Muda que quando a Gente Muda
Marcos Lisboa disse:
“O Brasil não é pobre à toa.
Isso aqui é trabalho de profissional!
A gente faz um esforço imensopara ser um país pobre.”
Da linha de frente, eu digo:
“A educação não falha por acaso.
É incompetência profissional organizada.
Faz-se um esforço enorme para manter o fracasso, da ponta ao topo.”
Final de dezembro
O mês de dezembro se aproxima,
e a gente para, pausa para refletir
sobre o ano inteiro, tudo que se fez (ou não).
As músicas antigas voltam,
com aquela nostalgia de criança,
mas não há mais tempo para pensar nisso.
Você não fez nada este ano todo.
Sempre colocou expectativas, metas,
e a única que conseguiu cumprir
foi a de continuar vivo.
Vivo para se iludir de novo, no próximo ano.
O consolo está na mesa,
No dia do Natal:
o estômago cheio, a máscara no rosto,
fingindo sorrisos para a parente que se detesta.
Que venha o novo ciclo!
É, o ano vem e as metas seguem.
Talvez eu só coloque mais uma:
Parar de fumar.
Conversa de médicos
Não é pra qualquer gente
Tem que ser muito exigente
Sempre, sempre bater de frente!
Pois tratamos de gente, que, como a gente, quer vencer a morte, que nos ronda premente...
É... num descuido perdemos!
Sei que um dia ela virá, de repente, como um pente, tirará da vida nosso paciente...
Quando isso ocorre
Que tormenta... Que nos atormenta, barulhenta e nojenta!
Mas ser médico,
É enfrentar destemido...
Em terra... onde se houve muito gemido!
De gente sofredora...
Que sofreguidão, irmão!
Ser médico
É amar o que fazemos
É não ter momentos de sobra
É dobra... de plantão...
É ter uma condição pétrea
Ser humilde é saber que um dia, mesmo fazendo romaria... infelizmente, perderemos...
É ser extremamente humano,
E nunca desumano...
Saber que seremos derrotados...
Mas o braço a torcer... negamos
Até o momento... onde a última esperança vira desilusão...
Aí é nesse momento triste que a tristeza nos abate num todo
Você vê com humildade que não é o poderoso, reconhece que batalhas pode ganhar, mas na guerra final será sempre o perdedor!
É nesse reconhecimento, colega, que você, aí, sim, pode ser chamado DR
Mas como, DR na derrota?
Deixe, colega, de ser janota!
Pois só é Dr aquele que crê e sabe que a morte é o início de outra jornada!
Não encontramos a felicidade
em qualquer esquina.
A felicidade a gente conquista com carinho,
dedicação, atenção, persistência e fé...
Muita fé.
O tempo é uma serpente que leva a gente pro fim da vida, rastejando silenciosamente e devorando todos os nossos dias.
Os sonhos irão ficando e a gente chegando para despedida, não deixe que seus desejos morram antes de você.
No chicote das lembranças, a gente avança para o fim da estrada, impulsionado pela dor dos erros que não podemos mais corrigir.
O encanto está naquilo que a gente não consegue decifrar, apenas sentir, a magia reside sempre no mistério e no que é inexplicável.
A vida é a dança entre o que a gente planeja e o que realmente acontece, e a sabedoria é aprender a conduzir no ritmo da realidade.
A dor só é insuportável enquanto a gente se recusa a nomeá-la, o reconhecimento é o primeiro passo para a anestesia.
A leveza não é a ausência de problemas, é a forma como a gente os carrega, é a escolha de não ser âncora do seu próprio navio.
A gente é o que a gente permite que fique, e o que a gente decide que vá, a vida é a curadoria constante do nosso próprio espaço interno.
O mundo passa com pressa e leva pedaços da gente como folhas ao vento. Resta um bilhete amassado no bolso: “sobrevivi por pouco”.
Não é glória, é quase legenda de uma fotografia torta, mas serve para lembrar que ainda posso olhar e contar.
