Frases de Jean de La Bruyère

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Os homens desejam ser escravos em qualquer parte e colher aí a força para dominar noutro sítio.

Quase ninguém se apercebe, por si próprio, do mérito de outra pessoa.

Não poder suportar todos os maus carácteres de que a sociedade está cheia não revela bom carácter: e isso é indispensável no comércio das peças de ouro e da moeda.

Todo o espírito que existe no mundo é inútil para quem não o tem; ele não tem perspectivas sobre nada e é incapaz de aproveitar as dos outros.

Vida é uma tragédia para quem sente, e uma comédia para quem pensa.

A impossibilidade de provar que Deus não existe é a melhor prova de sua existência.

Enquanto os homens estiverem sujeitos a morrer, gostando de viver, os médicos serão metidos a ridículo e bem pagos.

É alcançar muito de um amigo se, tendo subido ao poder, ainda se recorda de nós.

Para mandar muito tempo e absolutamente sem alguém é indispensável ter a mão leve e, nunca lhe fazer sentir, por pouco que seja, a sua dependência.

A troça é muitas vezes pobreza de espírito.

É preciso um espírito especial para se fazer fortuna, sobretudo uma grande fortuna; não se trata nem do espírito bom nem do belo, nem do grande nem do sublime, nem do forte nem do delicado; não sei precisamente de qual se trata, e espero que alguém me possa esclarecer a tal respeito.

Entre todas as expressões diferentes que pode tomar cada um dos nossos pensamentos só há uma que seja boa.

À força de fazermos novos contratos e de vermos o dinheiro crescer nos nossos cofres, acabamos por nos julgarmos inteligentes e quase capazes de governar.

Entre todas as diferentes expressões que podem reproduzir um único dos nossos pensamentos só há uma que seja a boa. Nem sempre a encontramos ao falar ou escrever; entretanto, o fato é que ela existe, que tudo o que não é ela é fraco e não satisfaz a um homem de espírito que deseja fazer-se entender.

Estar com as pessoas que amamos, isso basta; sonhar, falar-lhes, não falar-lhes, pensar nelas, pensar nas coisas mais indiferentes, porém junto delas, tudo é igual.

Já vi uma moça, uma linda moça, que dos treze aos vinte e dois anos sonhava em ser mulher e, daí por diante, desejava ser homem.

Há apenas duas maneiras de obter sucesso neste mundo: pelas próprias habilidades ou pela incompetência alheia.

Não invejemos a certa espécie de gente as suas grandes riquezas: eles as têm à custa de um ónus que não nos daria bom cómodo. Estragaram o seu repouso, a sua saúde, a sua felicidade e a sua consciência, para as conseguir: isso é caro demais, e não há nada a ganhar por esse preço.

Quanto mais nos aproximamos dos grandes homens, tanto mais percebemos que são apenas homens.

Contentemo-nos com pouco e com menos ainda, se possível.