Então era o fim. Tinha acabado. Cada um... Tawane Soares

Então era o fim. Tinha acabado. Cada um para o seu lado e fim de papo. De papo, de pegação, de brincadeiras que só nós dois entendíamos, de intimidades, de fins de tarde em frente ao mar jogando conversa fora... É, era o fim. Seria mesmo? Certa vez me falaram que cada pessoa que entra na nossa vida rouba um pouquinho de nós. E em troca, guardamos momentos vivenciados na nossa memória para quando, de vez em quando, desejamos nos lembrar dessa pessoa ou sentirmo-nos mais próxima à ela nos recordarmos. Então não era o fim. Como denominar "fim" se esses pensamentos eram cada vez mais constantes? Na verdade, eu acho que era o ínicio. Como poderia ser o fim se cada vez em que eu passava em frente ao mar, inconscientemente, me pegava relembrando coisas sobre nós dois?! E essa não é mais uma daquelas questões tão batidas de que "quem vive de passado é museu". Não era pelo passado, pelo pouco tempo que passamos juntos, por falta de amor próprio... Nada disso se encaixava. Ía além. Era por intensidade. Por desejo. Por vontade. E isso, meu bem, eu sei que é recíproco. Porque decretar o fim dito da boca pra fora é fácil. Mas eu quero ver você botar um ponto final em todas as coisas que te remetem à minha pessoa. De quem é que você lembra quando tarde da madrugada recebe aquela mensagem no celular que te faz ficar com um sorriso maior que o teu próprio orgulho? Ou de quando você escuta aquela música que, inocentemente, você disse: "é a nossa música"? E, mais ainda, de quem você vai se lembrar quando uma outra tocar em sua nuca e passar os dedos docemente por entre seus cabelos desmanchando aquele penteado que você levava horas para fazer, mas que não se importava quando eu o desfazia? Pelo contrário (....). Falar é fácil. Acabar e gritar aos quatros cantos: "ACABOU!" e se interessar por outra pessoa também. É natural. Quero ver você conseguir não lembrar de mim nesses pequenos detalhes que faziam toda a diferença.