Genuíno

Cerca de 17833 frases e pensamentos: Genuíno

Muitas pessoas passaram por mim, dia após dia.
Mas somente algumas dessas pessoas, ficarão para sempre em minha memória.
Essas pessoas são ditas amigas, e as levarei para sempre em meu coração,
às vezes pelo simples fato de terem
cruzado meu caminho,às vezes pelo simples fato de terem dito uma única palavra de conforto quando eu precisei.
Às vezes por ter me dado um minuto de sua atenção,e me ouvido falar de minhas angústias, medos, vitórias, derrotas...
Isso é ser amigo: é ouvir, é confiar, é amar.
E amigos de verdade,
ficam para sempre em nossos corações,
assim como as pegadas na alma, que são indestrutíveis...

Os sismógrafos não escolhem os terremotos, reagem aos que vão ocorrendo, e o blog é isso, um sismógrafo.

José Saramago

Nota: Trecho de uma entrevista feita pelo jornal argentino "Clarín", em Junho de 2009.

Olhar, ver e reparar são maneiras distintas de usar o órgão da vista. Só o reparar, no entanto, pode chegar a ser visão plena.

José Saramago

Nota: Adaptação por Jonny Anderson

Em rigor, não tomamos decisões, são as decisões que nos tomam a nós.

José Saramago
Obra: Todos os nomes

Não se percebeu ainda que o instinto serve melhor aos animais do que a razão serve ao homem.

Empresta

Empresta as suas mãos
Pra eu sentir a vida
Empresta a sua boca
Pra eu fazer um beijo
Empresta o seu corpo
Para que eu possa renascer
Fazer um carnaval ferver
Empresta o seu olhar
Pra iluminar a minha festa
Empresta, empresta
E eu lhe darei o céu
Se for preciso
Empresta
Pelo menos o seu sorriso

Grande coisa, afinal, é o suor
Sem ele, a vida não seria luta,
Nem o amor amor.

José Saramago
Os Poemas Possíveis

A palavra de que eu gosto mais é não. Chega sempre um momento na nossa vida em que é necessário dizer não. O não é a única coisa efetivamente transformadora, que nega o status quo. Aquilo que é tende sempre a instalar-se, a beneficiar injustamente de um estatuto de autoridade. É o momento em que é necessário dizer não. A fatalidade do não - ou a nossa própria fatalidade - é que não há nenhum não que não se converta em sim. Ele é absorvido e temos que viver mais um tempo com o sim.

Perder tempo a explicar por que gosta seria pouco menos que inútil, há coisas na vida que se definem por si mesmas, um certo homem, uma certa mulher, uma certa palavra, um certo momento, bastaria que assim o tivéssemos enunciado para que toda a gente percebesse de que se tratava, mas outras coisas há, e que até poderão ser o mesmo homem e a mesma mulher, a mesma palavra e o mesmo momento, que, olhadas de um ângulo diferente, a uma luz diferente, passam a determinar dúvidas e perplexidades, sinais inquietos, uma insólita palpitação...

Nunca terá sido perdido o dia em que fomos contemplados, ao menos, com um bom conselho.

Se não houvesse tristeza nem miséria, se em todo lugar corressem águas sobre as pedras, se cantassem aves, a vida podia ser apenas estar sentado na erva, segurar um malmequer e não lhe arrancar as pétalas, por serem já sabidas as repostas, ou por serem estas de tão pouca importância, que descobrí-las não valeria a vida duma flor.

José Saramago
Memorial do Convento

Pobres são aquelas pessoas que precisam de muito para viver.

Nós somos manipulados, enganados, desde que nascemos!

Talvez rejeição não seja a palavra mais apropriada, o caracol não rejeita o dedo que lhe toca, encolhe-se. Será a maneira que ele tem de rejeitar? Será. No entanto, você, à vista desarmada, não tem nada de caracol, às vezes penso que nos parecemos muito. Quem, você e eu? Não, eu e o caracol...

(O homem duplicado)

Não é bem assim. Houve um tempo em que as palavras eram tão poucas que nem sequer as tínhamos para expressar algo tão simples como Esta boca é minha, ou Essa boca é tua, e muito menos para perguntar Por que é que temos as bocas juntas.

(O homem duplicado)

... Ter como objetivo vital o triunfo
pessoal tem consequências.
Mais tarde ou mais cedo, tornamo-nos
egoístas, mais concentrados em nós mesmos, insolidários...

Autoritárias, paralisadoras, circulares, às vezes elípticas, as frases de efeito, também jocosamente denominadas pedacinhos de ouro, são uma praga maligna, das piores que têm assolado o mundo. Dizemos aos confusos, Conhece-te a ti mesmo, como se conhecer-se a si mesmo não fosse a quinta e mais dificultosa operação das aritméticas humanas, dizemos aos abúlicos, Querer é poder, como se as realidades bestiais do mundo não se divertissem a inverter todos os dias a posição relativa dos verbos, dizemos aos indecisos, Começar pelo princípio, como se esse princípio fosse a ponta sempre visível de um fio mal enrolado que bastasse puxar e ir puxando até chegam-nos à outra ponta, a do fim, e como se, entre a primeira e a segunda, tivéssemos tido nas mãos uma linha lisa e contínua em que não havia sido preciso desfazer nós nem desenredar estrangulamentos, coisa impossível de acontecer na vida dos novelos e, se uma outra frase de efeito é permitida, nos novelos da vida.

Estamos neuróticos. Não só existe desigualdade na distribuição da riqueza como também na satisfação das necessidades básicas. Não nos orientamos por um sentido de racionalidade mínima. A Terra está rodeada de milhares de satélites, podemos ter em casa cem canais de televisão, mas para que nos serve isto neste mundo onde tantos morrem? É uma neurose coletiva, as pessoas já não sabem o que é que lhes é essencial para a sua felicidade.

José Saramago

Nota: (publicado em Zero Hora, 1997) José Saramago, sobre a nossa neurose.

Quando eu penso em desistir, eu lembro o quanto foi duro chegar até aqui.

Nem aqui, nem agora. Vã promessa
Doutro calor e nova descoberta
Se desfaz sob a hora que anoitece.
Brilham lumes no céu? Sempre brilharam.
Dessa velha ilusão desenganemos:
É dia de Natal. Nada acontece.

José Saramago
Os Poemas Possíveis