Maria

Cerca de 100 frases e pensamentos: Maria

O Anjo

Com um mover da fronte ele descarta
tudo o que obriga, tudo o que coarta,
pois em seu coração, quando ela o adentra,
a eterna Vinda os círculos concentra.

O céu com muitas formas Ihe aparece
e cada qual demanda: vem, conhece -.
Não dês às suas mãos ligeiras nem
um só fardo; pois ele, à noite, vem

à tua casa conferir teu peso,
cheio de ira, e com a mão mais dura,
como se fosses sua criatura,
te arranca do teu molde com desprezo.

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O Cego

Ele caminha e interrompe a cidade,
que não existe em sua cela escura,
como uma escura rachadura
numa taça atravessa a claridade.

Sombras das coisas, como numa folha,
nele se riscam sem que ele as acolha:
só sensações de tato, como sondas,
captam o mundo em diminutas ondas:

serenidade; resistência -
como se à espera de escolher alguém, atento,
ele soergue, quase em reverência,
a mão, como num casamento.

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O mundo estava no rosto da amada -

O mundo estava no rosto da amada -
e logo converteu-se em nada, em
mundo fora do alcance, mundo-além.

Por que não o bebi quando o encontrei
no rosto amado, um mundo à mão, ali,
aroma em minha boca, eu só seu rei?

Ah, eu bebi. Com que sede eu bebi.
Mas eu também estava pleno de
mundo e, bebendo, eu mesmo transbordei.

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"No mundo, a coisa é determinada, na arte ela o deve ser mais ainda: subtraída a todo o acidente, libertada de toda a penumbra, arrebatada ao tempo e entregue ao espaço, ela se torna permanência, ela atinge a eternidade. (...)"

§

"Quero viver como se o meu tempo fosse ilimitado. Quero me recolher, me retirar das ocupações efêmeras. Mas ouço vozes, vozes benevolentes, passos que se aproximam e minhas portas se abrem..."

§

"Procure entrar em si mesmo. Investigue o motivo que o manda escrever; examine se estende suas raízes pelos recantos mais profundos de sua alma; confesse a si mesmo: morreria, se lhe fosse vedado escrever? Isto acima de tudo: pergunte a si mesmo na hora mais tranqüila de sua noite:"Sou mesmo forçado a escrever?" Escave dentro de si uma resposta profunda. Se for afirmativa, se puder contestar àquela pergunta severa por um forte e simples "sou", então construa a sua vida de acordo com esta necessidade. Sua vida, até em sua hora mais indiferente e anódina, deverá tornar-se o sinal e o testemunho de tal pressão. Aproxime-se então da natureza. Depois procure, como se fosse o primeiro homem, a dizer o que vê, vive, ama e perde. (...)"

Gosto de saber que meus livros estão em suas mãos.

Não é somente a inércia culpada pela repetição dos relacionamentos humanos, caso a caso, indescritivelmente, de forma monótona e sem renovação. É a timidez diante de novas e imprevisíveis experiências para as quais acreditamos não estar preparados. Mas somente alguém que está preparado para TUDO, que não exclui NADA, nem o mais enigmático, vivenciará a relação com o outro como algo vivo.

Meu lado Maria

Não gosto de quem posa de inteligente, culto e letrado. Mesmo porque por mais inteligente, culto e letrado que você seja, cá pra nós, tenho certeza que vez ou outra passa os olhos na Contigo. Ou em qualquer site fofoqueiro. Ou na coluna social. Ou no Faustão. Ou no Big Brother. Além disso, não acho que assistir baboseiras seja atestado de inteligência e/ou esperteza. Eu, por exemplo, vejo o Big Brother pra rir. Leio livros que os mais intelectualizados (?) condenam para relaxar, me divertir, esquecer um pouco as asperezas da vida. A verdade é que tem muita gente fazendo pose por aí, mas lá no fundo adora ouvir uma música brega. Mas esse já é outro assunto. Hoje eu quero falar da Maria.

Sabe a Maria do Big Brother? A Maria, aquela que teve um rápido affair com o nada-bonito-Maurício. Maria, aquela que depois que o nada-bonito saiu da casa arrastou asa para o Wesley. Maria, que depois que o Maurício voltou pra casa se arrependeu. Maria, aquela que bebe e mostra a bunda na televisão. Maria, aquela que diz Maurício-gosto-de-você baixinho no ouvido. Maria, aquela que perde o foco, a noção, o norte, o jeito, o gesto. Maria, aquela que esquece a dignidade no fundo do copo. Maria, aquela que ataca o cara, chora pelo cara, quer de todo o jeito beijar o cara, é louca pelo cara, tarada, maníaca, doente. Pois bem, essa é Maria. Maria, que já foi uma das Felinas. Maria que, diz a lenda, já fez uns bicos na profissão mais antiga do mundo.

Não me importo com o passado da Maria. E eu digo: gosto da Maria, pois o que importa é o que a Maria representa, o que a Maria é, o que a Maria nos faz ver. Eu me enxergo na Maria. Eu enxergo muitas mulheres na Maria. E eu repito Maria-Maria-Maria. A Maria representa nossas lágrimas, nosso rímel borrado, nossos porres, nossas ligações na madrugada, nossos fiascos, nossas insanidades. A Maria representa aquela mulher que já perdeu a cabeça e o juízo por causa de um homem. A Maria é aquele comportamento que você teve sábado passado quando, bêbada e ofendida, mandou 34 mensagens para o celular do ex-namorado. A Maria sou eu há 5 anos atrás, que corria atrás de um cara que me fazia de gato e sapato.

Maria é aquela moça que insiste em manter uma relação com um cara que tem namorada. Maria é aquela que gosta, tem uma inocência no peito, uma ilusão na boca, uma incoerência no olhar. Maria é aquela que acredita em palavras, se apega e quer ir até o fim. Maria é aquela que acha que o passado dita a moda do presente. Maria é aquela que não pensa antes de falar - e age como dá na telha. Maria é impulsividade, calor, vontade. Maria é a falta de vergonha em se expor.

A Maria, minha amiga, é a inimiga íntima de toda mulher.

Porque eu sou briguenta, mas sou mais sensível que maria-mole na frigideira.

MARIA, AQUELA QUE DESATA OS NÓS

Santa Maria, cheia da presença de Deus, durante os dias de tua vida aceitastes com toda a humildade a vontade do Pai, e o maligno nunca foi capaz de te envolver com suas confusões.

Junto a teu Filho, intercedes por nossas necessidades e, com toda paciência, nos destes o exemplo de como desenrolar as linhas de nossa vida.

E ao se dar para sempre como nossa Mãe, pões em ordem e fazes mais claros os laços que nos unem ao Senhor.

Santa Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, tu que com coração materno desatas os nós que entorpecem nossa vida, te pedimos que recebas em tuas mãos o (a).............., e que o (a)................ livre das amarras e confusões com que o(a) castiga aquele que é nosso inimigo.

Por tua graça, por tua intercessão, com teu exemplo, livra-nos de todo mal, Senhora Nossa, e desata os nós que impedem de nos unirmos a Deus, para que, livres de toda confusão e erros O louvemos em todas as coisas, coloquemos n'Ele nossos corações e possamos servi-Lo sempre através dos irmãos.

Meu Deus! Como é engraçado.
Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço.
Uma fita dando voltas. Enrosca-se, mas não embola.
Vira, revira, circula e pronto, está dado o laço.
É assim que é o abraço (...)
Ah, então é assim o amor, a amizade, tudo que é sentimento.
Como um pedaço de fita.
Enrosca, segura um pouquinho, mas não pode se desfazer a qualquer hora, deixando livre as duas bandas do laço.
Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de amizade.
E quando alguém briga então se diz: romperam-se os laços.
Então o amor, a amizade são isso.
Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam.
Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço.

Maria Beatriz Marinho dos Anjos

Nota: Adaptação do poema de Maria Beatriz Marinho dos Anjos.

Basta... sentir que se poderia viver sem escrever para não mais se ter o direito de fazê-lo.

Chamamos céu
àquele azul, depois
do primeiro beijo

Ventos nos umbrais
janelas antigas,
modernos varais.

Laços sonoros
asas e afagos - cacos -
tragos de luz.

Minha vida não é essa hora abrupta
Em que me vês precipitado.
Sou uma árvore ante meu cenário;
Não sou senão uma de minhas bocas:
Essa, dentre tantas, que será a primeira a fechar-se.

Sou o intervalo entre as duas notas
Que a muito custo se afinam,
Porque a da morte quer ser mais alta…

Mas ambas, vibrando na obscura pausa,
Reconciliaram-se.
E é lindo o cântico.

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As folhas caem como se do alto
caíssem, murchas, dos jardins do céu;
caem com gestos de quem renuncia.

E a terra, só, na noite de cobalto,
cai de entre os astros na amplidão vazia.

Caimos todos nós. Cai esta mão.
Olha em redor: cair é a lei geral.

E a terna mão de Alguém colhe, afinal,
todas as coisas que caindo vão.

"Se eu gritar, quem poderá ouvir-me, nas hierarquias dos Anjos?"

O Anjo
Com um mover da fronte ele descarta
tudo o que obriga, tudo o que coarta,
pois em seu coração, quando ela o adentra,
a eterna Vinda os círculos concentra.

O céu com muitas formas Ihe aparece
e cada qual demanda: vem, conhece -.
Não dês às suas mãos ligeiras nem
um só fardo; pois ele, à noite, vem

à tua casa conferir teu peso,
cheio de ira, e com a mão mais dura,
como se fosses sua criatura,
te arranca do teu molde com desprezo.

(Tradução: Augusto de Campos)

A Gazela

Mágico ser: onde encontrar quem colha
duas palavras numa rima igual
a essa que pulsa em ti como um sinal?
De tua fronte se erguem lira e folha

e tudo o que és se move em similar
canto de amor cujas palavras, quais
pétalas, vão caindo sobre o olhar
de quem fechou os olhos, sem ler mais,

para te ver: no alerta dos sentidos,
em cada perna os saltos reprimidos
sem disparar, enquanto só a fronte

a prumo, prestes, pára: assim, na fonte,
a banhista que um frêmito assustasse:
a chispa de água no voltear da face.

SONETO DE CONTRIÇÃO

Eu te amo, Maria, eu te amo tanto
Que o meu peito me dói como em doença
E quanto mais me seja a dor intensa
Mais cresce na minha alma teu encanto.

Como a criança que vagueia o canto
Ante o mistério da amplidão suspensa
Meu coração é um vago de acalanto
Berçando versos de saudade imensa.

Não é maior o coração que a alma
Nem melhor a presença que a saudade
Só te amar é divino, e sentir calma...

E é uma calma tão feita de humildade
Que tão mais te soubesse pertencida
Menos seria eterno em tua vida.

Vinicius de Moraes
MORAES, V. de. Poesia completa e prosa. Editora Nova Aguilar: Rio de Janeiro. 1998. p. 254

A minha religião?
Sou de Deus, de Ogum, de Oxalá, de Maria, de Iemanjá, sou da terra, sou do céu, sou do mar... sou de tudo que o amor me levar!

Café com pão
Café com pão
Café com pão
Virge Maria que foi isto maquinista?

Agora sim
Café com pão
Agora sim
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força

Oô...
Foge, bicho
Foge, povo
Passa ponte
Passa poste
Passa pasto
Passa boi
Passa boiada
Passa galho
De ingazeira
Debruçada
No riacho
Que vontade
De cantar!

Oô...
Quando me prendero
No canaviá
Cada pé de cana
Era um oficiá

Oô...
Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Pra matá minha sede
Oô...
Vou mimbora vou mimbora
Não gosto daqui
Nasci no Sertão
Sou de Ouricuri
Oô...

Vou depressa
Vou correndo
Vou na toda
Que só levo
Pouca gente
Pouca gente
Pouca gente...

Manuel Bandeira
Estrela da Manhã, 1936

Bebi, chorei, ouvi Maria Bethânia, fumei demais, tive insônia e excesso de sono, falta de apetite e apetite em excesso, vaguei pelas madrugadas, escrevi poemas (juro). Agora está passando: um band-aid no coração, um sorriso nos lábios – e tudo bem. Ou: que se há de fazer.

As mães da terra nunca abandonam os seus filhos. O mesmo faz Maria que tanto ama os seus filhos ao longo da vida; com que ternura, com que bondade não irá ela protegê-los nos últimos instantes, quando a necessidade é maior.