Morte Irmão
Para mim, a única coisa pior do que a morte é a traição. Veja, eu poderia conceber a morte, mas eu não poderia conceber a traição.
O depressivo é alguém que namora a desistência e tem sonhos eróticos com a morte.Todavia, deseja de forma desesperada ser amante perpétuo da vida.
Aceito a morte não apenas por ser inevitável, como também construtiva. Se não morrêssemos, não apreciaríamos a vida
O POETA PEDE AO SEU AMOR QUE LHE ESCREVA
Amor de minhas entranhas, morte viva,
em vão espero tua palavra escrita
e penso, com a flor que se murcha,
que se vivo sem mim quero perder-te.
O ar é imortal. A pedra inerte
nem conhece a sombra nem a evita.
Coração interior não necessita
o mel gelado que a lua verte.
Porém eu te sofri. Rasguei-me as veias,
tigre e pomba, sobre tua cintura
em duelo de kordiscos e açucenas.
Enche, pois, de palavras minha loucura
ou deixa-me viver em minha serena
noite da alma para sempre escura.
( tradução: William Agel de Melo )
Você se importa tanto que sente como se estivesse sangrando até a morte de tanta dor.
A pena faz mais estragos que a espada. Com a pena, escreve-se a sentença de morte; e com ela apaga-se toda uma nação. Na ponta da pena, está o destino do mundo, e ante uma palavra escrita se inclinam, às vezes, as cabeças mais soberbas.
/das Máximas da Sabedoria Oriental/
O amor não correspondido é muito mais do que o sofrer dá alma em silêncio. É a morte lenta e dolorosa dos sonhos e planos, ver o partir, e reparar no vazio que o amor nos deixou.
Os estágios da morte:
01)-Negação e Isolamento: "Isso não pode estar acontecendo."
02)-Cólera (Raiva): "Por que eu? Não é justo."
03)-Negociação: "Me deixe viver apenas até meus filhos crescerem."
04)-Depressão: "Estou tão triste. Por que me preocupar com qualquer coisa?"
05)-Aceitação: "Tudo vai acabar bem."
Poema Para Paulo Leminski
vai
meu amigo
desta vez
não vou contigo
a morte
é um vício
muito antigo
só que nunca
aconteceu
comigo
pode ir
que eu não ligo
eu fico por aqui
separando
tijolo do trigo
“A morte não é a maior tragédia do ser humano, é pior quando algo vital dentro da pessoa morre enquanto ela ainda está viva. Essa morte é certamente a coisa mais temível e trágica.”
Morte (Hora de Delírio)
Pensamento gentil de paz eterna
Amiga morte, vem. Tu és o termo
De dous fantasmas que a existência formam,
— Dessa alma vã e desse corpo enfermo.
Pensamento gentil de paz eterna,
Amiga morte, vem. Tu és o nada,
Tu és a ausência das moções da vida,
do prazer que nos custa a dor passada.
Pensamento gentil de paz eterna
Amiga morte, vem. Tu és apenas
A visão mais real das que nos cercam,
Que nos extingues as visões terrenas.
Nunca temi tua destra,
Não vou o vulgo profano;
Nunca pensei que teu braço
Brande um punhal sobr'humano.
Nunca julguei-te em meus sonhos
Um esqueleto mirrado;
Nunca dei-te, pra voares,
Terrível ginete alado.
Nunca te dei uma foice
Dura, fina e recurvada;
Nunca chamei-te inimiga,
Ímpia, cruel, ou culpada.
Amei-te sempre: — pertencer-te quero
Para sempre também, amiga morte.
Quero o chão, quero a terra, - esse elemento
Que não se sente dos vaivens da sorte.
Para tua hecatombe de um segundo
Não falta alguém? — Preencha-a comigo:
Leva-me à região da paz horrenda,
Leva-me ao nada, leva-me contigo.
Miríades de vermes lá me esperam
Para nascer de meu fermento ainda,
Para nutrir-se de meu suco impuro,
Talvez me espera uma plantinha linda.
Vermes que sobre podridões refervem,
Plantinha que a raiz meus ossos fera,
Em vós minha alma e sentimento e corpo
Irão em partes agregar-se à terra.
E depois nada mais. Já não há tempo,
nem vida, nem sentir, nem dor, nem gosto.
Agora o nada — esse real tão belo
Só nas terrenas vísceras deposto.
Facho que a morte ao lumiar apaga,
Foi essa alma fatal que nos aterra.
Consciência, razão, que nos afligem,
Deram em nada ao baquear em terra.
Única idéia mais real dos homens,
Morte feliz — eu quero-te comigo,
Leva-me à região da paz horrenda,
Leva-me ao nada, leva-me contigo.
Também desta vida à campa
Não transporto uma saudade.
Cerro meus olhos contente
Sem um ai de ansiedade.
E como um autômato infante
Que ainda não sabe mentir,
Ao pé da morte querida
Hei de insensato sorrir.
Por minha face sinistra
Meu pranto não correrá.
Em meus olhos moribundos
Terrores ninguém lerá.
Não achei na terra amores
Que merecessem os meus.
Não tenho um ente no mundo
A quem diga o meu - adeus.
Não posso da vida à campa
Transportar uma saudade.
Cerro meus olhos contente
Sem um ai de ansiedade.
Por isso, ó morte, eu amo-te e não temo:
Por isso, ó morte, eu quero-te comigo.
Leva-me à região da paz horrenda,
Leva-me ao nada, leva-me contigo.
Mas, se com a minha morte, você conseguir descobrir algum sentido por trás disso que chamamos viver, bom, quem sou eu pra impedir você.
(Ranmaru)
Assistir à morte de um amor é como assinar embaixo em um atestado de incompetência: "Eu sou um fracassado sentimental".
Nem com morte cerebral, esperando o óbito do aparelho, colecionador de Ferrari te doa um fio de cabelo.