Homem e Igual Lata uma Chuta a outra Cata
Falar a verdade na lata, na bucha e no prego é melhor do que falar no púlpito, porque o pecador manifesta a sua justificativa.
Arremesse para a lata de lixo todo luxo que contribue para a sua sujeira mental, principalmente as ofertas dos ricos.
O que deixa o bom português e usa termos ingleses para fugir de ser vira-lata, acaba caindo dentro da lata.(Walter Sasso)
A ESTRIPULIA DO REX
Demétrio Sena, Magé - RJ.
O Rex é um vira-lata. Quase de raça, porque é filho de um também vira-lata com uma poodle. Um belo, talvez terrível dia, o pai sumiu no mundo, como um bom vira-lata que era ou ainda é, mas a mãe poodle não o abandonou, enquanto viveu. Deu-lhe todo amor, atenção e cuidados, como poucas mães humanas contemporâneas fazem.
Depois que a mãe, de nome Sofia se foi, o Rex passou a ser cachorro único, naquela casa. E como todo bom filho único, é cheio de mimos e vontades. Uma peste, mas no bom sentido, pois as suas travessuras agradam a todos. Nem sempre na hora exata, mas acabam por agradar. Principalmente às crianças, que fazem farra o dia inteiro com o amiguinho hiperativo e sem vergonha.
Dia destes o Rex inventou de comer o sofá, quando todos estavam distraídos. A turma decorava o quintal para uma festinha de aniversário, e a casa ficou inteiramente vazia. O danado parou em frente à peça caríssima, comprada em parcelas nas Casas Bahia. Olhou atentamente pra fora; depois pra dentro; novamente pra fora; novamente pra dentro. Quando viu que o momento era propício, não perdeu tempo: botou os dentes para funcionar.
Só muito mais tarde, bem depois do bolo e dos parabéns, foi que a família viu o estrago: um buraco enorme no sofá e farelos de espuma por toda a sala. O Rex estava escondido. Sabia o que tinha feito, e não queria dar as caras. Com isso, a raiva pela estripulia do bicho teve que se juntar à preocupação, pela ideia geral de sua fuga.
Horas depois, a turma deu por si: toda vez que aprontava, o Rex buscava exílio embaixo do velho fusca esquecido nos fundos do quintal. Já sorridentes e totalmente esquecidos do sofá, exatamente como Rex planejara, foi que os meninos o acharam... lá estava ele, cheio de manhas, olhando para todos com aquela cara de filho da poodle.
A FUGA DAS PALAVRAS
Demétrio Sena, Magé – RJ.
Dizia tudo na lata. Não tinha medo e limite. Jamais temeu os efeitos insondáveis de suas palavras diretas; contundentes. Muitas vezes, profundamente ofensivas... e sempre assim. Na lata. Sem eufemismos, metáforas nem rodeios, doesse a quem doesse.
No entanto, apesar de sua forma intempestiva de falar, ele tinha sempre um discurso mágico. Verdadeiro e profundo. Daqueles de fazer qualquer pessoa refletir e até mudar de postura. Era consistente no que dizia, não titubeava e jamais permitia que, fosse o que fosse, passasse em branco. Quando tinha notícias de que alguém enganara o cônjuge, abria o verbo; falava poucas; digo; muitas e boas. Ao saber que um pai batera no filho, que uma pessoa fora desonesta ou injusta com outra, ia lá. Golfava tudo. Como sempre, na lata. Sem medo, medida, meias palavras, contornos ou disfarces.
Mesmo assim, sempre foi alguém querido. Muito querido e respeitado, pois era o que dizia; o que seus discursos mostravam. Vivia cada palavra que deixava fluir. Era um cidadão honesto, verdadeiro, fiel, bom pai, trabalhador, cumpridor de seus deveres. Não havia, naquele homem, qualquer indício de superficialidade ou hipocrisia.
Mas um dia o caldo entornou. Ou as palavras entornaram. Cheio de compromissos a cumprir, e com muita pressa, o homem saiu sem ter feito com o mesmo zelo, o que sempre fazia depois de abrir o verbo sobre alguma postura inadequada: tampar hermeticamente uma grande lata, sem qualquer conteúdo notório nem palpável, que ele mantinha no sótão de sua bela e grande casa. Uma lata secreta, como era o lugar no qual nem mesmo sua esposa e os filhos entravam, e de cuja existência os parentes e amigos, então, nem sabiam. Muito menos da lata única. Sem nenhuma igual.
Foi assim que o inusitado aconteceu. Com brechas expostas, a lata foi liberando, um a um, todos os discursos e desabafos do cidadão inconformado com as mazelas do mundo. Com as injustiças e os desmandos do ser humano. Suas palavras foram tomando as ruas, invadindo ouvidos, mentes e corações, e fazendo pensar... sentir... se arrepender. Foi um dia grandioso, em que as pessoas consultaram a consciência e, comovidas, tomaram a decisão de mudar para melhor. Deixar de fazer o mal, cometer qualquer ato que pudesse prejudicar o próximo, e, por conseguinte ou extensão, o distante.
Já sabedor do seu descuido que resultou a fuga das manifestações de muitos anos, e, apavorado com o volume repentino, agressivo e tamanho de franquezas que, por sua culpa, tomaram o espaço daquela cidade, o bom homem voltou em casa, muito às pressas, e fugiu com a família. Não quis esperar pelas consequências do ocorrido que logo se tornaria histórico, não só ali, mas em todo o planeta.
Desnecessária, sua fuga. As consequências não poderiam ser melhores. Caso ficasse, o seu único arrependimento seria o de não ter dito muito antes, não na lata, mas na cara de cada cidadão, todos aqueles discursos maravilhosos, capazes de mudar tantas vidas.
ALÉM DA LATA
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Que o ser simples não seja ser carente,
não ter bens, formação superior,
faltar dente, sobrar obediência,
não saber discutir uma questão...
Ou que seja, mas não tenha que ser,
pouco importe a condição social,
seja o simples saber simplificar
e sentir que o respeito não tem faixa...
Discrimine o caráter quando é mau;
trate bem o sujeito quando é bom;
use o dom de mirar além da lata...
O ser simples não tenha ter/não ter,
mas o ser sobre todas as miragens
do Saara de nossas ditaduras...
CORAÇÃO CANSADO
Demétrio Sena - Magé
Você vai me perder num bueiro da vida,
numa lata baldia jogada em seu chão,
num desvão sem saída que se fecha em si
e depois evapora com o que digere...
Porque sei, você pensa que me joga fora,
porém joga seu mundo no Japão do poço,
rói um osso e não sabe que tem alma e carne
onde mora um sentir que ninguém mais teria...
Sei que vou me perder se você me perder,
pois eu acho que ser não me convém assim
sem você que sem mim nunca mais se achará...
Tenho medo do medo que você não tem
de ser só, pois só sabe não saber ouvir
o apito do trem dum coração cansado...
... ... ...
#respeiteautorias É lei
"LATA D'ÁGUA NA CABEÇA, LÁ FOI MARIA
Demétrio Sena - Magé
Quando Maria Lata D'água, ex-passista da Portela, com passagem por outras escolas de samba voltou ao Brasil com seu esposo Charles, com o qual se casou na Suiça, o Paulo Redator e eu, que redigia seu jornal, fomos os primeiros a entrevistá-la. Eles vieram morar no Município de Magé. Em um sítio bucólico de Bongaba, no sexto distrito. Charles era um membro de família real na Suiça, que se apaixonou por Maria, quando a viu sambar graciosamente com uma lata de vinte litros d'água na cabeça (foi assim que Maria se tornou Maria Lata D'água) e ambos não demoraram a se tornar um casal que viveu junto até que a morte (o esposo morreu primeiro) os separou.
Maria foi tema de homenagens no mundo do samba (lata d'água na cabeça, lá vai Maria...) e foi inspiração para muitas passistas que vieram depois dela. Quando voltou da Suiça, já na meia idade, foi grande a correria de jornais que a procuraram para matérias que despertaram muito interesse. Maria e Charles receberam o Paulo e a mim com sorrisos, café, bolo e uma entrevista muito alegre, na qual expressava sua gratidão à vida. Ela passou a frequentar a Igreja Católica de Piabetá e, quando Charles faleceu, entregou seus bens a entidades, foi viver em um convento e passou a participar das programações da Rádio Católica Canção Nova, em São Paulo.
Não escavei detalhes de sua morte ontem, da qual eu soube logo depois de falar dela para o Arnaldo Rippel, um amigo de Petrópolis, que acabara de fazer um poema em homenagem à escola de samba Portela. Sei que morreu aos noventa anos. Tive com ela e o Charles uma curta e doce amizade. Nunca mais a vi, senão em matérias pontuais do meio católico. Ficam boas lembranças de uma artista e ser humano incomuns, não pela fama, e sim, pela sensibilidade, o coração sempre aberto e uma grande simpatia.
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#respeiteautorias É lei
Por mais incômodo que seja, o barulho da lata vazia jamais roubará a Paz daqueles que sobreviveram ao barulho da própria lata cheia.
A admiração e a beleza que sentimos na natureza, mostra que ela é divina; descobrir a ordem científica da natureza significa aproximar-se de Deus.
Sim, posso parecer boba mas eu tenho certeza que você é esse cara, posso estar sendo rápida demais com esse pensamento, posso estar me iludindo com algo que não existe, mas eu nunca vou deixar de investir em você, nunca apostei tanto em alguém como eu aposto que mesmo nós tendo esses momentos de brigas depois nós vamos nos reconciliar.
Ás vezes tudo que eu quero é ficar só. Somente eu e minha solidão, eu e as minhas mágoas, eu e a minha saudade de tudo que um dia foi bom.
E graças a você eu aprendi a escutar rock, a sentir minha essência, procurar minha paz interior, buscar a verdade e não aceitar o que me dizem calada. Mesmo você tendo me destroçado, ao mesmo tempo você veio me ensinando a viver enquanto sou jovem.
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