O Amor Esquece de Comecar Fabricio Carpinejar

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A palavra manda embora e o corpo pede um abraço.

Agradeço meus limites. Não me suportaria infinito. Os limites são vantagens.

Saudades ficam violentas quando mudamos de endereço. Saudades ficam insuportáveis quando mudamos de sentido.Você confunde sacrifício com covardia. Compreendo. Eu confundo amor com loucura. Cada um tem seus motivos, sua maneira de se convencer que fez o melhor, fez o que podia.

Evoluir não é melhorar. A lagarta jura que a borboleta é a sua decadência.

Olho o céu com paciência. O azul não me cansa. Uma ave voando não significa que está partindo. Uma ave voando pode estar regressando...

"Como eu amo quem se importa em amar, apesar de tudo. Apesar de tudo."

Passamos a amar quando telefonamos para ficar em silêncio.

Não posso esperar muito tempo senão apodreço.

Nada mais frustrante do que confessar uma preocupação e ouvir do outro lado que é bobagem.

Até abraçar desaprendemos. Ninguém mais abraça com vontade. Com sinceridade de velório. Odeio abraço falso, como aquele beijo de frígida, no qual a face bate na face e os lábios se transformam em beiço. Abraço tem que ter pegada, jeito, curva. Aperto suave, que pode virar colo. Alento tenso, que pode virar despedida. É pelo abraço que testo o caráter do outro. Não confio em quem logo dá tapinhas nas costas. A rapidez dos toques indica a maldade da criatura. Não sou porta para bater. Nem madeira para espantar azar. Abraço com toquinho é hipócrita. É abraço de Judas. De traidor. O sujeito mal encosta a pele e quer se afastar. Pede espaço porque não suporta os pecados dos pensamentos.Devemos fechar os olhos no abraço, respirar a roupa do abraçado, descobrir o perfume e a demora no banho. Abraço não pode ser rápido senão é empurrão. Requer cruzamento dos braços e uma demora do rosto no linho. Abraço é para atravessar o nosso corpo. Ir para a margem oposta. Nadar para ilha e subir ao topo da pedra pela gratidão de sopro. Sou adepto a inventar abraços. Criar abraços. Inaugurar abraços. Realizar um dicionário de abraços. Um idioma de abraços. O meu é o de cadeira de balanço. Giro nas pontas dos pés. Não largo, os primeiros minutos são para sufocar, os demais servem para o enlaçado se recuperar do susto. Não entendo onde terminará o abraço. Se a pessoa vai chorar ou vai rir. Abraço é confissão. Dez minutinhos de sol e de liberdade.

"O mundo não é limitado, reduzimos o mundo pela preguiça de enxergar."

A honestidade é antipática.
As pessoas que são justas, discretas, comportadas, netos ao colo, casos arquivados, não rendem literatura.
A impureza emociona.

Minha avó dizia: para ser feliz, a gente não precisa sair do lugar, a gente tem que ser o lugar.

Que eu possa respeitar opiniões diferentes da minha. Que eu possa me desculpar antes do ódio. Que eu possa escrever cartas de amor de repente. Que eu possa viajar para adorar a distância. Que eu possa voltar para dizer o que não tive coragem. Que eu pense em meu amor ao atravessar a rua. Que eu pense na rua ao atravessar o amor. Que eu dê conselhos sem condenar. Que eu possa tomar banho de cachoeira. Que eu seja a vontade de rir. Que eu possa chorar ao assistir filmes. Que eu não seduza para confundir. Que eu seduza para iluminar. Que eu não sacrifique a confiança pela covardia. Que eu tenha dúvidas, melhor do que certezas e falir com elas. Que eu faça amizades falando do tempo. Que eu possa brincar mais com meu filho sem contar as horas. Que eu possa amar mais sem contar as horas. Que eu use somente as palavras que tenham sentido. Que eu prove a comida nas panelas. Que transforme a raiva em vontade de me entender. Que eu possa soltar os vaga-lumes que prendi em potes. Que eu me lembre de ser feliz enquanto ainda estou vivo.

A música vive me emprestando saudade.

Não me deixe viver o que posso, que me seja permitido desaprender os limites ...

O que me assusta é que não dói mais. Estou tão vulnerável que não sinto nada.

A paz me deixa nervoso - acho sempre que é tédio.

Tudo que era vadiagem sozinho: assistir televisão, dormir até tarde: torna-se programa. Namorar é encontrar um cúmplice para a nossa preguiça.

As fotografias que não foram feitas não podem ser rasgadas. Despedir-se é aceitar que o vento na janela lava o rosto, não o apaga.