Mensagem sobre Homens
Os homens são sempre mais verbosos e fecundos em queixar-se das injúrias do que em agradecer os benefícios.
Toda esta tagarelice dos homens não constitui uma verdadeira palavra, suporto-a para poder gozar o silêncio que passa através dela.
Por mais soberbas que sejam as distinções de que se gabam os homens, eles têm todos a mesma origem, e essa origem é humilde.
A vida espiritual dos homens, os seus impulsos profundos, o seu estímulo à ação são as coisas mais difíceis de prever, mas é justamente delas que depende a morte ou a salvação da humanidade.
Os grandes homens são maiores na recordação do que ao natural. Aquilo que vimos neles é, ao mesmo tempo, o seu melhor e o melhor de nós próprios.
Os homens brigam com mais frequência por via das palavras. É por palavras que eles matam e se fazem matar com maior empenho.
Os homens animados por uma fé comum nada têm feito mais depressa senão exterminar aqueles que pensam de modo diferente, sobretudo quando a diferença é muito pequena.
O que menos importa a uma mulher é que o seu vestido agrade aos homens; ela veste-o para outras mulheres, e a inveja destas é a aprovação que mais lhe agrada.
Duas verdades em que os homens em geral nunca acreditarão: a primeira, a de não saber nada, a segunda, a de não ser nada. Acrescente a terceira, que depende muito da segunda: a de não ter nada a esperar depois da morte.
Todos os homens fecundos da natureza se desenvolvem de uma maneira egoísta; o altruísmo humano, que não é egoísta, é estéril.
Sobre os amantes e os soldados, sobre os homens condenados à morte, sobre todos aqueles que o poder cósmico da vida preenche, o poder do destino desce por vezes imprevisto numa súbita iluminação que será a sua graça e o seu fardo.
Na admissão de uma opinião ou doutrina, os homens consultam primeiramente o seu interesse, e depois a razão ou a justiça, se lhes sobeja tempo.
As crenças religiosas fixam as opiniões dos homens, as teorias filosóficas perturbam-nas e confundem.