Gosto do Perigo

Saiba discernir a medida final de tudo. Mas nunca seja suficientemente bom a ponto de julgar-se bom demais!

Infeliz do homem que nunca atravessou momentos aflitivos. Nem sua sombra o suportará!

Para conhecer o real caráter de uma pessoa, basta observar a forma como julga. Pois todo acusador costuma ser aquilo que condena nos demais!

Normalmente as pessoas cheias de si são minusculas demais para merecerem ser vistas!

Quando duas pessoas inteligentes se casam, o menor dos problemas será a rotina!

O ser humano nasce e morre várias vezes ao longo do dia. Depende do tempo que passa em frente à TV.

Pensamento positivo, conspiração do universo, técnicas de autoajuda: tudo inútil, vão e frustrante, se você não tiver Deus no coração. Pois a diferença entre o êxito e o fracasso chama-se Jesus!

Não é na solidão que se observa a carência de amigos, mas no grande número de pessoas ao redor!

Nunca bata, nunca humilhe, nunca traia, nunca ofenda. Ainda que a manhã não lembre do sol, um agressor jamais será esquecido!

Se você não tem luz própria para doar, seja humilde e una-se aos que precisam!

O amor é um analgésico para a alma. E como tal, sua dose exagerada produz justamente o que deveria combater!

Quando o sal é visto na comida, ele seguramente será incômodo ao paladar. Assim, as pessoas mais dignas desse mundo são justamente aquelas que ignoram seus aplausos!

É normal que um jardim devastado gere lágrimas. Mas elas só durarão até a chegada da próxima primavera!

Da boca de pessoas nobres ressoam relevâncias. Todavia as pessoas pequenas só falam de pessoas!

Todo aquele que se afasta da inveja adquire meios e tempo para descobrir o seu papel no universo!

Na cena injusta prefira abrir a boca ao invés de lavar as mãos!

Não é o conteúdo que determina o real valor de uma palavra, mas a escolha do momento mais oportuno para proferi-la!

Silêncio. Eu te conheço por ouvir dizer.

A saudade é a maior de todas as mágoas.

Mas o tempo passa rápido, olhe que as florzinhas do Montsouris já brotaram, que as crianças já vieram, que todos tomam sol esparramdos na grama, e o pombinho que havia caído no lago, batendo deseperada e inutilmente as asas, bem que foi salvo por um menino de boné branco. Nada mais contraditório do que ler Camus num domingo assim tão pleno. Aqui na terra tudo vai bem. Bem. E hoje, excepcionalmente, não temos vertigem. A banda começa a tocar, abafando o riso das crianças. Nada existe e tudo existe, a música cada vez mais forte, cada vez mais forte, abafando a morte e me distraindo da minha leitura." (O último verão em Paris, crônicas, 2000)