Mais Leve que o Ar Tao Doce de Olhar
Talvez a ideia de que o fim do amor é uma coisa negativa seja apenas uma questão de perspectiva. Pois, para mim, a ideia de que um amor acabou significa que, em um dado momento, um amor existiu.
É disso que se trata a escrita. Ser capaz de expressar a dor. Mesmo que tenha vergonha. É por isso que escrever de verdade é arriscado. Arriscamos não sair ilesos dessa experiência.
—No futuro... Se por algum milagre você achar que é capaz de se apaixonar de novo... Se apaixone por mim.— Ele encosta os lábios em minha testa. — Você ainda é minha pessoa preferida, Lily. E sempre será.
Às vezes, uma pessoa acha que, se amar alguém destruído, se amá-lo o bastante, ela pode afinal conseguir consertá-lo. Mas o problema disso é que ela acaba se destruindo também.
O guerreiro marcha enquanto outros andam.
Está em vigília enquanto outros dormem.
Seu esforço o fará ir além, sua atenção o mantém no caminho.
Não conduz o exército, inspira-o.
Não motiva porque treina para o ataque, mas porque ensina a proteger.
Onde se esperava um líder, ele se faz guia; onde se esperava um guia,
Ele se faz Estrada.
Ele fixaria em Deus aquele olhar verde-esmeralda com uma leve poeira de ouro no fundo. E não obedeceria porque gato não obedece. Quando a ordem coincide com sua vontade, ele atende mas sem a humildade do cachorro, o gato não é humilde, ele traz viva a memória da liberdade sem coleira. Despreza o poder porque despreza a servidão. Nem servo de Deus. Nem servo do Diabo.
Lembro agora daquela história que ouvi na infância e acreditei porque na infância a gente só acredita. Mais tarde, conhecendo melhor o gato é que descobri que jamais ele teria esse comportamento, questão de caráter. Dizia a história que Deus pediu água ao cachorro que lavou lindamente o copo e com sorrisos foi levá-lo ao Senhor. Pedido igual foi feito ao gato e o que ele fez? Escolheu um copo todo rachado, fez pipi dentro e dando gargalhadas entregou o copo na mão divina. Conheço bem o gato e sei que ele jamais se comportaria conforme aquela antiga história. O cachorro, sim, bem-humorado faria tudo o que fez ao passo que o gato ouviria a ordem divina mas continuaria calmamente deitado na sua almofada, apenas olhando. Quando se cansasse de olhar, recolheria as patas no calor do peito assim como o chinês antigo recolhia as mãos nas mangas do quimono. Elegante. Calmo. E mergulharia no sono sem sonhos, gato sonha menos do que o cachorro que até dormindo parece mais com o homem. Outro ponto discutível: dando gargalhadas? Mas gato não dá gargalhadas, é o cachorro que ri abanando o rabo naquele jeito natural de manifestar alegria. Os meus cachorros – e tive tantos – chegavam mesmo a rolar de rir, a boca arreganhada até o último dente. O gato apenas sorri no ligeiro movimento de baixar as orelhas e apertar um pouco os olhos como se os ferisse a luz, esse o sorriso do gato. Secreto. E distante. Nem melhor nem pior do que o cachorro mas diferente. Fingido? Não, porque ele nem se dá ao trabalho de fingir. Preguiçoso, isso sim. Caviloso. Essa palavra saiu de moda mas deveria voltar porque não existe definição melhor para um felino. E para certas pessoas que falam pouco e olham muito. Cavilosidade sugere cuidado, afinal, cave é aquele recôncavo onde o vinho fica envelhecendo em silêncio, no escuro. Na cave o gato se esconde solitário, porque sabe do perigo das aproximações. Mas o cachorro, esse se revela e se expõe com inocência, Aqui estou!
O pássaro é livre
na prisão do ar.
O espírito é livre
na prisão do corpo.
Mas livre, bem livre,
é mesmo estar morto.
Fim
Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes,
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas!
Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza...
A um morto nada se recusa,
Eu quero por força ir de burro.
"Uma civilização é um movimento, não uma condição; uma viagem, não um porto."
( Arnold Toynbee )
"Pode-se graduar a civilização de um povo pela atenção, decência e consideração com que as mulheres são educadas, tratadas e protegidas"
( Marquês de Maricá )
"Podemos medir a civilização de um povo pela água e sabão que ele consome."
( Paolo Mantegazza )
"Para uma civilização, não é a técnica que representa o verdadeiro perigo, é a inércia das estruturas."
( Louis Armand )
"Os maiores avanços na civilização são processos nos quais as sociedades em que eles ocorrem ficam arruinadas. "
( Alfred North Whitehead )
"O que os homens chamam de civilização é o estado atual dos seus costumes e o que chamam de barbárie são os estados anteriores. Os costumes presentes serão chamados bárbaros quando forem costumes passados. "
( Anatole France )
"O primeiro sulco aberto na terra pelo homem selvagem foi o primeiro ato de civilização."
( Alphonse de Lamartine )
"O primeiro humano que xingou a seu inimigo em vez de atirar-lhe uma pedra foi o fundador da civilização."
( Sigmund Freud )
"O primeiro humano que insultou o seu inimigo, em vez de atirar-lhe uma pedra, inaugurou a civilização."
( Sigmund Freud )
"O homem civilizado tem uma cabeça mais aberta, mas uma natureza mais imperfeita que o selvagem."
( Margaret Fuller )
"O grau de civilização de um povo é sempre proporcional à qualidade e à quantidade dos vinhos que consome."
( Babrius )
"Mais do que descobrir o fogo ou a roda, o maior triunfo do que chamamos de foi a domesticação do macho humano."
( Max Lerner )
"Estamos condenados à civilização. Ou progredimos ou desaparecemos. "
( Euclides da Cunha )
"Dinheiro, maquinaria, álgebra: os três monstros da atual civilização."
( Simone Weil )
"Como defender uma civilização que somente o é de nome, já que representam o culto da brutalidade que existe em nós, o culto da matéria."
( Mahatma Gandhi )
"Civilização é, antes de mais nada, vontade de convivência."
( José Ortega y Gasset )
"Civilização é o processo de libertar o homem dos outros homens. "
( Ayn Rand )
"Civilização é a distância que o homem colocou entre ele e o lugar dos seus excrementos."
( Brian Wilson Aldiss )
"A nossa civilização está condenada porque se desenvolveu com mais vigor materialmente do que espiritualmente. O seu equilíbrio foi destruído."
( Albert Schweitzer )
"A nossa civilização é em grande parte responsável pelas nossas desgraças. Seríamos muito mais felizes se a abandonássemos e retornássemos às condições primitivas. "
( Sigmund Freud )
"A extrema gera a barbárie extrema."
( Pierre Drieu La Rochelle )
"A decantada civilização tem multiplicado de tal modo as nossas necessidades e desejos, que para os contentar e satisfazer somos forçados, piorando de costumes, a sujeitar-nos a maiores trabalhos e cuidados. "
( Marquês de Maricá )
"A civilização outra coisa não é senão a aceitação, por parte dos homens, de convenções comuns."
( André Maurois )
"A civilização não suprime a barbárie, aperfeiçoa-a."
( Voltaire )
"A civilização não é, em suma, senão uma camada de pintura que qualquer chuvinha lava."
( Auguste Rodin )
"A civilização moderna tem reduzido o número dos tolos, mas aumentado proporcionalmente o dos velhacos."
( Marquês de Maricá )
"A civilização moderna é devida mais à derrubada de erros antigos acumulados, que à descoberta de verdades novas."
( Marquês de Maricá )
"A civilização é uma ilimitada multiplicação de necessidades desnecessárias."
( Samuel Langhorne Clemens )
"A civilização é um progresso de homogeneidade indefinida e incoerente rumo a uma heterogeneidade definida e coerente."
( Herbert Spencer )
"A civilização é o aperfeiçoamento do homem pela educação."
( Adão Myszak )
"A civilização é a razão da igualdade."
( Camilo Castelo Branco )
"A civilização é a arte de viver em cidades de tal tamanho que todos não conhecem todos os outros."
( Julian Jaynes )
"A civilização degrada muitos para elevar apenas alguns."
( Amos Bronson Alcott )
"A civilização converteu a solidão num dos bens mais preciosos que a alma humana possa desejar."
( Gregório Marañón )
"A civilização avançada envolve problemas árduos. Por isso, quanto maior o progresso, mais está ameaçada. A vida está cada vez melhor; porém, evidentemente, cada vez mais complicada."
( José Ortega y Gasset )
Trovas de Amor
Esta menina querida
é meu pé, é minha mão
minha alegria na vida
meu arroz e meu feijão
ela é meu rio, meu lago
meu riacho, meu açude
ela é meu beijo e afago
não quero que ela mude
ela é meu dedo e anel
minha camisa de linho
minha garrafa de mel
meu consolo, meu carinho
se a carne mata a fome
o beijo mata a saudade
a tristeza me consome
eu quero é felicidade
me abraça bem abraçado
quero todo o teu carinho
sem teu abraço apertado
vou me perder no caminho
és água que mata a sede
és chuva no meu roçado
és punho na minha rede
és rima neste recado
essa menina adorada
essa menina querida
que alegria danada
ter ela na minha vida
(des)Contos de Adolescentes!!!
e hoje quem resolveu dar o ar da sua graça
foi a Bela, e a Fera que vive dentro dela
só que a Bela era tão mais fera que a própria
e nem tente cutucá-la com a vara curta
ela simplesmente queria uma rosa
ou um chocolate, um perfume, uma joia talvez
nada tão complicado de se realizar
só que resolveram arranjar foi um namorado
pra coitada, e pior, sem o seu consentimento
dai ela ficou literalmente uma fera...
-eu não quero problemas pra minha vida
e nem arrumar chifre em cabeça de égua
e chifre é uma coisa que ninguém suporta
-estou muito bem solteira, não preciso de
alguém me controlando o tempo todo
tirando minha liberdade e minha paz
-quero mais é ser feliz e estou cheia de razão
e arrumou foi um belo de um cachorro
pra lhe fazer companhia, este sim a amava de verdade
não lhe deixava esperando, e nem mentia pra ela
não a enganava e nem a traía...
e assim seguiu seus dias com a maior satisfação
porque não tinha quem a obrigasse ficar com quem não queria...
porque tá pra nascer aquele que vai mandar na sua vida...
porque ela se ama mais do que tudo... e melhor, ela já tinha um cachorro
e isto já era suficiente para que ela vivesse feliz
pelo menos por enquanto, ou até o dia que ela sentisse a necessidade
de se relacionar, iria escolher a dedo, por quem se apaixonar...
só que ninguém manda nos sentimentos e principalmente no coracao
mas ela há de achar uma solução, porque além de linda ela também é super inteligente, não a subestimem porque a fera é ela!!!
FOI COM ELA E SERÁ COM NÓS
Onde esta ela?
Flutuando no ar que lá não existe
Ou onde esta ele?
Não saberia mais definir agora
Apesar de já ter se envolvido nos seus braços
E de ter absorvido um grande aprendizado
Não saberia vela
A não ser...
Se ainda possui aqueles olhos.
Num dia rimos e no outro choramos
Essa é uma das leis de quem está deitado com o espírito em quieto
Só observando os gestos, os problemas que nós inventamos.
E no final se enforcamos com nossas mãos
A tendência é piorar
E enquanto ela ou ele fica talvez só a observar
Ou a se preparar para que volte pra cá
Com outro terno
Mais moderno e mais pesado...
Estamos num redemoinho impaciente que não quer e não vai parar
Sem respostas só perguntas
Os que se entrelaçam ao mundo
Tapam os olhos para não se afogar
Nesse mar de vácuo que moramos...
Mas enquanto há ela ou a todos eles?
Iremos nos encontrar
Para dar risada de tudo e de todos
Que um dia fomos
E alguns dirão:
Foi uma experiência legal
Qual será a próxima?
Para:Vitória...(minha avó)
CIGARRA
Diamante. Vidraça.
Arisca, áspera asa risca
o ar. E brilha. E passa.
CHUVA DE PRIMAVERA
Vê como se atraem
nos fios os pingos frios!
E juntam-se. E caem.
OUTUBRO
Cessou o aguaceiro.
Há bolhas novas nas folhas
do velho salgueiro.
O HAIKAI
Lava, escorre, agita
A areia. E, enfim, na bateia
Fica uma pepita.
NOTURNO
Na cidade, a lua:
a jóia branca que bóia
na lama da rua.
HORA DE TER SAUDADE
Houve aquele tempo...
(E agora, que a chuva chora,
ouve aquele tempo!)
OS ANDAIMES
Na gaiola cheia
(pedreiros e carpinteiros)
o dia gorjeia.
QUIRIRI
Calor. Nos tapetes
tranqüilos da noite, os grilos
fincam alfinetes.
Tem gente que é tão pesada, mas tão pesada que uma curtida tira a internet do ar... já excluí do meu face, foi o jeito!
"Tal como o homem que enriqueceu não deve esquecer seus dias de pobreza, para não se tornar arrogante e insensível, aquele que se tornou um letrado, um intelectual, não deve desprezar a miséria espiritual e existencial que lhe serviu de ponto de partida e que será sempre, por contraste, a sua medida da escala humana."
Eu deixo-me estar entre o poeta e o sábio.
Vinha a corrente de ar, que vence em eficácia o cálculo humano, e lá se ia tudo. Assim corre a sorte dos homens.
Durante algum tempo ficamos a olhar um para o outro, sem articular palavra. Quem diria? De dois grandes namorados, de duas paixões sem freio, nada mais havia ali, vinte anos depois; havia apenas dois corações murchos, devastados pela vida e saciados dela, não sei se em igual dose, mas enfim saciados.
Quem me pôs no coração esse amor de vida, senão tu?
A história do homem e da terra tinha assim uma intensidade que lhe não podiam dar nem a imaginação nem a ciência, porque a ciência é mais lenta e a imaginação mais vaga, enquanto que o que eu ali via era a condensação viva de todos os tempos.
Não há juventude sem meninice.
O marido era na Terra o seu deus.
Primeira comoção da minha juventude, que doce que me foste!
Vendera muita vez as aparências, mas a realidade, guardava-a para poucos.
Amei a outro; que importa, se acabou? Um dia, quando nos separarmos...
O capitão fingia não crer na morte próxima, talvez por enganar-se a si mesmo.
Preferi dormir, que é modo interino de morrer.
Confesso que foi uma diversão excelente à tempestade do meu coração.
Ninguém me negará sentimento, se não é que o próprio sentimento prejudicou a perfeição...
Explico-me: o diploma era uma carta de alforria; se me dava a liberdade, dava-me a responsabilidade.
Eu amava minha mãe; tinha ainda diante dos olhos as circunstâncias da última bênção que ela me dera, a bordo do navio.
A beleza passara, como um dia brilhante; restavam os ossos, que não emagrecem nunca.
O olhar da opinião, esse olhar agudo e judicial, perde a virtude, logo que pisamos o território da morte.
Cada estação da vida é uma edição, que corrige a anterior, e que será corrigida também, até a edição definitiva, que o editor dá de graça aos vermes.
Em verdade vos digo que toda a sabedoria humana não vale um par de botas curtas.
Eu, que levava ideias a respeito da pequena, fitei-a de certo modo; ela, que não sei se as tinha, não me fitou de modo diferente; e o nosso olhar primeiro foi pura e simplesmente conjugal.
Verdade é que tinha a alma decrépita.
Talvez cinco beijos; mas dez que fossem não queria dizer coisa nenhuma.
Eram tantos os castelos que engenhara, tantos e tantíssimos os sonhos, que não podia vê-los assim esboroados, sem padecer um forte abalo no organismo.
De amor? Era impossível; não se ama duas vezes a mesma mulher, e eu, que tinha de amar aquela, tempos depois, não lhe estava agora preso por nenhum outro vínculo, além de uma fantasia passageira, alguma obediência e muita fatuidade.
Morreu sem lhe poder valer a ciência dos médicos, nem o nosso amor, nem os cuidados, que foram muitos, nem coisa nenhuma; tinha de morrer, morreu.
Mas, se além do aroma, quiseres outra coisa, fica-te com o desejo, porque eu não guardei retratos, nem cartas, nem memórias, a mesma comoção esvaiu-se, e só me ficaram as letras iniciais.
Se os narizes se contemplassem exclusivamente uns aos outros, o gênero humano não chegaria a durar dois séculos: extinguia-se como as primeiras tribos.
A conclusão, portanto, é que há duas forças capitais: o amor, que multiplica a espécie, e o nariz, que a subordina ao indivíduo. Procriação, equilíbrio.
A valsa é uma deliciosa coisa.
Ventilai as consciências!
Há umas plantas que nascem e crescem depressa;outras são tardias e pecas. O nosso amor era daquelas; brotou com tal ímpeto e tanta seiva, que, dentro em pouco, era a mais vasta, folhuda e exuberante criatura dos bosques.
Uniu-nos esse beijo único - breve como a ocasião, ardente como o amor, prólogo de uma vida de delicias, de terrores, de remorsos, de prazeres que rematavam em dor, de aflições que desabrochavam em alegria - uma hipocrisia paciente e sistemática, único freio de uma paixão sem freio.
Correm anos, torno a vê-la, damos três ou quatro giros de valsa, e eis-nos a amar um ao outro com delírio.
Não há amor possível sem a oportunidade dos sujeitos.
Contou-me que a vida política era um tecido de invejas, despeitos, intrigas, perfídias, interesses, vaidades.
Recordei aquele companheiro de colégio, as correrias nos morros, as alegrias e travessuras, e comparei o menino com o homem, e perguntei a mim mesmo por que não seria eu como ele.
Só as grandes paixões são capazes de grandes ações.
Vi que era impossível separar duas coisas que no espírito dela estavam inteiramente ligadas: o nosso amor e a consideração pública.
Esta é a grande vantagem da morte, que, se não deixa boca para rir, também não deixa olhos para chorar...
A intensidade do amor era a mesma; a diferença e que a chama perdera o tresloucado dos primeiros dias para constituir-se um simples feixe de raios, tranquilo e constante, como nos casamentos.
- Repito, a minha felicidade está nas suas mãos - disse eu.
Continuei a pensar que, na verdade, era feliz.
A velhice ridícula é, porventura, a mais triste e derradeira surpresa da natureza humana.
O caso dos meus amores andava mais público do que eu podia supor.
Quem escapa a um perigo ama a vida com outra intensidade.
Esta era a minha preocupação exclusiva daquele tempo.
Verá que é deveras um monumento; e se alguma coisa há que possa fazer-me esquecer as amarguras da vida, é o gosto de haver enfim apanhado a verdade e a felicidade.
Não digo tanto; há coisas que se não podem reaver integralmente; mas enfim a regeneração não era impossível.
Você não merece os sacrifícios que lhe faço.
Eu não, eu abençoava interiormente essa tragédia, que me tirara uma pedrinha do sapato.
Saiu; eu fiquei a ruminar o sucesso e as consequências possíveis.
Meu coração tinha ainda que explorar; não me sentia incapaz de um amor casto, severo e puro.
Era medo e não era medo; era dó e não era dó; era vaidade e não era vaidade; enfim, era amor sem amor, isto é, sem delírio; e tudo isso dava uma combinação assaz complexa e vaga, uma coisa que não podereis entender, como eu não entendi.
Cuido que não nasci para situações complexas.
O tempo caleja a sensibilidade e oblitera a memória das coisas.
Não a vi partir; mas à hora marcada senti alguma coisa que não era dor nem prazer, uma coisa mista, alívio e saudade, tudo misturado, em iguais doses.
Era-me preciso enterrar magnificamente os meus amores.
Era tudo: saudades, ambições, um pouco de tédio, e muito devaneio solto.
Morriam uns, nasciam outros: eu continuava às moscas.
A evolução, porém, é tão profunda, que mal se lhe podem assinar alguns milhares de anos.
Crê em ti; mas nem sempre duvides dos outros.
A vida elegante e polida atraí-a, principalmente porque lhe parecia o meio mais seguro de ajustar as nossas pessoas.
Esse sentimento pareceu-me de grande elevação; era uma afinidade mais entre nós.
Em suma, poderia dever algumas atenções, mas não devia um real a ninguém.
O leitor, entretanto, não se refugia no livro senão para escapar à vida.
Concluí que talvez não a amasse deveras.
Grande coisa é haver recebido do céu uma partícula da sabedoria, o dom de achar as relações das coisas, a faculdade de as comparar e o talento de concluir!
Quero dizer, sim, que em cada fase da narração da minha vida experimento a sensação correspondente.
Nunca me há de esquecer o benefício desse passeio, que me restituiu o sossego e a força. A palavra daquele grande homem era o cordial da sabedoria.
Vida é luta. Vida sem luta é um mar morto no centro do organismo universal.
Não havendo nada que perdure, é natural que a memória se esvaeça, porque ela não é uma planta aérea, precisa de chão.
Por que é que uma mulher bonita olha muitas vezes para o espelho, senão porque se acha bonita, e porque isso lhe dá certa superioridade sobre uma multidão de outras mulheres menos bonitas ou absolutamente feias?
De modo que, se eu disser que a vida humana nutre de si mesma outras vidas, mais ou menos efêmeras, como o corpo alimenta os seus parasitas, creio não dizer uma coisa inteiramente absurda.
Com efeito, era impossível crer que um homem tão profundo chegasse à demência.
Afirmo somente que foi a fase mais brilhante da minha vida.
Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento.
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