E hoje me perguntaram sobre a... Carolina Grein Xavier

E hoje me perguntaram sobre a felicidade, o que me deixa feliz. Qual não foi a minha surpresa ao não ter nenhuma resposta em mente. Meu sangue começou a ferver, meu coração a pulsar mais forte, o que estava acontecendo? Me vi assustada, minhas idéias estavam confusas. Cheguei a pensar que eu não era feliz, e que eu jamais conhecera a tão falada "felicidade". No fundo eu sabia que muitas coisas me deixavam feliz, mas esqueci todas, simplesmente se camuflaram entre o coração e a massa cinzenta. Me vi perdida entre palavras, pessoas, pensamentos. Respirei fundo, relaxei, me demorei, me dei tempo. O que me faz feliz? Por que é tão difícil responder a uma pergunta dessas? Será que é por que eu tenho muitos motivos para ser feliz, que é impossível enumerar a importância de cada um deles? Ou será que eu não sei ao certo o que me faz feliz de verdade. Felicidade é instantânea, mutável, ideológica! Depois me perguntaram o que me fazia sofrer. Qual não foi minha frustração, essa eu conseguia responder "na lata". Já estava ficando preocupada, pressionada. Não saber o que me faz feliz, mas ter certeza do que me faz sofrer!? Preocupante. Dizem que é necessário passar pelo sofrimento para saber o que é a felicidade. Será mesmo? Tudo na vida é questão de escolhas. Até que me dei conta de que felicidade e sofrimento não existem. É isso mesmo, NÃO EXISTEM! E se existem, tem o mesmo significado. O que me fazia feliz há um tempo, hoje pode me trazer decepção e dor, ou vice-versa. A questão é que é tudo muito relativo. Nós idealizamos a felicidade, nós estamos exatamente onde queríamos estar. Muitos vão dizer que não. Mas sim, estamos onde queremos estar e ponto final. Se sofremos é porque queremos, se estamos felizes, a mesma coisa. É tudo fruto da nossa imaginação. O sofrimento faz algumas pessoas felizes, a felicidade faz algumas pessoas sofrerem. Se não há sofrimento não há felicidade. Se completam. É necessário fibra e coragem para olhar para dentro de si mesmo e reconhecer o que nos faz bem e o que nos faz mal. Viver é para quem não tem preguiça. Sofrimento é ter medo de enfrentar os próprios problemas e deixar de lado, como quem não quer nada, esquecer. Mas quanta ingenuidade! Eles NÃO SOMEM, eles se ACUMULAM dentro da gente e um dia todos eles vêm à tona. Temos o livre arbítrio, é claro, e cada um faz o que bem entende. Mas não seria melhor parar, relaxar e tentar resolver o que temos dentro da gente? Sofrimento é opcional, felicidade ocasional. Se eu tivesse que definir a felicidade, neste exato momento, eu diria que é estar em paz consigo mesmo, um estado de espírito muito elevado, a energia vibrante, o auto-reconhecimento. E o sofrimento? Bem, eu definiria como medo. Medo de viver, medo de sentir, medo de ser livre. O sofrimento é uma cadeia esquisita, as pessoas se prendem porque querem. E não é irônico? Se prendem ao acaso do sofrimento justamente por medo de sofrer. Nós nos permitimos ser felizes ou sofredores. Não depende de ninguém. ABSOLUTAMENTE ninguém. Nós é quem nos fazemos felizes ou não. Tudo bem, há pessoas que colaboram para tanto, mas vai de cada um se deixar levar. Ninguém nos obriga a sentir. Sentimos porque somos livres e escolhermos sentir. Comer, dormir, segurança. Eis a base da felicidade para a maioria das pessoas. Tudo que ocasiona conforto nos faz felizes, tudo o que nos proporciona desalento nos faz tristes. O Ser Humano tem que parar de pensar que para ser feliz é necessário ter tudo o que acredita precisar ter. Nem sempre o que queremos nos proporciona felicidade. A felicidade não está nas coisas materiais, quão menos o sofrimento. Tudo isso é ilusão. Uma ilusão dentro da gente, uma ilusão que cabe a cada um de nós fazer florescer ou não.