O "falar" bonito. Creio que... Amanda Lemos

O "falar" bonito.


Creio que pouso-me em uma espécie de veneta.
Ela suscitou, depreendeu, procurou retirar-se do recôndito, espero que seja perene.
A veneta chegou, e sem mais delongas fez-me datilografar vocabulários menos eloqüentes e mais longevos possíveis, por mais que resulte em pequenas plissadas em pensamento, arrisco-me porém.
Parece-me até pernóstico.

Procurarei ser a mais parca possível, sem no entanto ser pacóvia. Tenho repugnância nata por adestramento e ser humanos quadrúpedes, ignóbeis, pérfidos.

Procurarei ser frugal, inócua.
Incólume quando possível, e menos loquaz quando necessário.

Porém parece-me fleumático esforçar-me em sintetizar palavras com definições prontas, detesto “metalinguismo” (ouso pronunciar assim) forçado.
Explicações específicas com qual objetivo ? Redundante.
Perdoe-me a função metalingüística dicionarizada.
Entretanto, aos leigos, o castigo que merecem.

Necessito tergiversar. Perdoem-me se no recinto encontram-se seres que sempre necessitam de estereótipos, e conceitos.
Conceituar é para fracos, tênue.
Porém, textos e palavras, paradoxalmente à realidade alheia, não excluem ou diferenciam ninguém em meios termos.
Desse modo, Sejam bem vindos com grande arroubo desde nefelibatas a ardilosos.
Desde os mancebos a donzelas,
Desde o velho ao novo.
Desde o pobre ao rico,
Desde o belicoso ao apaziguar,
Desde o impuro ao puro,
Desde o claro ao escuro,
Desde o fugaz ao permanente,
Desde o ígneo a água,
Desde o insolente ao mais agradável das espécies,
Desde o pachorrento ao mais estressado,
Desde o pedante ao modesto,
Desde o petiz ao idoso,
Desde a radiola ao aparelho de som,
Desde o balón ao cóton,
Desde o ternal ao oxford,
Desde o pândego ao triste,
Desde a sumidade ao qualquer,
Desde o taciturno ao eloqüente,
Desde sinonímias a antonímias.

Acho que encontro-me em um final tangencial, excruciante até. Não admitiria finalizar com simples vocábulos vans, não.
Que seja o mínimo perfeccionista possível, se não o é, faça-se.
Se não se faz, procure ao menos tentar fazer.
Tente.
Ao menos terá uma história a contar aos tolos de plantão. Afinal, tentativas por mais errôneas que sejam não deixam de ser tentativas, tampouco lhe retiram seus créditos.

Parece que a pronuncia do TENTAR tem efeito êxtase em seres humanos, comprovação nada empírica ainda, mais hipotética.

“- Amigo, arranjou trabalho ?
- Não, não. Mas eu bem que tentei.
- Ah.. Isso é o que mais importa.”

Por bem ou por mal deve-se “conjugar” bem tal palavra, não a use como forma de se livrar de problemas. Ao contrário.
“Tentar” obviamente seria e é muito grandiloqüente e eficaz, porém, não limite-se em tentar mas realizar, não apenas em deixar-se seduzir mas seduzir, na palavra propriamente dita.
Não permita que o “tentar” seja apenas pronúncia de quem foi e não conseguiu, mas de quem foi e verdadeiramente tentou.

Afinal, para mim o final não existe, é tudo início e meio, sem necessidade recíproca de um fim, desfecho.
Ou seja, tente o quando puder, pois como não há final você verá que sempre o meio não é o suficiente, haverá uma vontade boa de querer ir sempre mais além.
E o além Graças a Deus não pode ser medido, pois então não haveria nenhuma graça.
Try.

PS: Aos poucos instrutivos no assunto e que não entenderam coisa alguma do que foi dito logo acima, subtenda-se.
Ou melhor, ouse procurar os significados das palavras que crer de difícil definição no que aprecio em chamar de : “Pai dos Inteligentes”.
Afinal, conhecimento a mais nunca é demais .
Boa longeva procura aos leigos de plantão !