Encostada na janela do oitavo andar... Mlailin

Encostada na janela do oitavo andar
olhou para a piscina
para o play groud
e indagou
Onde estão as crianças

Andou pelas ruas
colocou o ouvido
na porta da casa alheia
Olhou cada canto da rua
cada banco da praça
Não conseguia encontrar
a explicação do por que
do silencio
de modo tão grotesco

Onde estão as crianças?

O sorriso
A timidez
As perguntas
As brincadeiras
O abraço apertado
O beijo carinhoso

Poderiam estar cantando
em algum lugar
Meu lanchinho, meu lanchinho...
Parecia um filme mudo
preto e branco
A vizinhança estava morta

Onde estão as crianças?

Naquela noite
ela fez
uma viagem muito curta
Onde a vendedora
explicava a uma turista
o valor da bolsa de capim dourado
Que tédio!

Onde estão as crianças?

Então as luzes se apagaram
desceu as escadas
atravessou a rua
Havia outros turistas
olhando para o mar
fez uma pergunta
ao morador local
Onde estão as crianças

Um francês perguntou
ao guarda em um português truncado
Onde fivaca...
Pensou ouvir
Onde estão as crianças?

A unica luz vinha do lado de uma lampada solitaria
clareando o mar, viu
Felizes e radiantes
teve o seu caminho
bloqueado
Por uma dezenas deles
Uma alegria conhecida
desde a infancia
Encontrou a criança