Genuíno
O ESPETÁCULO DA VIDA.
O público atento contemplava
a história que no palco se passava
pois o ator, que antes menino se fazia
agora adulto faria, sem imaginar
que cedo, a cena teria que deixar.
Para cada cena vivida
uma expressão vívida se via
no rosto daquele que atento assistia
o espetáculo que no palco acontecia.
Então a angústia se viu
no rosto daquele que no palco subiu
para a cena da vida realizar
pois cedo o show teria que deixar.
A platéia agora com tristeza contemplou,
aquele que com ajuda no palco entrou
agora com ajuda o palco deixar,
sem sua história terminar.
Assim, o espetáculo acabou,
e a cortina da vida se fechou..
Não sei sobre meu tempo,
Foi-se o tempo das previsões,
Mas enquanto há tempo,
Limito minhas indagações.
Hoje tenho mais respostas do que dúvidas,
porque busco apenas soluções,
antes eu apenas criava os problemas.
E assim eu vou indo, tranqüilo...
Quando não houver respostas,
É porque me esqueci das dúvidas.
SOLIDÃO
Vejo você aqui novamente, minha velha companheira,
Somos tão amigos quanto o céu é do mar.
Minha solidão mensageira, contigo aprendi a cantar,
São versos da noite, são medos e fantasmas,
Você me acompanha enquanto grito meu solo de amor.
As estrelas brincam de adivinhar nossas conversas,
Falam da lua e minha promessa de viver um amanhã,
Outro dia sem que você me diga que tenho que chorar.
O sol é um chato despertador e o vento um inconveniente,
Não entendem essa paixão verdadeira, porque no silêncio,
Ouço o som do sorriso que imagino existir em minha alma.
Ontem eu vi a multidão calada, vi correr pelos dedos um “sim”, senti que o perdão corria pelos rostos e se perdia na imaginação, havia tantos corações, e de verdade, apenas uma grande mentira, está tão impiedosamente só em meio ao silêncio de uma gritaria.Minha velha amante solidão, não é nem mesmo um passado,vieste tão rasteira quanto a idade que me deu razão, somos então uma música de estações.O calor nos separa por instantes, o inverno nos une pela força, o outono nos ensina a brincar de se esconder,e a primavera, nos enfeita de amores que nunca virão.Um dia haverá nossa despedida, um horizonte se abrirá como uma eterna caminhada, somente um seguirá os
passos da eternidade.Vai você na frente pois preciso entender o que o amor pretende.
rimamisterio olhar talhadosaudadeduvidasPOEMA DE AMOR
Falar de amor é poesia
Um verso talhado
num olhar perdido.
O sonho se perde
Nessa paixão que dói
Uma rima desconhecida.
Dizer o amor num poema
Esse mistério da vida
Não há duvidas no olhar.
Uma lágrima que corre
Entre a saudade e o beijo
Abraça com força a vida.
Esse é o jogo do amor
Um vento que não se prende
Sente-se por toda parte.
Essa é a única verdade
Não se vive sem amor
Mesmo desconhecido.
Fazer o mal a alguem é tào facil e nào faltarão colaboradores.No entanto fazer o bem é tão difícil porque normalmente o fazemos sozinhos pela falta enorme que todos temos para encontrarmos colaboradores.
Não existe homens puros, que dirá nos que estamos sempre a pecar.Nào basta termos Deus em nossos corações para nos considerarmos puros é preciso que todos os dias nos penitenciemos de nosssos pecados até o dia em que seremos chamados por ele a prestar contas.
Verdadeiramente amamos a uma mulher quando sem ela não podemos viver. Esse é o amor eterno que nos levará ao encontro de nosssa amada, quando juntos, nos estivermos unidos na eternidade do amor em Cristo.
ESTOU FICANDO VELHO
Estou ficando velho, sem memória, talvez seja essa então minha glória, perder no meu arquivo a lembrança daquilo que não mais existe, daquilo que já existiu. Vai-se ficando velho sem a dor da separação, virando o presente, uma grande manifestação de novos e importantes achados, novas descobertas, novos amores. Estou ficando velho pelos olhos tristes da mesmice, da resignação inconteste, da covardia e do medo da morte. Estou ficando velho..., tão velho quanto a força de viver uma eternidade sem a lembrança dessa mesma velhice.
HOJE
Hoje, quando forte eu me sinto, um sabido do mundo, um traído dos sonhos, digo que nada sei, além de receber aquilo que todo dia se repete. Meu amor de antes era um nome lindo, o de hoje também, diferentes numa mesma emoção, diferentes instantes de cores indefinidas, qual luz que se volta contra o espelho, refletindo a verdade que me recuso a admitir. Meu sorriso ainda marca uma presença cheia de esperança, mas a marca é maior quando o choro chega realçando a dor do que já foi perdido. Hoje minha música varia o tom, mais baixo, mas não variam as notas dissonantes nem os acordes livres da imaginação. Minha vida é uma aquarela incipiente, de cores fortes e neutras na exposição, porque não mostra minha alma perdida entre o céu e a realidade. Hoje o rio passa, mas não sigo suas águas porque meu mar não aceita dúvidas existenciais nem gritos de loucura, minha velhice não permite um passado enquanto o tempo não me disser que me quer como criança. Hoje filosofo pequenas e irrelevantes perguntas, haja vista a grande dúvida da morte.
Tão mendigo e invejoso que olhava o pobre catando comida, enxergando o caviar que jamais comera..., morreu empanturrado de desejos.
Vítima
Criança inocente ao dizer um palavrão – tem um adulto negligente a ofendê-la. Elas na inocência repetem esses lixos verbais. Como dói ouvir adultos ofendê-las em nome da boa educação, pois precisa dar-lhe um corretivo quando comete um “erro”. Ora, como pode um inocente cometer erro? Porque será que no dia-a-dia encontramos tantos adultos com dificuldade de se relacionar?
Que os nossos santos padroeiros nos ajudem na caminhada difícil deste deserto, em busca da terra de Canaã
há momentos da vida que vivemos literalmente um inferno, cairmos do céu para o fundo do poço do inferno
Mulher feia, também, deve ter seus encantos. Afinal como ela convence os céus para permanecer entre nós.
TREZE
Cansado de ser servido,
em prantos regados de cor e som
para comensais risonhos,
que dilaceram nossos valores,
com os dentes afiados.
Quero agora, no momento lúcido
gritar o necessário fato,
de que os treze ou treze
não nos diz nada além
do que vocês, caros convivas,
querem mostrar, encobrir, ostentar.
Criaram fotos coloridas,
comemorações festivas,
toques de tambores e atabaques,
para mostrar que somos
livres, felizes, e aceitos.
Tolas mentiras!
somos sim:
lascas de suor,
cortes de chicotes,
cheiro de fogão
entradas de serviço.
Precisamos fazer algo sim
para que ao invés
do paternalismo brutal
da gentil princesinha
haja a liberdade
de podermos realmente
abrir a porta desta senzala
para fazer a festa da cor real
do som dos atabaques
de danças e corpos
que rasgarão a noite,
os tempos
no verdadeiro canto
da ABOLIÇÃO que ainda não houve.
De O Arco-Íris Negro, São Paulo, 1978
Preferências
Para Nelson Gonçalves Maca*
Acho o Machado porreta
Tanto quanto o Barreto
Assis está para Lima
Quanto o enredo e a vida
Usam os dois como estetas
São também compatíveis
De modo natural
D2 , Cartola, BuleBule
Bezerra, Djavan e Mano Brown
Nunca recuse o conhecimento
Não adiantaria o som do clássico
Se omitida a voz do gueto
A alma humana, alegre ou trágica
Ergue-se, acima dos preconceitos
Quero ligar, ouvir e ver
Quilombo Vivo,
Blackitude
Maestros e ÊMeCis
Afrogueto, Quilombola
Testemunhas, Chopin
Buarque e Elemento X
Ogãs, makotas e pierrots
Hera Negra
Os meninos do CRIA
Pois em tudo mora a arte
Em todos vive a poesia
Viajo na batida
Libertária, confidente
Na denúncia da violência
Do policial demente
Gosto da espera vertida em versos
Ou o olho vivo que espreita
Quilombo armado de rima
Lanças, línguas e canetas
Espetando de todos os jeitos
As goelas dos racistas, elitistas
Pretensamente perfeitos
A perfeição pode ser métrica
Mas o poema da vida
Nunca se deu só por ela
Feliz ou satisfeito
A perfeição é um A U com rolê
Ou o passo da passista
Um Stradivarius, Monet
Transformando agonia e fome
Em arte pura e sem nome
Que brota da pedra e da pista
Dos fatos, do incidente
Da criação, do artista
Rima, peleja, repente
Cantador ou DJ, nesta fita
Daí certas preferências
Que alimento, como revide
Desaforo posto no verso
Como nos versos do Thaíde
Ou de outros repentistas
Profetas de toda coragem
Carregando pelo mundo
Caminho novo e viagem
Fazendo de modo correto
Ensinamento e mensagem
E outros atrevidos, sagrados
Estrelas brilhando no dia
Como meu mestre Maca
Língua qual gume de faca
Entendendo toda poesia
De Homero ao quilombola Juno
Vencendo os estereótipos
Reeducando a academia
