Meu Amor Viajou
"Aproveite o meu verbo-salivo,
pois ainda há pulso
mesmo anêmico e frio
parece vivo
este meu discurso
sobre a pedra
sobre o rio...."
"Meu maior dom, é ser humano, tratar meu semelhante como gosto de ser tratado...o resto é lixo metafísico."
("O homem é algo que deve ser superado”
Sempre que volto ao meu próprio abismo, que por algum tempo deixei escondido na esquina do nada, então é lá que encontro luz e sentido, para tudo que não há sentido nas atitudes humanas.
Diz um velho sábio, um grande amigo meu:
" Quem é meu amigo senta à mesa comigo."
Ter muitos amigos é complicado, diria impossível, sobretudo se levarmos em conta o bom caráter e a nobreza dos que escolhemos como amigos.
Até o Cristo, que era perfeito só conseguiu ajuntar à mesa 12 amigos. Contudo, entre esses havia alguns mais especiais que outros. Um o negou por 3 vezes, outros discutiam acaloradamente quem era o maior entre todos, para sentar à sua direita.
Todavia, entre os 12, apenas um se destacou por sua ingratidão e vilania. Esse, o mais intenso nas suas atitudes despojadas o entregou para ser morto por seus inimigos.
Aconselho, portanto, que não se deve desejar uma mesa muito grande, com mais de dois ou três lugares reservados para nossos melhores amigos.
Meu pai Herói.
Meu pai se chamava Heleno Francisco do Carmo, não tenho dele muitas lembranças, ele morreu quando eu tinha onze anos, contudo, guardo algumas lembranças, sobretudo da época em que ficou doente. Meu pai era um homem muito forte, um trabalhador exemplar. Era um lavrador, homem que cuida da terra, ele próprio tinha um pequeno pedaço de terra, por onde passava um riacho, terra fértil, onde plantava cana e milho e melancia. É disso que me lembro bem, também plantava bananas.
Não sei dizer se meu pai era um homem triste, se tinha crises existenciais, talvez fosse muito feliz, pois tinha uma bela família e uma linda esposa, honesta e trabalhadeira. Lembro-me da sua relação com minha mãe, eram felizes, combinavam em quase tudo, ambos desejavam que seus filhos estudassem para não serem analfabetos como eles eram. Meu pai era alto e moreno, tinha ombros largos como eu, era um homem bonito, mas não me recordo que alimentasse alguma vaidade nem vícios. Trabalhava incansavelmente para sustentar sua família, grande para os padrões atuais.
De domingo a domingo ele sempre repetia sua rotina; acordar cedo e ir ao trabalho, além de suas próprias lavouras, milho e feijão, ele ainda trabalhava de meia ou para outros produtores rurais. Meu pai era homem temente a Deus, pelo menos é essa a impressão que tenho até hoje, pois sempre ia à missa aos domingos de manhã, com toda família, mas ao voltar pra casa, logo depois do almoço, ia ao trabalho, cuidar de um pequeno e produtivo roçado, que ficava perto de casa, meu pai só retornava à noite com um feixe de cana nos ombros.
Éramos oito filhos, cinco homens e três mulheres, minha mãe ficou grávida de uma menina quando meu pai faleceu. Foram seis meses longos, a duração da doença fatal de meu pai. Meu pai nunca ficava doente, era como touro, todos os homens o invejavam por seu físico e por sua moral. Mas todo herói fatalmente sucumbe no final da epopeia. Meu pai tinha chagas desde adolescência. Fora picado por um barbeiro, na região onde foi criado esse inseto fez muitas vítimas, e a medicina não tinha os meios para prolongar a vida dos seus pacientes. Meu pai só veio manifestar os sintomas da doença aos quarenta anos, foi avassaladora sua enfermidade, em seis meses apenas ele veio a óbito.
Minha mãe foi uma guerreira e fez tudo que pôde e o que não pôde para salvar a vida do seu amado. Lembro-me com muita tristeza, de uma vez que eles voltaram de uma cidade próxima; aonde eles foram, em busca de uma nova forma de tratamento, mas não havia muito que fazer, meu pai estava com o coração muito comprometido, estava rejeitando os remédios, e não havia nenhuma esperança de cura ou de melhora, ele vivia muito cansado, e minha mãe passava longas noites ao seu lado. Nós éramos muito pequenos, mas já compreendíamos que nosso herói estava condenado à morte trágica. Logo se agravou seu quadro, minha mãe teve que o internar no hospital público de nossa cidade, onde foi bem cuidado, mas em poucos dias, ele já demonstrava fraqueza extrema, não se alimentava e as injeções que tomava não causavam mais nenhum efeito paliativo, então meu guerreiro pediu para morrer em casa, pedido que fora atendido pelos médicos dele, minha mãe o levou pra casa, mas meu velho não aguentou a pequena viagem de pouco menos de três quilômetros, faleceu nos braços de minha mãe dentro da ambulância.
Essa é mais uma das inúmeras tentativas que faço, para escrever sobre meu pai. Sei que daria um belo e humano romance, todavia nunca serei capaz de levar a cabo esse projeto, é doloroso demais para mim, pois a dor e o trauma da sua ausência em minha infância ainda são deveras penosos para mim.
"Não que eu seja rancoroso, não sou.
Nem tampouco consigo odiar meu semelhante.
Contudo, não consigo acariciar
mãos que me jogam pedras,
nem beijar a face
de quem persiste
em me olhar com desprezo."
MEU PAI
Em teu rosto posso ver o amanhã
tuas rugas são marcas do tempo
que revela a tua senil bravura
tua luta incomum pelo incerto
neste mar de ilusões e de agrura.
Sei das dores que velas escondido
na candura do teu velho coração
de um desejo por ti já reprimido
a incerteza da vida e do pão.
Tuas mãos calejadas de plantar a paz
de espalhar sementes de esperança
no teu fazer diário, como uma prece
que da fé carece homem e criança
Há em ti um enigma divino
que explica facilmente a eternidade
neste elo infalível de amor
onde o PAI cumpre o acerto da vontade
de no filho imprimir a sua alma
na perpétua lição de uma verdade
MEU VIOLÃO
Se meu violão falasse
Certamente diria
Em verso, em prosa em poesia
Coisas secretas de minha alma
Que nem cartola cantaria.
Sobre amores esperados
Nas esquinas da vida
Em noites vazias
De tantos desencontros
Em breves sussurros
Em tristes melodias.
Meu violão canta como eu
desafinado de melancolia
Sonhando o futuro glorioso
Esperançoso de paz e harmonia.
Meu violão, um amigo leal
O mais próximo do peito
Somos assim predestinados à solidão,
Vivemos esta grande ilusão
Que ninguém nos roubará este direito.
Eu quis beber não tinha leite
Eu quis comer, não tinha pão .
O meu pais está fadado
Está voltando a inflação
Se bastasse a pandemia
Ainda tem o apagão
O fogo acesso na Amazônia
Desperta gente pra solução
Nada pra beber,
Nada pra comer camarada...
Agora é moda citar a bíblia
Pra explicar contradição
Mateus 6:10, termo finito
Fim do conflito e desta confusão.
OLHO GRANDE
Sai pra lá, olho grande
Tira o teu olho do meu
Do meu caminho,
Do meu viver
Eu prego a paz
E vivo o amor
Na minha casa
Não há lugar pra dissabor.
Encontra o teu rumo,
Segue os teus passos
Sem embaraço
Estende as mãos ao criador
Que emana luz, não desamor
Mas se contudo, não te valeu
Sai do meu mundo, e cria o teu
Porem no meu é pleno dia
Samba e alegria nada de dor.
Com tudo isso que já falei
Vai um conselho renovador
Se a luz do sol te incomoda
Anda de noite, caro amador.
MONÓLOGO DA FOME
Eu estou com fome, meu senhor.
Perdi meu emprego, fiquei doente
E hoje moro na rua.
A covid matou metade da minha família.
De onde eu sou?
Não sou da Disneylândia, já morei na Ceilândia, na Estrutural,
No lago Azul, em vários lugares, nesses lugares em que as pessoas não desejam morar.
É hoje eu moro aruá, lugar em que muitos desejariam morar, para ter a liberdade que eu tenho, mas para morar na rua a pessoa precisa passar por onde eu passei, viver o que eu vivi.
Meu senhor, por piedade, diga-me, o senhor vai ou não me dar um prato de comida?
MUSA DO MAR
Sempre que você me olha
o meu corpo treme desejo
desejo de lhe abraçar
desejo de lhe dar um beijo.
Lembro aquele dia
nós dois e do pôr do sol,
seu corpo bronzeado
eterna poesia..
Você, musa do mar
divino pão dourado
e eu pobre mortal
escravo do pecado
Pierrot sem fantasia.
FOLHA MORTA
Se a minha boca não te surpreende
se o meu corpo não te satisfaz,
o que te falta, para ir embora,
seguir teu rumo, me deixar em paz?
A vida a dois não é cláusula pétrea
se for por força de obrigação
o amor definha, vira folha morta
logo um se despede, outro fecha a porta
finda toda rota de contradição.
Queria ouvir de tua boca, Invés de ciúmes
Sabores agridoces, sussurros e queixumes
Sobre o meu amor, Justa cobrança
Para ser mais intenso, como choro de criança
As ondas da morte quebraram ao meu redor; Enxurradas de homens imprestáveis me apavoraram.
As cordas da Sepultura meenvolveram; Os laços da morte me confrontaram.(...)
2- Samuel 22:5-6
(...) Os homens céticos, os intelectuais rejeitam a bíblia, mas acham Shakespeare e Goethe gênios, desconhecem a fonte onde ambos beberam.(...)
Pobres mortais.
Hospitalidade
Meu caro irmão,
posso até te acolher
na minha tenda
contudo devo avisar-te,
que a minha paz
não está á venda
nossa conveniência
pode ser pacífica
tudo vai depender
da tua educação
e da minha paciência.
um poeta bêbado diz pro outro:
Meu impreterível amigo
o que há de erado,
por que essa face de Dom Casmurro?
Teu semblante flácido
onde riso frouxo não passeia
não coaduna com a tua idiossincrasia
alvissareira.
"A coisa que tem efeito
sobre meu humor
que é capaz de dissolver minha estrutura emocional
como gelo derretendoao sol,
é o ciume sem propósito ou razão."
Meu verbo é sujeito
do pretérito imperfeito
que por ora se cala.
Quem hoje me vale
é o sábio silêncio
se penso não digo
se quero ignoro
Se a dor não me larga
se a rua não cabe
as ideias eu enterro
se perco o amigo
Se a fome ameaça
e o preço da bala
é mais baixo
que o trigo.
Quando eu me for
ou me decompor
ficará outra essência
eu meu lugar,
na memória,
no coração
de quem amei,
ficará para sempre
a luz divina e eterna
do amor...
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