Meu Amor Viajou

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ROTEIRO DO SILÊNCIO

Não há silêncio assaz
Para o meu sossego
O cerrado uiva ineficaz
Não há nenhum apego
No horizonte fulgaz
E tão pouco, aconchego
No canibalizar a paz...
Perdido os cães ganem
O sino da igreja tão capaz
Tange mais, que amém
E não é bastante voraz
Pros silêncios tais, porém,
Me leva a todo silêncio audaz
Qual a solidão devaneia também.
O meu silêncio é maior
Que toda solidão, vai além.

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2018, janeiro
Brasília, DF
Paráfrase Hilda Hilst

Inserida por LucianoSpagnol

Á Virgem Santíssima

A teus pés, tal fé de incerteza,
O coração cheio de inquietude.
Posto o meu olhar de solicitude,
No teu doce alento de pureza...

Mais que piedade, é plenitude,
Que nem sei se há mais riqueza.
Tal o amor, tal luz, tal grandeza,
Que ao nosso clamor, servitude...

No rosário, desfio minha rudeza.
Mãe feita de perdão, pura beleza,
Cheia de graças, a reza primeira...

Da paz, divina piedosa dolorosa,
Silenciosa, fita-me assim chorosa...
Auxílio em nossa hora derradeira.

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, setembro
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

TÉDIO

Sobre o meu poetar, como uma sina
Tal ave de rapina, pesa a monotonia
Despovoando os versos, na surdina
Ilustrando a poesia de turva predaria

Oh! Escrever no silêncio, e inquilina
A solidão, sem sonho e sem alegria
Sem uma idéia e sensação cristalina
Faz o tédio ao poeta sua companhia

Ah! Deixar de fantasiar este ensejo
O pensamento no vão, a alma fria
Se a luz está escura e assim velada

Como posso avivar o meu desejo?
Se dorme numa catedral tão vazia
E lá fora a vida está abandonada!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
30 de setembro, 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

CAOS

No fundo do meu eu, o meu efeito
São noites, entardecer e alvoradas
Enlevos, suspiros e dores sepultadas
Devaneios engasgados no meu peito

Retas alongadas, curvas e lombadas
Mas, de repente, o esperado desfeito
Refeitos, rajadas do eu ser imperfeito
Clamor, as regras, retintim das ciladas

E nos motins, glórias e nada absoluto
Choro e hosana... Com o dito estrovo
Numa sina dum salmo agreste e bruto

E há no poetizar, de que me comovo
Gritos, festa, agonia, meu eu matuto
Incertezas, e o recomeçar de novo!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, outubro
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

CHUVA (soneto)

Chove lá fora. O meu peito também chora
São suspiros de velhos e eternos pesares
Da alma que desapegando quer ir embora
Uma tristura que diviso, repleta de azares

Chove... Que agonia se percebe de outrora
Ah! Quem falou pro agrado voar pelos ares
Em preces de ira, com o chicote e a espora
Deixando as venturas laçadas pelos alares...

Chove lá fora. Minh’alma também aflora
E eu sinto o que o cerrado também sente
O pingo quente, e abafada a aflição afora

E esta tal melancolia que no temporal uiva
Tão impiedoso e ruidosa, que vorazmente
Tem a sensação: - choro! E chove chuva!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO CHOROSO

Choroso soneto, meu, tão chorado
Sem leveza, sem arte, sem ternura
Traçados pela sorte em desventura
Em vagidos manhosos desentoado

É tristura na trova, e desesperado
O estro. No papel cheio de ranhura
Sem condição de uma doce leitura
Afrontando o coração desgraçado

E nesta tal tirania de infeliz criatura
Ditosos algozes. No peito abafado
Surgindo da sepultura da amargura

Ó sátira mordaz, de sentido perverso
Deixe o teu jugo imóvel e silenciado
Guie só fausta melodia ao meu verso

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, outubro
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Medos

Nebulosa nuvem circunda meu pensamento,
Uma furtiva lágrima escorre pela face,
De repente uma tristeza corroí meu sentimento,
Ao não me sentir a direção de sua inspiração,
De ser personagem na história de seu coração.
Ah! Se eu pudesse expressar toda essa aflição,
De medo,
De angustia,
De sofreguidão,
Entranhadas na carne,
Assombradas pela solidão,
Que traz insônia,
Que tira o sossego,
Provoca dor.
Só porque desejei seu amor,
Seus beijos,
Seu olhar que traz calor,
Seus abraços de desejos,
Por mim,
Para mim,
Sentir, enfim,
Sua empolgação,
Tanto quanto demonstro por ti.

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
13/11/2007

Inserida por LucianoSpagnol

HORAS TANTAS

Horas tantas, aterrado e um tanto aflito
Confidenciei para a lua o meu detrimento
Do acaso, que com as desditas foi escrito
E se a fito, ainda o sinto no pensamento

Atroa, n'alma um pávido e nuvioso grito
Titilando dores em um amofino violento
Arremessando os anseios para o infinito
Tal o choro do cerrado aflado pelo vento

Clemente lua, que o meu azar sentiste!
No firmamento confessei o meu pranto
Enfardado pelas nuvens transparentes

E no meu peito, uma solidão tão triste
Onde o poetar a soluçar em um canto
Escorre silenciosas lágrimas ardentes

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
30 de julho de 2019
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

Canto em Versos

O meu poetar une versos
dos amores, dos reversos
porém, não são submersos
nem tão pouco dispersos...

É uma exaltação aos universos:
das trovas, dos mundos diversos
das dores e louvores tão imersos
nas palavras e sigilos complexos

De simples poemas abstersos...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DA AUSÊNCIA

O cerrado já não mais é meu confidente
o pôr do sol não mais ouve o meu plangor
os cascalhos do segredo fazem amargor
e a saudade já não mais está condizente

Não mais estou melancólico no rancor
nem tão pouco sou aquele imprudente
e ao vento nada mais contei contente
deixo o tempo no tempo ao seu dispor

Até da recordação eu tenho medo, dor
o entardecer tornou-se inconcludente
e o olhar se perdeu nas ondas de calor

O poetar fez da madrugada noite ingente
carente nas buscas do tão sonhado amor

e hoje o meu eu no cerrado está ausente

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
06/06/2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

TORMENTO NO SONETO

O fado, comigo, não teve deleite
Tem um gosto agridoce meu dia
Devoluto, e sem lisonja fugidia
Na ventura me sinto um enjeite

Lembranças, só são de nostalgia
Um poetar desnudo, sem enfeite
Inspiração desmaiada como leite
E a lágrima de tão pouca alegria

As doces palavras sem onde deite
O ânimo com nuance sem ousadia
O coração desprezado, quem aceite

E mesmo, num tal tormento, quereria
Um olhar de afogo, sorriso que afeite
Onde minha sorte, pudesse ter alforria

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Papel e Tinta

Laivei o meu pincel
no cinza do cascalhado
no entardecer fogueado
no chão ressecado
no desbotado areado...
Laivei o meu pincel
na luz do horizonte
na sombra atrás do monte
no suor da fronte...
E no branco do papel
vão aparecendo inquinações:
de folhas secas, chão árido
amarelados ipês, buritis, ar cálido
pequis, céu divino e estrelado
num desenho do cerrado...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

epílogo

se te pareço ingrato
cerrado
olhe o meu aparato
verás que não sou errado
nem sem tato
apenas um saudoso
do meu lugar exato
amoroso
onde eu fui e sou
verboso
pois, aqui acabou
o que vim fazer
e se fico ou se vou
é escolha, não só prazer.

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

CRISTO (soneto)

Quando a teus pés oh Cristo Amado
Desces da cruz e pende no meu peito
Ungindo de amor, luz num tal respeito
Que fazes do meu cigalho imaculado

Eu, pecador e, um tanto imperfeito
Sinto-me nos teus braços, levado
Orando consolo em ti crucificado
Arrebatado no amor, eu a ti preito

Mas quando me vejo, enevoado
De pouca fé, um coração estreito
Perdão! No abatido envergonhado

Fraquejado, pouco ouvi o preceito
Me empanturrando no vil pecado
Só em ti Cristo! És o acaso perfeito!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Janeiro, 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO PELO CAMINHO

O meu fado pôs a me versejar
Pelas trilhas do destino nefando
Me fez chorar, rir, foi interrogando
Acerca do amor pôs a ignorar

Subi e desci, e a vida foi forjando
Desafinei certamente ao disciplinar
E pude segredar na noite de luar
Assim, estórias foram desfiando

Por vielas, ruas e, becos a andejar
Andei, e ele comigo foi andando
Pelos caminhos o diverso a poetar

Agora, o canto maduro, no comando
Lembranças, tudo tem tempo e lugar
Na estrada, continuo caminhando...
(até Deus chamar!)

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
20/01/2017, 14'00"
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO TRISTE

Hoje acordei com meu verso triste
Escorrendo pelo papel só inclinação
Cabisbaixa a inspiração e, pelo chão
Querendo lira na sorte que não existe

Pois, cada cisma, na cisma consiste
E o prazenteiro é em vão, e assim são:
Desferrolha fagulhas infeliz do coração
Petrechando a consternação em riste

As minhas angústias querem expansão
Minha dor, está ali sozinha, é imensidão
Tão calada, não entenderão o que sente

Aí quem me dera, não a ter! Pois então?
A tenho!... E pouco cabe na solidão...
Quando caberia aqui: - verso contente!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Janeiro, 2017, 05'55"
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

flerte

olhava o céu
nuvem inerte
alvas como papel
cá do cerrado

calado, meu coração
dispensava qualquer termo
numa espera sem ação
um olhar perdido, ermo
pensando só em você

e neste glacê de emoção
o meu sentimento voa
até ti, buscando razão
desta distância atoa
que ao amor maltrata

é dor chata, que dá solidão
aquelas que não cabem
no peito, de tanta aflição
e só os que sentem sabem
como é contramão sentir...

então, venha logo! Não fique por vir!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2019, 14 de outubro
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Apanhador do cerrado

Uso o meu olhar para apanhar o cerrado
As palavras tortas compõem o mato crivado
De cascas grossas, cascalhos e céu estrelado
O chão na temporada de sequia, é maltratado
Os jatobás fatigados tão firmes como as perobas
Rodeiam os pequizeiros, tão "bãos" como as guarirobas
Cheiro forte sabor da terra, como as doces gabirobas
Entendo bem o sotaque é o povo deste chão
Sou daqui, tenho respeito a toda esta tradição
Povo das sucupiras, flores rasteiras e abelhas arapuá
Tudo aqui tem força, tem suor, é aqui, é acolá
Assim como a magia do canto da seriema e do sabia
Deste cerrado místico, torto, certo e errado, sempre a brotar
Que o tal desencanto encanta o poeta no poetar
Este quintal que é o maior do mundo, que faz sonhar
Me faz ser apanhador do cerrado, no meu versar.

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
30/03/2016, 22'22" – Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Minerês

Ô minas, arguém já te poetô
Eu sempre tenho poetado
E ainda poetando eu tô
Cadquê, meu estadão amado
Ocê é trem bão dimais
E óio aqui os sêus mistério
Tão difícil, decifrá jamais
Tal arrilia é tão sério
Que o poeta proseia, proseia
E ainda fica o quê proseá...

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
27 de abril, 2016 – cerrado goiano
Parodiando Patativa do Assaré

Inserida por LucianoSpagnol

VELÓRIO (soneto)
Penso às vezes na minha morte, os tutores
Se dela estarei dormindo no meu cansaço
Penso nas instalações do eterno regaço
E se com dores choraram as dadas flores...

Penso no quão terei pêsames sofredores
Ou não. E se olhares ecoaram pelo espaço
Laços de adeus, ou simplesmente passo
Sem rezas, de quem perdeu seus valores

Penso se serei um dissabor, no que fiz
Me diz: ó Deus, nestes vacilos dispersos
Se vou deixar saudades, se assim condiz!

Penso nas conversas, os causos imersos
Se ali estarei descontente ou então feliz
Digo: a quem possa saber... - fui diversos.

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
18/02/2020 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

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