O Homem Errado Luis Fermando Verissimo

Fui Encontrado Por Aqueles
Que Não Me Procuvam
« Os Meus Amigos»

O crime sempre é compensado... Já a honestidade, é madeira de lei.

⁠Entre um boleto e outro, curta a vida, pois, a vida é curta.

Relações familiares são pelejas carregadas de amor, é impossível viver em família sem pelejar.

Seja feliz...
Porque o tempo passa num zás
E as estações desta vida
Vão ficando para trás.

E quando a tristeza bater à porta, vou convidá-la para entrar, tomar uma xícara de chá e juntamente comigo dar umas boas gargalhadas.

A saúde não tem nenhum valor até que a doença lhe dê um preço tão alto que não se possa pagar.

O veneno que escorre nos lábios, emanam de uma alma suja, e pode encardir até mesmo as vestes puras de quem se arriscar a toçá-lo.

⁠Hoje, de chorar senti
forte o meu peito apertar.
Senti que por um instante
o ar me ia faltar,
por lembrar do que já não tinha
como voltar a abraçar.

Se a decepção surgir tão derrepente
trazendo o mal como veneno de serpente, deves lembrar que ela atinge a toda gente, pois num momento alguém se sente tão contente que deposita a confiança em outro vivente, se nessa hora não se fizer paciente então a dor e o dissabor é permanente.

⁠A vida me ensinou e hoje compreendo, sempre que brotar uma rosa perfumada no jardim de minha existência, é preciso driblar os espinhos para apreciar seu perfume.

⁠Os conselhos de Deus são conselhos de amor, são conselhos de vida e de muito valor, quem atenta-se a eles escolhe viver busca então ser feliz e não mais perecer.

⁠Ah, filho! o quanto amo-te, quisera eu não precisar sofrer por ti, quisera ter a liberdade de apenas sorrir com pensamentos de ti, ainda espero ver-te paciente e amável como dantes, ainda espero ver-te aos pés da Cruz de Cristo a caminho da salvação.

⁠A verdadeira felicidade reside nas coisas simples, logo os humildes a encontrarão, mas os arrogantes passarão a vida procurando por ela.

⁠Os grandes amantes precisam ser antes maiores amigos.

⁠Enquanto passamos por essa curta vida devemos nos empenhar para amar, compreender, cuidar, se doar, perdoar, porque para onde todos iremos não há obra alguma, apenas galardão ou juízo eterno.

Mana querida de outrora
que dor eu sinto agora
por não ter ou ver-te mais.
Você tão cedo partiu
de todos se despediu
com dores profundas demais.
Mana, a falta que tu me faz,
Lembranças de ti me traz,
Aquele seu lindo sorriso
Que não ouço e vejo mais.

A criação de Deus nos deixa muito claro que, nós seres humanos necessitamos de inúmeros recomeços durante toda a nossa vida terrena, percebemos isso claramente quando o sol surge no horizonte todos os dias e nos chama para um novo recomeço, uma nova chance, as semanas, os meses e os anos com suas estações, também são oportunidades de recomeçar, então passamos por esta vida com inúmeras chances de nos aperfeiçoar a cada dia, de modo que ao fim dessa nossa jornada sejamos jóias brilhantes para herdamos a salvação em Cristo Jesus.

⁠Uma estação vai terminando para outra melhor começar, com Deus seguindo ao meu lado me sinto feliz vendo o tempo passar.

⁠Lixo

Encontram-se na área de serviço. Cada um com seu pacote de lixo. É a primeira vez que se falam.

- Bom-dia.
- Bom-dia.
- A senhora é do 610.
- E o senhor do 612
- É...
- Eu ainda não lhe conhecia pessoalmente...
- Pois é...
- Desculpe a minha indiscrição, mas tenho visto o seu lixo...
- O meu o quê?
- O seu lixo.
- Ah...
- Reparei que nunca é muito. Sua família deve ser pequena...
- Na verdade sou só eu.
- Mmmm. Notei também que o senhor usa muito comida em lata.
- É que eu tenho que fazer minha própria comida. E como não sei cozinhar...
- Entendo.
- A senhora também...
- Me chame de você.
- Você também perdoe a minha indiscrição, mas tenho visto alguns restos de comida em seu lixo. Champignons, coisas assim...
- É que eu gosto muito de cozinhar. Fazer pratos diferentes. Mas, como moro sozinha, às vezes sobra...
- A senhora... Você não tem família?
- Tenho, mas não aqui.
- No Espírito Santo.
- Como é que você sabe?
- Vejo uns envelopes no seu lixo. Do Espírito Santo.
- É. Mamãe escreve todas as semanas.
- Ela é professora?
- Isso é incrível! Como foi que você adivinhou?
- Pela letra no envelope. Achei que era letra de professora.
- O senhor não recebe muitas cartas. A julgar pelo seu lixo.
- Pois é...
- No outro dia tinha um envelope de telegrama amassado.
- É.
- Más notícias?
- Meu pai. Morreu.
- Sinto muito.
- Ele já estava bem velhinho. Lá no Sul. Há tempos não nos víamos.
- Foi por isso que você recomeçou a fumar?
- Como é que você sabe?
- De um dia para o outro começaram a aparecer carteiras de cigarro amassadas no seu lixo.
- É verdade. Mas consegui parar outra vez.
- Eu, graças a Deus, nunca fumei.
- Eu sei. Mas tenho visto uns vidrinhos de comprimido no seu lixo...
- Tranqüilizantes. Foi uma fase. Já passou.
- Você brigou com o namorado, certo?
- Isso você também descobriu no lixo?
- Primeiro o buquê de flores, com o cartãozinho, jogado fora. Depois, muito lenço de papel.
- É, chorei bastante, mas já passou.
- Mas hoje ainda tem uns lencinhos...
- É que eu estou com um pouco de coriza.
- Ah.
- Vejo muita revista de palavras cruzadas no seu lixo.
- É. Sim. Bem. Eu fico muito em casa. Não saio muito. Sabe como é.
- Namorada?
- Não.
- Mas há uns dias tinha uma fotografia de mulher no seu lixo. Até bonitinha.
- Eu estava limpando umas gavetas. Coisa antiga.
- Você não rasgou a fotografia. Isso significa que, no fundo, você quer que ela volte.
- Você já está analisando o meu lixo!
- Não posso negar que o seu lixo me interessou.
- Engraçado. Quando examinei o seu lixo, decidi que gostaria de conhecê-la. Acho que foi a poesia.
- Não! Você viu meus poemas?
- Vi e gostei muito.
- Mas são muito ruins!
- Se você achasse eles ruins mesmo, teria rasgado. Eles só estavam dobrados.
- Se eu soubesse que você ia ler...
- Só não fiquei com eles porque, afinal, estaria roubando. Se bem que, não sei: o lixo da pessoa ainda é propriedade dela?
- Acho que não. Lixo é domínio público.
- Você tem razão. Através do lixo, o particular se torna público. O que sobra da nossa vida privada se integra com a sobra dos outros. O lixo é comunitário. É a nossa parte mais social. Será isso?
- Bom, aí você já está indo fundo demais no lixo. Acho que...
- Ontem, no seu lixo...
- O quê?
- Me enganei, ou eram cascas de camarão?
- Acertou. Comprei uns camarões graúdos e descasquei.
- Eu adoro camarão.
- Descasquei, mas ainda não comi. Quem sabe a gente pode...
- Jantar juntos?
- É.
- Não quero dar trabalho.
- Trabalho nenhum.
- Vai sujar a sua cozinha?
- Nada. Num instante se limpa tudo e põe os restos fora.
- No seu lixo ou no meu?