Sou tão fugaz que vivo me perdendo de... Aglaê Estrela

Sou tão fugaz que vivo me perdendo de vista.
Vivo a procura de mim, e quando me encontro, já me tornei um pseudônimo.
Preciso de vida própria, mas várias vidas se apropriam de mim.
Quando serei meu dono?
Serei um eterno servo do quem nem conheço?
E nesse movimento de ir e vir,
não posso levar bagagem, tenho que me desprender de mim.
Me acostumar com incertezas, pra conseguir dar o próximo passo.
Não posso me olhar no espelho, porque quando voltar posso não me reconhecer.
Prefiro viver assim, numa eterna construção de mim.
Preciso ficar ao meu lado, porque se eu for de vez, quem continuará me procurando?
Preciso me seguir a todo instante para marcar o caminho da volta.
Talvez nem queira voltar, mas sigo as ordens de algum pseudônimo.
No fim sinto que estou livre dentro de minha própria prisão.
Mas até que ponto é seguro, conviver tão perto de mim?
Será que vivo me perdendo de vista por não conseguir me olhar nos olhos?
Ou não quero ter consciência de que posso voltar o dobro do que sou,
ou metade do que fui?
Perder é dificil, mas é sempre bom deixar lá tudo aquilo e voltar com o essencial!
Mas a maior parte da minha essência é feita do que não conheço, como definir?
Por isso minha constante busca em juntar as partes que me constituíam ontem.
Elas são valiosas, quando não imagino quem eu serei amanhã.
Encontrar quem eu sou hoje é muito importante, pra não correr o risco de dar de cara comigo nas voltas que o mundo dá, e passar despercebido por não saber que era eu.