Nosso Amor como o Canto dos Passaros
Somos em geral demasiadamente prontos para a censura, e demasiadamente tardos para o louvor: o nosso amor-próprio parece exaltar-se com a censura que fazemos, e humilhar-se com o louvor que damos.
Então, pequena Amélie, os teus ossos não são feitos de vidro. Podes levar algumas pancadas da vida. Se deixares escapar esta oportunidade, eventualmente o teu coração vai ficar tão seco e quebradiço como o meu esqueleto. Então, vai apanhá-lo!
Quando me sinto vivo,
Poder ouvir o canto dos pássaros,
Sentir prazer ao terminar um livro.
Coisas simples e maravilhosas estão a nossa volta,
O sorriso instantâneo de quando alguém nos olha,
Um abraço apertado quando se chora,
Também um coração apaixonado batendo fortemente,
Que dá para ouvi-lo na noite mais solene.
As lindas noites de luar,
O céu estrelado,
Que são capazes de emocionar o coração mais castigado.
Subir ao cume de uma montanha,
Com o corpo muito exausto,
Sentar-me, observar e absorver,
Ficar contente com a paisagem mais genuína que se possa ver.
O suor escorrendo quente
Momento tão sublime, que se percebe cada gota escorrendo pelo corpo,
Num encontro subitamente com o vento frio,
Meu corpo sente um calafrio.
Quando sinto essas sensações é que tenho certeza de que estou vivo.
O que o lirismo ocidental exalta não é o prazer dos sentidos, nem a paz fecunda do casal. Não é o amor satisfeito mas sim a paixão do amor. E paixão significa sofrimento.
Estamos todos um pouco estranhos. E a vida é um pouco estranha. E quando encontramos alguém cuja estranheza é compatível com a nossa, nós nos juntamos a essa pessoa e caímos nessa esquisitice mutuamente satisfatória a que chamamos de verdadeiro amor.
Nosso maior presente é a liberdade. Liberdade de falar, pensar, sentir, amar... A liberdade é a maior responsável pela pessoa que nos tornamos e nós somos responsáveis pelo que fazemos em nome dela.
Dizem que é sempre melhor seguir o nosso coração, mas quando nosso coração esta partido, qual metade devemos seguir?
