Mizaj7

Infortúnio

por que me tentas?
Por que sorri assim com esse encanto?
Gosta de me fazer sofrer,
ainda me olhando querendo que a deseje,
mas está com outro que nunca a desejará como eu.
Porque, simplesmente, já possui você...
Se estivesse comigo seria igual, não a desejaria mais...
A amaria intesamente como se o último minuto fosse este tempo presente.

Existem abismos entre o quero, mas estou aprendendo a construir pontes.

De todas as palavras ditas,
as melhores são as que nos faltam.

Imediato atraso para a vida que se perde na inutilidade,
o futuro é o meu atraso, pois nunca me deixa viver esse momento presente.

Falo para não deixar de fazer, faço para continuar a viver e vivo para tentar fazer o que falo.

Receita

1 pitada de compreensão;
2 colheres de sopa de paciência;
1 xícara de chá de cumplicidade;
carinho a gosto;
Cobertura de amor com prontidão,
estes fazem ótimos bolos de Cristãos.

Nos gritos do silêncio denuncio a dor de existir em mim.
Me aproximo do que é o fim: o inaudível.
Pois se a morte proporciona algo, esse algo é o silêncio.

Os velórios são recobertos pelo som do inaudível.
E, os olhos são porta-vozes e as lágrimas os discursos ensurdecedores da finitude.

Por isso poucos suportam o silêncio...
e um minuto sem palavras
torna-se em momentos de angústia.

A angústia da morte que habita-nos
soa como brados arrebatadores no emudecer do mundo.

Estou passando por um tempo
Onde o tempo não passa...

É isso que sou,
Sem essa roupa que me veste...
Uma forma indefinida entre o ser, querer ser e o parecer.

Sei o que sou...
Não sou NADA.

Porque entre mim e o que desejo ser
aparece o que nunca fui: EU.

Meus desejos não são minhas verdades.

Que as palavras saiam ao encontro do desejo de serem compreendidas.
Que voem por barreiras inaudíveis ao encontro de sentido. Que sejam escritas erradas ou gramaticalmente refinadas, com falar rebuscado ou ignominiosamente inculto.
Contudo, não percam o sentido...
Que não venham ser como a lata que caindo "estardalha" seu vazio.

"Dizer-se", "fazer-se"... não importa o que queira "informasse"... a frase só tem alma quando tudo que se diz pretende alcançar o AMOR.

Sorri quando triste
Falar na surdez
Dançar no silêncio
Viver na morte
Ter faltando...
Erguer caído
Nada ter sendo rico
Me ver sem ser em mim.

Que as lágrimas não sejam vãs... que reguem as sementes que frutificarão no amanhã.

Vida curta e imprecisa.
Vamos continuar a desperdiçá-la com a mediocridade do ontem e a incerteza do amanhã?

Cadê os valentes
que darão a sua vida pelo amor
e a cara a tapa para ganhar a felicidade?

Preferimos uma realidade infeliz a uma felicidade incerta. Acreditamos que se está ruim, pior não pode ficar. Essa é mediocridade dos dias atuais, se acostumar com o quase: "está quase bom...", "é quase uma namorada(o) perfeita(o)", "melhor mal acompanhado do que só", "não é o trabalho que queria, mas dá pra sobreviver".

Aceitar o que vem por medo de ser melhor é a desgraça da humanidade. Comparar-se ao "húmus" por medo de alcançar o "theos".

Preferimos uma realidade infeliz a uma felicidade incerta.

Não sei quanto tempo tenho nem quanto tempo ainda me resta. O que sei é que tenho pensamentos e sentimentos que pertencem a quem me cerca. Se a morte me embalar em seu regaço maternal só sentirei falta de vossos corpos porque suas palavras em mim serão imortais.

Simplesmente Amar

Quero te tocar com algo simples,
Porque todo simples algum dia
fora envolto de complexidade,
esperando que na alma
vislumbrasse tradução.
Quero dizer que te amo,
e,
o que há de simples nisso é a grande questão.

Saio de mim para falar que não tenho saída.
Estou caminhando a tanto tempo que esqueci
como parar.

Vejo longe no "tarnoitecer" que a estrada vai se findando.
Isso mesmo, não estou chegando ao fim, mas a estrada não me leva mais para onde quero ir.

Na minha caminhada cheguei aqui...

Terminou os atalhos,
findou-se os desvios,
escolhi meu caminho e o triste "destino" sem sentido.

Há uma porta!
Sim, há uma porta!
Com certeza é uma porta que se abre, lá aonde meus olhos estão indo.

Há alguém esperando,
ouço-o dizendo:
_Vem, Vem, Depressa Vem!

Tenho medo,
mas meus pés começam a correr.
Meu coração bate tresloucado e uma alegria invade meu ser.

Não pode ser!
Não pode ser!
Sim, pode ser.
É!

Reconheço essas feridas em suas mãos,
e em seus pés. Na ferida em seu ventre lembro-me da lança fatal.

Nunca o havia visto,
mas quando disse meu nome e abraçou-me com seus braços de amor, as lágrimas rolaram em meu rosto.

Enfim encontrei a Paz que sonhava.
E quando começou a dizer seu nome eu o abracei mais forte e disse: EU o Conheço.

É impossível não deixar que na vida
algumas coisas nos atinjam e nos causem feridas.
Porém é uma escolha chorar e sangrar de dor até a morte.

O limite da dor é o fim fronteiriço do pensamento.