Mae nunca Morre
Ninguém aqui morre só a sua morte; / é um pouco de nós todos que se vai / e naquele que nasce há um pouco de todos nós / que se torna outro.
Nunca serei juiz. Neste grande vale onde a espécie humana nasce, vive, morre, se reproduz, se cansa, e depois volta a morrer, sem saber como nem porquê, distingo apenas felizardos e desventurados.
O livro é igual ao samba: pode até agonizar, mas não morre.
Apenas há princípios imortais, visto que, no dia em que um princípio morre, apercebemo-nos de que se tratava simplesmente dum paradoxo.
Lembra-me, Mãe querida, a glória que me deste,
A alegria do lar no lençol de cravinas,
A mesa, o livro, o pão e as canções cristalinas,
As preces de ninar, no humilde berço agreste.
Ao perder-te, no mundo, o carinho celeste,
Vendo-te as mãos em cruz, quais flores pequeninas,
Fui chorar-te, debalde, ao pé das casuarinas,
Buscando-te a presença entre a lousa e o cipreste!...
Entretanto, do Além,caminhavas comigo,
Vinhas, a cada passo, anjo piedoso e amigo,
Guardar-me o coração na fé radiante e calma.
E, quando a morte veio expor-se à noite escura,
Solucei de alegria, em preces de ternura,
Em te revendo a luz, conduzindo minha’alma!...
Uma boa mãe dá ao enteado um pedaço de bolo igual ao que dá ao próprio filho, mas fá-lo de maneira diferente.