealizado
tem o brilho exato do pôr do sol:
belo, mas breve, e feito de despedida.
Me vejo como um belo arquiteto,
mas um péssimo projetista.
Criei estruturas lindas,
dignas de um conto de fadas.
E hoje, de fora,
observo o “nosso mundo perfeito”,
sem saber se você o acharia perfeito também.
Entendi que a decepção
é só a luz acendendo no cinema,
revelando que o filme era projeção.
E no escuro que fica depois,
a vida me convida a assistir de novo —
dessa vez, com os olhos abertos.
Das cenas que mais gosto são os créditos.
Porque, mesmo sendo o único colaborador físico dessa criação,
todas as cores e formas vieram de você.
Lhe agradeço por ter sido inspiração,
mesmo sem saber.
Nunca haverá mágoas
em um mundo onde só um coração pulsava.
E mesmo que esse mundo tenha sido só meu,
ele foi feito com amor —
e por isso, ele sempre será bonito.
Com carinho,
Luis
"Entre o passado de prisão que ecoa no inconsciente, existe um futuro que anseia por um grito de liberdade.”
Os ditadores ensinam por contraste, exibem o custo da concentração de poder e a necessidade de limites que os travem. São homens secos; os que lhes dão voz, também. A resposta é memória, instituições firmes e cidadania que não terceiriza a consciência.
© 08 set.2004 | Luís Filipe Ribães Monteiro
As Religiões não podem nem devem sobrepor-se à Ciência no que afirmam sobre o mundo; os valores pertencem à fé, os factos ao método, e quando há conflito factual deve prevalecer a evidência.
© 05 dez.2001 | Luís Filipe Ribães Monteiro
Se eu fosse mosca, aprenderia entre gigantes distraídos que a empatia protege.
©13 jun.1995 | Luís Filipe Ribães Monteiro
No meu Rio Grande tudo é tri legal,
Alegria maior é vencer no Grenal;
Se perder… deu pra ti,
Mas o orgulho segue aqui.
Bolo é torta, mexerica é bergamota,
O frio, bah! de renguear até cusco na grota.
Pão francês? Aqui é cacetinho,
E no CTG o patrão recebe com carinho.
“Barbaridade!” é mais que expressão,
É jeito de viver, é voz do coração.
Antes mesmo do batismo decoramos o hino,
Pois ser gaúcho é tradição e destino.
Chimarrão de manhã, doce melodia,
Churrasco no almoço, festa garantida;
E quando a noite cai, acalanta as canções,
Entrevero e abraços aquecem corações.
No meu Rio Grande é tudo tri legal,
chimarrão, churrasco e calor fraternal.
Ser gaúcho é mais que tradição,
é viver com alma e coração!
Bah, que alegria sem igual,
chimarrão na roda, churrasco no quintal!
Ser gaúcho é viver sorrindo,
com coração sempre aplaudindo.
Onde está o seu brilho?
Onde está o seu brilho?
Há tempos já não lhe vejo sorrindo,
Você está sempre aflito, preso entre pesadelos e medos.
Dois bandidos: essa tal da depressão e seu cúmplice, a ansiedade.
Levam seus sonhos e trazem várias tempestades.
Não descansamos um segundo,
Perdemos nossa identidade, sujeitamos-nos ao submundo.
Invisível, em nossos pensamentos, tristeza e abandono de si mesmo.
Não sei mais quem você é, já não lhe reconheço.
Onde está o seu brilho?
Mas ainda ouço, lá no fundo,
Um sussurro pedindo socorro,
Pedindo perdão por sentir demais, sem explicação —
Indício de que ainda existe um coração,
Que anseia o dia em que o sol traga o verão,
A um lugar frio, adormecido, sem cor.
A alma se esconde, cansada da dor,
Sem dormir, com medo de outro amanhecer.
O corpo é abrigo de um grito contido,
Eco perdido, jamais esquecido.
Um alguém que clama, refém da esperança,
E mesmo que a noite pareça infinita,
Há sempre um sopro que ainda acredita
Que um dia a dor se cansará de ficar.
Sussurros e desejos, a alma no escuro,
Absorve medos, abraça o impuro.
No silêncio das esquinas, eu ainda te vejo,
Entre lágrimas e pensamentos em vão,
A mente trava, mas luta o coração,
Que insiste em crer na salvação.
Pois entre um pedido de socorro,
Habita o amor — e o perdão.
— Luís Takatsu
