Mini Textos de Ana Maria Braga
COTOVELO
Ontem me peguei pensando no quão inútil o cotovelo é! Se fosse substituído por um parafuso ou algo do tipo, ninguém sentiria falta. Uma das partes do corpo mais desobedientes e indisciplináveis! Desobediente porque antes que se perceba já está se apoiando em algo – normalmente onde não deveria apoiar-se – e indisciplinável porque é impossível puni-lo, visto que o cotovelo praticamente não sente dor alguma! Por mais que a mão se esforce ao beliscar, ele sempre passa ileso. As mãos também têm lá sua incômoda independência... Quem as dá o direito de tapar os olhos na melhor cena do filme?! Falta ao corpo comunicação, certamente, ou o que explicaria as palavras que a boca solta, sem perguntar aos pensamentos, sem deixar o ar sair, sem que a memória tenha tempo de guardá-las?! O que explicaria a dança dos pés prestigiando uma música que o cérebro rejeita? O cérebro, responsável por tudo o que acontece em cada centímetro do corpo, não consegue controlar seus pupilos, mesmo usando estratégias desleais como sonhos ruins, crises depressivas que resultam em atitudes involuntárias... A verdade é que o corpo só obedece a uma voz, que às vezes passa dias, meses e até anos sem dizer uma só palavra, mas que, quando resolve mandar, até o esquecido cotovelo obedece sem questionar. Essa voz confunde desde o dedão do pé até os escondidos tímpanos, faz os olhos mudarem de opinião quanto à beleza das coisas e a pele fingir que está frio em pleno dia de sol! Então, quando tudo parece que vai sair do controle, a voz paralisa cada músculo, cada pensamento e diz pro cérebro que o nome disso é amor. E é nesse momento que cada célula do corpo entende que a única ordem impossível de se ignorar é a do coração.
DESCRIÇÃO
O salto deixa o chão delicadamente
E volta a tocá-lo
Como um cetim caindo sobre a pele
O chão ganha desenhos imaginários
De círculos imperfeitos
Mas que ficam em harmonia
Com os outros muitos
Que há pouco foram desenhados
Segundo as regras dadas pelo ar
Ar pesado de ritmo.
Círculos perfeitos roubam a cena,
A atenção e tudo mais
Olhos atentos aos olhos alheios
-Nossa primeira dança-
MAR DE ROSAS
Foi de súbito! De repente os sentimentos se viram quietos demais, parados no espaço como se estivessem num vácuo inesperado. Nada de intenso surgia pela mente que, como que em filmes de ficção, sentia-se sugada, oca. Só era possível captar paz. Os sorrisos, as cortesias, afagos, conquistas... tudo estava guardado na “meia-memória”. A lembrança tratou de jogar fora os maus bocados que pesavam inconscientemente. Tudo o que justificava a existência do rancor e dos males que o mundo trazia fora ignorado de uma hora para outra. Não como uma opção! Não! O corpo simplesmente resolveu tomar as suas providências, e os outros seres do mundo – todos eles!- fizeram o mesmo. Eu... Ah, eu... Que era dura feito uma rocha, azeda e inexorável, fiquei oca. Sim, oca! O conhecimento não encontrava uma forma de entrar em mim! Eu não precisava mais da educação que aprendi quando menina. Quem lembraria as minhas ofensas? As mentes livravam-se imediatamente das lembranças ruins, sem deixar tempo para tristezas, raiva ou revide. Então, como o previsto, era também o fim das reconciliações, desentendimentos, corações partidos, provas de amor... Aliás, o amor ficou seco, sem sentido. Se só existia amor, qual a importância que ele teria?
Então a vida virou um verdadeiro mar de rosas. Rosas penduradas num dos quadros da parede.
JAVALI
Como quem lamenta muito ela me disse e eu imediatamente questionei:
- Um javali? Por que justo um javali?
Ela não tinha uma resposta, simplesmente deu de ombros e suspirou. Com tantos bichos no mundo ela queria justamente um javali?! Não fazia sentido algum para mim:
- Por que não um gato felpudo ou um cachorrinho pidão? Um coelho branquinho ou ainda uma chinchila?!
Ela jogou-me um silêncio que ecoou pela sala. Pensei que poderia dar-lhe mais opções:
- Tem gente que cria iguanas ou miquinhos. Já vi até cobra e aranha tratados a pão-de-ló!
Ela olhou-me fixamente:
- A escolha já está feita!
Eu dirigia e ela indicava o caminho. Faria a sua vontade, mas não teria como entender a estranha preferência. Pensava nos possíveis motivos... nada parecia razoável! Quem sabe não estava em busca de algum animal mais selvagem? Um tigre não seria melhor, nesse caso? Pelo menos seria extremante belo e com porte de felino, ao contrário de um porco desengonçado e peludo! Ela olhava através da janela ansiosa pela chegada, estava deveras decidida, mas eu ainda via um lamento naquele olhar:
- Tudo bem, nós vamos buscá-lo, eu respeito a sua decisão. Não precisa ficar assim...
- Você não entende... Eu quero muito esse javali, mas ele não me quer!
Pulou do carro nesse instante quase junto com a parada dos pneus! O lugar era aberto, um grande pasto. Ela andou devagar se aproximando de uma touceira e logo apareceram dois pequenos olhos no meio da vegetação. Eu não precisava de mais nada! Estava claro feito o sol... Cinco segundos olhando nos olhos do animal para entender o que ela sentia. Duas horas inteiras para concluir que eu também não saberia explicar!
Antes que se pudesse pensar, o javali sumiu por entre as árvores que rodeavam o pasto.
A FALTA
Um vazio de palavras que não suporto! Os sentimentos por vezes são tantos que os pensamentos não acompanham de modo algum. Correm, mas não chegam! Indecifráveis verdades rondam meus dias... e as noites são absolutamente mudas. Dê-me ao menos notas ou sorrisos e lágrimas! Grite, mas esteja! Desvende meus olhos, oras! Mas, faça-me o favor: explique-me... se as palavras sumiram no exato momento da sua ausência, não acha que em algum bolso seu elas devem estar? Como então devo falar-te da falta que me faz se tudo o que me resta são letras esparsas? Complicado te encontrar... mais complicado ainda te deixar.
POUCO DE TUDO
Naquele momento a saudade esperava mais
Mais emoção
Mais vontade
E até mais agonia
A saudade achou que era muito grande
Mas o corpo reagiu de forma estranha,
Calmo demais
Ficou seco
Uma dorzinha contínua, mas fraca
A saudade não parou como deveria
Saudade estranha essa que fica mesmo quando não tem motivo de ser
Pois como sentir falta de alguém que está presente?
E como sentir tão pouco de tudo?
Vai ver não fazia tanto tempo...
Vai ver a importância era pequena...
Pode ser que até que nem merecesse emoção alguma
Mas, certamente, era saudade.
COISA DE SEGUNDO
Passos lentos
Arrastados
Complicados
Confusos e silenciosos
Até o ar sai em silêncio
Como se precisasse se esconder
Como se fosse errado se mover
A boca nem se atreve a abrir
Mas também não consegue se manter serena
Fica tensa e mordisca os lábios
Enquanto os olhos acompanham tudo
Absolutamente tudo
Até o ar que não sai
Até a lembrança que não some
Até a água que deles não cai
E os passos...
Lentos...
Flutuam por falta de opção
Pelo menos até encontrarem outra vez
O chão.
No meio da noite
Sentada no banco
O banco que se esconde atrás do jardim
A madeira é aconchegante
Ela entende como a solidão é má
A madeira e a menina
A menina é má ou a menina entende?
Não importa
A lua não precisa de detalhes para consolar
A menina percebe que não está sozinha
Ela tem o gelo do banco e o rosto da lua
O rosto que a menina aprendeu a notar cedo
Via nele um rosto triste
Onde a mãe via um coelho
Antes, ao passarem por ali, muitos viam aquele pássaro como se livre fosse, embora estivesse absolutamente acorrentado...
Hoje contudo, me pergunto o porquê de o julgarem aprisionado, se finalmente encontrou a liberdade!
Não reside o problema na forma como o vêem, ou ainda nos olhos de quem por ele passa?
Enquanto isso, a ave segue em seus alegres voos! E a turba segue; e para pra olhar.
É assim na vida; e com algumas pessoas; e com algumas aves.
#aindaDetestoRótulos... :/
#AideNósSeDeusnosVissecomoVemos...
(Fabi Braga, 10/10/2014)
E uma escolha se me põe à frente. Estremeço. Olho em volta. Que fazer?
Dúvidas impacientes batem à porta. Não, eu não quero abrir!! Mãos que suam. O já conhecido frio na barriga. A cabeça ferve! Sinto-me enfraquecendo e...será o fim?
Lembro de um parâmetro já conhecido. Lanço mão dele. Comparo. Então, eis que enxergo uma saída!
Como optaria pela pior das alternativas? E pior por seu aspecto final ou resultante, ainda que seja a melhor nas fases inaugurais...
Decido-me pelo que se mostra sensato, por entender ser isto o melhor. Brincaria despreocupadamente com o que ainda está para ser escrito?
Hora de seguir em frente. E com uma borracha, apago aquilo que seria um ponto final.
(Fabi Braga, 14/10/2014)
Reconhece os teus defeitos. Enumera-os, pois bem sei não ser tarefa fácil apontá-los. E agora, demora-te em observá-los...
Talvez assim encontres maior facilidade para tolerar os dos outros.
Incompreensões não enobrecem a convivência em espaços propensamente comuns.
(Fabi Braga, 15/10/2014)
Que o tempo ao passar, revele a verdade e sinceridade contida em cada "eu te amo" pronunciado. Não que tenha faltado vontade de fornecer provas adicionais. Mas será que as circunstâncias deixaram de existir? Doutro modo, teriam perdido o seu valor e influência? E quanto às demonstrações feitas, dar-se-ia o caso de serem elas esquecidas?
(Fabi Braga, 18/10/2014)
Mulheres que entram no relacionamento, achando mesmo ser possível se manterem donas de seu tempo e de si (e ter paz) - e com expectativas infantis à respeito de homens, que por sua vez esperam - munidos de referências maternas - que sua mulher desempenhe o melhor papel, enquanto sentem-se desobrigados do que é indispensável e lhes pertine.
Fases iniciais: tudo vai indo às mil maravilhas.
Porém o tempo das formalidades iniciais dá lugar ao mundo real.
Reclamações brotam, como de uma torneira que foi quebrada.
Agora os dois seguem a estapear-se, como se estranhos fossem, ainda que - agora - tão íntimos.
Da comodidade de minha observação, me pergunto quando essas criaturas desejarão encarar a realidade, a fim de tornarem aos abraços.
Se tarde demais não for.
#hácoisasqueeumerecusoacompreender
#omaldasexpectativas
#relacionamentoécoisaséria
#escreveunãoleu....
(Fabi Braga, 16/09/2014)
Há pessoas que acham que você deveria ter coisas que elas pensam que você vive a desejar.
O que na verdade não passa daquilo que elas almejam para tua vida, por acharem que sabem o que seria o melhor para você.
Mas....e você com isso?
#pessoasqueachamqueteconhecem
#pessoasinocentes
#sabemdenada...
(Fabi Braga, 16/09/2014)
A forma como vejo...
Faz um tempo que quero falar sobre isso.
(Movida também por um diálogo com uma amiga, hoje)
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Sabe que eu acho um enjoo essas correntes "modinhas" das redes sociais?
TODAS ELAS!!! Aff....Coisas, para mim, sem nexo e que vão levar a lugar nenhum...
Há aquelas correntezinhas chatas que inicialmente trazem uma mensagem lindíssima!! Ah!!!
Embutida, logo depois, vem uma sugestão-ameaça de que você deve transmiti-la para um número x de amigos, porque dentro de alguns minutos, horas, dias ou sei lá o quê, algo de bom vai te ocorrer; isso quando não te joga na cara que se você não o fizer, alguma praga ruim vai bater à tua porta; ou então a mensagem infeliz fica te "cutucando" ao questionar a existência de tuas boas intenções cristãs, frente ao ato de compartilhá-la ou não. PELAMOR!! Haja paciência!
Vou nem comentar sobre os banhos de gelo, de lama, etc, etc e tal!
Daqui a pouco vão mandar a galera se jogar numa fogueira em prol de uma "boa" causa e vai ter gente virando churrasquinho...
Dã....
Se me desafiarem a estas tosquices, nem obterão respostas; prefiro economizar-me! Oras!
Não é que seja pela ausência de humor em mim. É exatamente por não enxergar em coisas tão insípidas, humor útil que seja.
Nada contra as pessoas que compartilham. E também não vou julgar o fato delas aderirem a estas "ideias".
Mas francamente, de onde será que brotam inspirações tão mirabolantes??
Ando achando que o "bom senso" está entrando em extinção...
Originalidade que é bom, nem todos querem.
(Fabi Braga, 03/09/2014)
Quem criou a máscara, não deve tê-la feito com o objetivo de ser trazida todo o tempo.
A máscara pesa. Nalgum momento ela cairá.
E tomara que o que está embaixo consiga adaptar-se à realidade.
Escolha ser sincero. No mínimo com teu próprio ser; e com Deus.
Quem você é?
(Fabi Braga, 24/08/14)
A Felicidade não se traduz pelas letras que a classificam - vocábulo que é.
Ela se estampa de maneira substancial. Essencialmente...
Dispensa provas e gritos quase desesperados de afirmação de quem a conhece e transporta.
Flui simplesmente. Nasce no coração e salta pelo olhar.
(Fabi Braga, 19/10/2014)
Determinadas coisas virão até nós, inevitavelmente.
Eis por que questiono a razão de alguns de nós ainda insistirem numa corrida insana após coisas tais...
Eu preferiria, enquanto espero - e bem sei que não será inutilmente, refrescar-me à sombra!
Quando nascemos fomos apanhados pelo transcorrer do tempo. E ele passará por nós, logo que descontinuarmos.
Já parou para pensar nos porquês para tanto sufoco, pressa e correria, como se as pessoas fossem alimentadas pela ilusão-esperança de que conseguirão o improvável, que é reter o tempo?
Ah, por um instante esqueci-me de que tornou-se usual deixar de degustar o presente, em detrimento de se sofrer pelo que nem dá garantias de que virá!
E não é a isto que deram o nome de Ansiedade?
(Fabi Braga, 19/10/2014)
Coisas minhas...
Desde que aprendi a "mexer" com computadores - e já fazem alguns anos, não sei o que é levar meu computador a uma assistência técnica...
E olhe que o bichinho já "deu pau" umas trocentas vezes, como agora há pouco...mas tá beleza. Quebrou? Vou lá e dou "um jeito".
Ahh como eu queria fazer o mesmo quando se trata: da TV, do celular, dos demais eletroeletrônicos, dos eletrodomésticos, dos reparos "pesados" da casa, de veículos, etc, etc e tal...
Gosto de cozinhar (o trivial), mas queria aprender a fazer aqueles pratos "finos" de Chef, sabe? E também aquelas tortas, salgados e docinhos maravilhosos de festa ou os que compro na padaria....
Mas aí, eu acordo! Acho que não dá mesmo pra saber tanta coisa assim, simultaneamente...^_^
E depois, conseguir "dar um jeito" nos cabelos, sobrancelhas e unhas já é meio caminho andado, não? E olhe que isso tudo somado já gera um cansaço de vez em quando...
Se bem que...quando eu era uma pré-adolescente, toda a vez que um rádio ou outro eletrônico morria lá em casa, eu dava um jeito de abrir pra "tentar" ressuscitar o infeliz. Às vezes até conseguia..^_^ Haveria "esperança" para essa parte também? :p
De uma coisa eu tenho certeza: o conhecimento é valioso! E como facilita a nossa vida...
Eu, minhas manias, desejos e reflexões...
(Fabi Braga, 10/11/2014)
Quem roubou o meu sorriso ?
Foi você mãe ?
Quando partiu e para sempre foi embora?
Oi foram os anos de lutas e solidão?
Quem roubou o meu sorriso ?
Foi a injustiça ou a ingratidao ?
Que roubou o meu sorriso,
Acho que foi a tristeza como um ladrão!
Quem roubou o meu sorriso, faça o favor de me devolver,
Pois será sorrindo que um dia feliz irei morrer...
Deixando palavras de vida e de amor,
Rindo das dificuldades e da dor,
E ninguém jamais roubará o meu sorriso outra vez...
Pois meu sorriso estará dentro de mim,
na minha alma,e no meu coração...
E nunca perderei a calma,
Para poder sorrir de novo...novamente
Outra vez.
Quem roubou o meu sorriso, um dia no céu irei novamente te encontrarei, linda mãe,..
E darei um abraço tão forte,
E direi ,finalmente sou um homem de sorte,
E eternamente feliz !
E todo mundo irá sorrir..
Mas por enquanto , como sorrir e ter alegria ?
Com o mundo em eterna agonia...
Como sorrir com as guerras?
Como sorrir com a injustiça social, intolerância racial...
E com tanta fome no mundo?
Quem sabe um dia o amor não vire piada,.
E nos ajude a sobreviver,e subir uma linda escada,
E esse ladrão de sorrisos..... prender...
Texto: Quem roubou o meu sorriso;
De Gilberto Braga, celebrante.
Você já teve aquela sensação de “era isso que eu precisava ouvir hoje”?
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