SINAIS DE BELEZA Solitário, meu modo,... Naeno Rocha

SINAIS DE BELEZA

Solitário, meu modo,
No meio das multidões de faroleiros
Afasta-me, andando para qualquer canto
Que ali marcava o limite entre o que ouço
E o que não mais posso ver.
Um lugar ermo, uma parte da terra coberta
De gramíneas novas
Meus sonhos, minhas fantasias de qualquer dia.
Daí a vista dela por vezes incontáveis.
Ela estranha o povaréu
Fora como todos,
Largada à parte pelo mutirão.
Estava de pé recostada a um tronco morto
E olhava-me.
Era de uma beleza incomum
De olhos negros e um cabelo solto
Fino, puro negrume
O que facilitava a minha visão
Assentar-se sobre o brilho
Ponto feito pelo sol.
Eu era um animal de raça
Que a mirava intensas vezes
Como se figurasse uma bela
Mas perigosa efígie da beleza
Quente alentada, mas, ao mesmo tempo
Sublime e intensamente mulher.
Olhava-a como se a mim
Ela tivesse dado algum sinal
Comunicado algo de seu fulgor.
Já a reconhecera
Já a olhava por toda a minha vida.
Vi naquilo um sinal do meu destino.
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