Hoje pude analisar o que configura o... Maria F. Spigolon

Hoje pude analisar o que configura o estado de sentir o que é não sentir. Sentir NADA. Nem sozinha, nem mesmo triste. Nada. Vazio não é bem a palavra como dizem todos os clichês, nada é nada. Nada, no dicionário do velho Aurélio: s.m. A não-existência, o que não existe; ou seja significa coisa nenhuma, e isso no português de Portugal e no português do Brasil. Nada é não ser. Não ser, não ter, não existir. Nada, é um puro e simples nada.
A vivência é pouca para se definir o nada, mas quando você o sente, não tem jeito, você sabe o que o nada é.
Isso leva o leitor de linhas como essas a pensar que sou triste, que realmente a infelicidade é o que eu sinto, mas colega, eu juro, nada significa mesmo nada.
É obvio que isso vem de longa data, para se chegar ao “nirvana” do nada é preciso ter absorvido muita alegria e muita dor, tanto que eles chegaram a um ponto de se balancear, equilibrar, gerando esse estado de imparcialidade com os seus pensamentos.
Ter se envolvido demais, ou de menos, já não importa. O que importa agora é que o que era antes passou a ser coisa nenhuma. Mas ao contrário do que diziam por aí, não peço socorro (isso é coisa que se peça?). Estou livre. Livre de dor, livre de paixão, livre de alegrias com as pequenas coisas. Estou, finalmente, livre.
Acho que tive compaixão de mim, se é que isso é permitido. Não foi amor próprio não, eu sei que não. Minha mente fez o trabalho de ser piedosa e me deixar em paz, me deixar descansar dos sentimentos por alguns intensos minutos. Se esses são os sintomas da psicopatia então definitivamente quero saber mais sobre essa doença.
Sabe o que é pior? Esse sentimento passa, bem vagarosamente rápido. Fechei meus olhos e lá estava tudo de novo, no mesmo lugar, com os mesmos fortes impulsos nervosos correndo à jato por inúmeras sinapses que me deixaram acordada durante toda a luz da lua. Voltei a me contorcer de dor, voltei a regozijar-me com momentos do passado, voltei a sentir TUDO o que podia e devia ao mesmo instante.
É, decididamente prefiro o nada a dor, nada a extrema satisfação. Gostaria que todos soubessem a plenitude do nada. Ele não acalma, mas também não agita; não faz sonhar, mas também não te causará pesadelos; não te fara amar, mas também não te deixará na mão. É seguro. O nada é o nada, e nada mais.