O Homem Errado Luis Fermando Verissimo
Eu era um homem que se fortalecia na solidão; ela era para mim a comida e a água dos outros homens. Cada dia sem solidão me enfraquecia. Não que me orgulhasse dela, mas dela eu dependia. A escuridão do quarto era como um dia ensolarado para mim.
Quaisquer que sejam as razões de Deus para escolher um homem, certamente não é por causa de nenhuma coisa boa neste homem!
Deus quer a bondade ou a escolha da bondade? Um homem que escolhe ser mau talvez seja, de algum modo, melhor do que um homem a quem o bem foi imposto?
Homem ao mar!
Que importa! O navio não pára. O vento é suave, e o navio tem rumo a seguir. Portanto, avante.
O homem que caiu ao mar desaparece, torna a aparecer, mergulha, sobe a superfície; grita; ninguém o ouve. O navio, estremecendo com a violência do furacão, vai todo entregue à manobra; os marinheiros e passageiros nem mesmo vêem o homem submergido; a mísera cabeça do infeliz é apenas um ponto na enormidade das vagas.
São desesperados os gritos que o desgraçado solta das profundezas. Que espectro aquela vela que se afasta! Comtempla-a, vê-a convés com os companheiros; pouco ainda antes, vivia. Que teria, pois acontecido? Escorregara, caiu; acabou-se.
Debate-se nas águas monstruosas; debaixo dos pés tudo lhe foge e se desloca. As ondas revoltadas e retalhadas pelo vento rodeiam-no, medonhas, os rolos do abismo arrebatam-no, a plebe das vagas cospe-lhe às faces, e confusas aberturas quase o devoram; cada vez que afunda entrevê precípicios tenebrosos; sente presos os pés por desconhecidas e horrendas vegetações; as ondas arremessam-se umas contra as outras, bebe a amargura, o oceano convarde empenha-se em afogá-lo, a imensidade diverte-se com a sua agonia.
O homem mesmo assim, luta.
Diligencia defende-se, intenta suster-se, emprega todos os esforços, consegue nadar. Ele, força perecível, de repente, exausto, combate a força que é inesgotável.
Onde está o navio? Muito longe. Mal se avista nas lívidas sombras do horizonte.
O mar é inexorável noite social, onde a penalidade lança os condenados. O mar é a miséria imensurável.
A alma, em tal báratro, pode tornar-se cadáver. Quem a ressucitará?"
ÚNICO
O homem é o único animal
Capaz de matar um rio.
Prática suicida... irracional
Assassinato a sangue frio.
O grande homem é aquele que não perdeu a inocência da sua infância, onde podemos encontrar responsabilidades de homem, alegria de menino e um sorriso puro como de um bebê.
A conquista do Homem sobre a Natureza revela-se, no momento da sua consumação, a conquista da Natureza sobre o Homem.
O homem que não possui a música em si mesmo,
Aquele a quem não emociona a suave harmonia dos sons,
Está maduro para a traição, o roubo, a perfídia.
Sua inteligência é morna como a noite,
Suas aspirações sombrias como Erebo.
Desconfia de tal homem! Escuta a música.
Um sonho é um sonho até que se acorde. Um homem pode acalentar esse sonho ou arregaçar as mangas e pensar no que é preciso para torná-lo realidade.
Muitas vezes quando o homem ama uma mulher
ela não valoriza,
Não percebe que seu grande amor
passou por sua vida.
Sempre penso em quão ridículo é um homem pedir a mão de uma mulher ao pai dela antes de pedir à própria moça. O pai não terá que viver com ele.
A cautela não é nada sem carisma. Se um homem banca o idiota, então só irá convencer idiotas. Mas aparente ser o demônio... e todos os homens irão se submeter.
(Barba Negra)
Ocorreu-me certa vez o pensamento de que se alguém quisesse arruinar e destruir totalmente um homem [...] bastaria obrigá-lo a dedicar-se a um trabalho absolutamente desprovido de utilidade e sentido.
