Mensagens de uma Querida Mae de Luto
Destrancar uma porta usada pelo outro lado como acesso ao seu celeiro particular, e para o qual não contribuiu com qualquer semente ou com uma única hora de trabalho, é nao fazer distinção entre "resgate" e idiotice.
Uma das primeiras lições a aprender na vida é a de nunca colocar nas mãos de outras pessoas qualquer informação que depois possa ser usada contra você. Caso lhes interesse encontrar munição, deixe que façam isso sem o seu concurso.
Privilégio - seja por ato humano ou pseudamente divino - não vai além de uma metáfora para a injustiça que não se quer exposta.
A resposta consciente de uma pessoa cabe somente a ela. Vale até esclarecer o certo, eventualmente, para sanar alguma dúvida, mas o compromisso próprio com a verdade é que deve prevalecer, já que as pessoas são o que são e não nos cabe mudá-las.
Ninguém muda ninguém. A mudança é uma porta que só tem maçaneta pelo lado de dentro onde só cabe bater e aguardar que queiram abri-la.
Antes de enviar uma frase de forma automática e intempestiva, dê-se de presente um momento para relê-la sem pressa, refletindo sobre seu sentido e de cada palavra pelo olhar do outro.
Eu descobri que uma pessoa tomada pela paixão não irá me ouvir, por mais sensato que eu me mostre. A partir daí decidi que não perderia meu tempo tentando provar quem está certo.
Uma maldade nunca deixará de ser maldade apenas por estar respaldada na lei. Bom senso e equilíbrio devem prevalecer quando o que se busca é justiça.
Há pessoas que se guiam durante toda uma vida pelo padrão que lhes foi passado na infância e jamais se questionam se haveria uma forma melhor de viver suas experiências, como se fossem estanques e não tivessem relação entre si. Ao observador fica perceptível que nascem em determinado momento e deixam a vida como se o tempo não tivesse passado, tanto em autopercepção quanto nas mudanças que ocorreram em torno delas. Longevidade, portanto, nunca foi sinônimo de evolução.
Os afetos fazem com que desejemos confiar em todas as pessoas. Só que confiança não é uma escolha nossa, mas uma conquista delas.
Depois que uma onda se levanta ela toma vida própria, e nem mesmo quem a provocou terá mais força para detê-la.
Existe uma reduzida parcela de pessoas em real sintonia com o cristo que se propõe a imitar, e outra esmagadora maioria exibindo a imagem do cristão que perdoa a todos os que odeia e, se pudesse, destruiria pelas próprias mãos.
Combater o racismo sendo branco é uma questão de escolha. Lutar contra ele sendo negro é uma questão de sobrevivência.
Integridade não é uma virtude, mas apenas o esperado de qualquer ser humano que se reconhece como tal. O indivíduo íntegro não escolheu sê-lo, simplesmente atua em harmonia com sua natureza, pois que não é algo que se adquire, mas que se é!
Se ser uma pessoa honesta dependesse de escolha, a honestidade dela não seria autêntica, pois que surge e se desenvolve no indivíduo de forma natural e espontânea, e a isso se dá o nome de índole. A renúncia à desonestidade, porém, pode ser uma escolha a partir de uma tomada de consciência seguida da decisão.
Sempre que formos colocados em uma posição bem acima da que realmente ocupamos e nos sentirmos envaidecidos para não revelar a verdade, o tombo será inevitável. E ele será tão grande quanto a distância que se desejou manter entre a estatura falsa e a verdadeira.
Até mesmo para aqueles casos mais críticos existe uma vantagem quando nós mesmos lhes demos causa, seja por algum erro que inadvertidamente tenhamos cometido, ou por uma decisão equivocada que se tomou em algum momento. O melhor lado desse tipo de percalço é que o restabelecimento da normalidade acaba quase sempre dependendo apenas de nós.
O “óbvio”, por si só, se opõe a lógica científica, uma vez que não vai além de presunção, da conclusão sem base, de uma ideia não refletida. Surge no vácuo da análise, na esteira da negligência inconsequente que despreza o pensar, da insensatez que dispensa a prudência e acata o preconceito pela ausência do conhecimento.
Criar é obrigação dos pais, mas não é uma “dívida” contraída pelos filhos em troca da formação que lhe deram. Se você pensa em filhos como um investimento, no qual assinam uma “nota promissória” que você vai cobrar na sua velhice, em nada se difere de um abusador que obtém vantagens negando a outrem o direito às próprias escolhas. Cuidar dos pais no futuro não é uma espécie de “pecado original” que os filhos recebem ao nascer.
Seu papel como pai foi o de supri-los antes, e preparar-se para suprir a si mesmo depois. Não veja, portanto, como obrigação que seus filhos o supram, como se fosse uma dívida hereditária. Eles não puderam escolher entre ter você como pai ou não. Receber o cuidado dos filhos deve ser uma conquista – espontânea e voluntária – e não uma retribuição compulsória.
