Música
Cada sílaba é uma gota de remédio da arte chamada poesia.
Ela nos inspira a tomar doses certas e curar os males do coração e da alma.
Cada nota musical é uma gota de remédio quando precisamos relaxar a alma e apaziguar o coração.
De gota em gota podemos viver bem
A casa da Vovó
A casa da vovó era tão grande, lá eu me sentia Latifundiário em vinte metros quadrados, lá eu subia no muro que parecia o de Berlim , lá eu subia nas Goiabeiras, nas pitangueiras e não tinha medo de subir, de cair, de sussuarana e nem tão pouco de perder a hora do almoço porque eu sabia que meu anjo envelhecido ali estava para me lembrar ,carinhosamente , que meu prato preferido estava na mesa.
A casa da vovó era tão grande , lá , no quintal, tinha uma enorme pedra, que hoje, diante de meus olhos nem tão grande era assim!
Lá às formigas eram gigantes, as flores mais coloridas , o suco mais doce e os biscoitos mais crocantes. Lá tudo ficava gostoso, até a couve que mamãe fazia e pedia pra vovó colocar em meu prato. Lá verdura era carne tenra.
A casa da vovó era meu itinerário preferido e ela a guia turística mais fantástica que eu já conheci .Meu passeio preferido, meu colo preferido, meu abraço mais quente e meu sim constante.
A casa da vovó era tão grande e se tornava maior por tanto carinho, tanta generosidade, tanto amor. Não cabia em suas intenções tanto carinho, expresso em apenas um olhar, um aconchego ou um sabonete e um talco quando ela ,de mãos dadas comigo, íamos receber sua pensão.
Assim a casa da vovó era uma mansão , tamanhos cantos que tinha, tamanha a vontade de agradar, tamanho o tamanho daquele envelhecido coração.
A casa da vovó, a casa da vovó era minha esperança de crescer , crescer e encontrá-la , envolver meus bracos pequeninos em seus bracos envelhecidos, ou o contrário ou ,simplesmente falar baixinho:
-Vó pede pra minha mãe deixar eu ficar aqui hoje? Pede vó , pede!
E ela com aquele sorriso conivente me abraçava e dizia:
-Pode deixar, ficaremos juntas mais um dia.
E eu simplesmente ,hoje envelhecida na saudade, falo:
- A casa da vovó era tão grande! Mas o amor da vovó era bem maior.
03/08/2018
"...Livre como o sonho
Alegre como a luz
Desejo e fantasia
Em plena harmônia
Vem comigo minha amada
Sou teu barco neste mar de amor
Sou a vela que te leva longe
Da tristeza, eu sei, eu vou
Onde estiver estou
E onde estiver estou"
(Emilio Santiago - Tudo que se quer)
Apressado
Chega atrasado
Sem perceber
Estava muito preocupado
Onde estariam
Os que buscariam
O pacote amassado
Entrelaçado
nos braços
Junto ao peito
Do mesmo jeito
Como se fosse feito
Para abraçar
Chega finalmente
A hora esperada
Traga de uma vez
A dita embalagem
Esta que foi esquecida
Por tanto tempo de lado
Abramos logo
Tire este disco
Ponha no rádio
Não há mais disso hoje em dia
No devaneio de um poeta
nascem notas em acalanto,
versos traduzidos de sua alma,
palavras alegres, risos ou prantos
As vezes, lamentos e agonia
ressoam, como em triste madrigal,
timbrando fatos da vida em melodia
nublando o tempo emmomento outonal
Em outros, há somente alegria,
que desenha risos no branco papel,
a um poeta, não importa a hora, se noite ou dia,
tudo é inspiração, sob o manto do céu
No compasso da chuva, que afinado!
danço em passos leves contigo, louco sonho,
percebo tua presença, estás aqui a meu lado,
vivo sentindo aquilo que nunca digo,
sou pura imaginação e essência,
mas como a chuva e a melodia
tudo passa em poucos segundos,
de repente arrefeceu essa alegria,
pesa agora o fardo real da (in)existência
Não conte vantagens antes do tempo (pra ninguém)
Se contar, é mesma coisa de levar uma rasteira.
POR ISSO NÃO CONTA ANTES DO TEMPO
cada dia eu me afogo mais na solidão do meu mundo
cada barco que eu pego se torna um bote sem rumo
toda vez que eu tento voltar ou recomeçar la de traz
eu me sinto mais perdido a cada segundo
Quero presentear
Com flores Iemanjá
Pedir um paraíso
Pra gente se encostar
Uma viola a tocar
Melodias pra gente dançar
A bênção das estrelas
A nos iluminar
"Descontrolado
Alucinado
Paranoico
Abusado
Obsessivo
Compulsivo", disse.
um animal empalhado em sua estante
ela é um demônio
em forma de anjo
e
as palavras tuas
me feriram
igual fere a um casulo
de borboleta.
Não pergunte o porquê
algumas coisas nem eu mesmo sei responder
E palavras são assim...
Imprescritíveis.
Ela não me acompanhou na minha jornada.
Pra ela fui só um jornal,
que se lê e joga fora
Em meus sonhos de mentira
seria tão fácil me jogar
igual um avião de papel
pelos arranha-céus.
Luzes e movimentação sem meus óculos.
Parecem pequenas estrelas se rachando e partindo ao meio, embora fossem todas coloridas de vermelho.
Como a luz de freio de um carro.
Como uma cerração grossa
se dissipou no meu para-brisa.
Apagou qualquer vestígio que havia passado por essa vida.
As noites são traiçoeiras,
e as luzes nostálgicas.Me lembra dos leds no bar, vermelho.
Piscando igual a um vaga-lume morrendo
no meio das vinhas geladas.
Quando o sol brilhar, brilharemos juntos
Te disse que estaria aqui para sempre
Disse que sempre serei um amigo
Eu fiz um juramento e vou aguentar até o fim
Agora está chovendo mais do que nunca
Saiba que ainda teremos um ao outro
Você pode ficar sob meu guarda-chuva
Quero jogar tudo isso fora, começar de volta.
Se acabou não foi verdadeiro.
Mas, e se a verdade é uma mentira criada para nos abraçar?
E esses trechos escondidos, que talvez serão lidos por dois olhos verdes acastanhados. Um dia?
Me pergunto quando, me pergunto onde. Que seja de toda via, em mão dupla,
que me siga de carona e também de motorista. Que aceite minhas paradas e desvios pelas pistas.
se bastar um olhar
que a outro se abrace
um sorriso
que largo, o beijo peça…
se for pressa, esse feitiço
de um certo jeito de beijar
uma certa urgência de amar
um cego vício, fragrância
desejo pele, possuir
então, paciência
eu vou ter que ir…
como um rio, que novo nasce
num jeito louco de amar
num jeito simples de ser.
e talvez porque sim
o paraíso no inferno
amar, seja assim
o amor para se viver
a dor para se chorar
e tudo o resto seja
aquilo que deus quiser.
no olhar onde fundo me perco
há um laço que abraço me lança.
indomável onda, de brasas me cerco
dessa alma, que inquieta me canta
É no verso, desse mar que avanço
que ardo, no mesmo passo que danço.
alardo chama, incêndio me faço
abraço, velejo, entre vagas balanço
é dia, é noite, nesse vira e mexe
nessa dança que o vira não cansa
nesse mexe, que sem aviso cresce
e é lá, onde mãos nem chão preciso
nesse tecido, que em mim se tece
que valso, paixão navego perdido.
