Mal
O mal será sempre o ceifador disposto a sufocar o bem, que sussurra em meio a semeadura inacabada, mas que jamais deixará de atuar em função de um ideal
O olhar penetrante do irmão será muitas vezes o olhar de Deus sobre nós, não com o intuito de nos despir, mas despir a miséria que tanto nos atormenta e afastar o mal que deseja nos dissuadir
O bem também cansa, não de combater a maldade, mas de observar essa tal felicidade tirar férias quando mais dela se precisa
Não te perturbes com a prática da maldade, olha a tua volta e observa o quanto a bondade se compadece de ti
A grande questão da maldade não é somente fazer da atrocidade um grande espetáculo, o problema é que o público sempre lota o teatro
O mal tenta produzir sua própria luz, mas falha miseravelmente, seu gerador é a escuridão do coração do homem, sempre ofuscado pela bondade emanada pelo poderoso dínamo a sair do coração de Deus
Quando o mal contamina todo o lençol freático de uma sociedade, todos os oceanos se unem afim de diluir qualquer traço maledicente para o livramento de toda a humanidade
Tudo leva a crer que se a disputa entre o bem e o mal legitima o uso da violência na atual conjuntura, o bem certamente encontra-se numa severa desvantagem
O mal jamais se sentiu confortável em qualquer esconderijo, porque nenhum lugar é capaz de esconder por muito tempo o tamanho da sua crueldade
MAL DE DOR
Toda poesia de agonia, por mais que doa
Na prosa de espera encontra recompensa
Toda aquela situação que causa sentença
Muda-a poeticamente em composição boa
A rima que fere, a inspiração que agrilhoa
Emoções não são que o tempo não vença
Apreço transforma em luz a penúria densa
Em um verso com sentimento nada magoa
Ai do poeta que sente, sem ter proposta
Escrevendo o mal de dor e de amargura
Negando o sim, e poetizando que gosta
Noutra parte, em vão, busca a ternura
Em um coração partido, sem resposta
Pois, somente com amor a dor se cura!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
23 maio de 2023, 14’16” – Araguari, MG
O pior mal que o neoliberalismo
ocasionou para humanidade,
foi fazer o homem autonegar-se
em busca da excelência
sem lisura
Mal secreto (soneto)
Se o vazio que sente, na saudade que mora
No peito, e sufoca cada gesto recordado
Cada olhar do passado, que a dor devora
Pouco será a imensidão do vasto cerrado
Pra que se possa ecoar tal tristura sonora
A sensação que chora, e a lágrima da face
Que escorre, e que chameja a toda hora
Na recordação, sem que haja desenlace
Se se pudesse, do ser a ventura recrear
Da alma só felicidade então aí dimanar
Tudo seria melhor neste amor inquieto
Mas, está cólera que espuma, e jorra
Da ausência, e a solidão que desforra
Nos cala, e estampa um mal secreto...
(2020, 01 de agosto)
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