Durante toda a minha trajetória, ou... Ramon Pestana

Durante toda a minha trajetória, ou melhor, nossas trajetórias, vemos a elasticidade dos comportamentos das pessoas que nos cercam, isso é difícil aceitarmos... Impomos as mesmas que siga um padrão por nós pré-estabelecido, as atitudes antes por elas tomadas devem coincidir com o que as nossas consciências analisam como “certo” ou “errado”, é como estarmos num constante júri, onde julgamos, poucas vezes absorvemos e muitas condenamos, massacramos. Somos cruéis, somos inumanos ou isso seria a plena forma de mostra o quanto somos humanos – confuso não é? -, mas tudo isso ocorre apenas pelo medo que sentimos de sentirmos medo, um medo tão feroz que nos assusta, e nos afasta de muitas (con)vivências... É o grande medo que assombra a humanidade, o da decepção, o da frustração. Por medo de acreditar e errar. Esquecemos que por lei biológica, somos passíveis ao erro, e são estes que projetam aos possíveis acertos. Então passamos a padecer do não confiar, em nada, muito menos em alguém. Todos os “alguém-ninguém” que nos assombra e nos conduz gradativamente à solidão. Mas nossas vidas parecem contradizer todas essas palavras quando nelas surgem alguns indivíduos capazes de nos amar, apenas sendo como somos. Quem são eles? Estes são os que nos retiram de qualquer afogamento, por um descuido casual ou por uma melancolia intencional. É como se eles trouxessem o chão que sempre buscávamos pisar, é aquele que te dá e não espera ter um retorno com maior intensidade, pois o simples fato de compartilhar o satisfaz. Shakespeare personifica esses indivíduos com total propriedade: “Uma pessoa é enorme para você, quando fala o que leu e viveu, quando trata você com carinho e respeito, quando olha nos seus olhos e sorri destravado. Uma pessoa é gigante para você quando se interessa pela sua vida, quando busca alternativas para o seu crescimento, quando sonha junto com você. Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam dela, mas com de acordo com que espera de si mesma”.
Eles são os companheiros de discussão, os cúmplices de aventuras, os coniventes em ficar numa praça conversando besteiras à noite inteira, de inventar um aniversário para se distrair e se unir ainda mais... São os amigos! Os nossos verdadeiros pólos de comoção e realização.
Ultimamente o nosso ciclo de amizades tem aumentado, procurei uma explicação lógica e não encontrei, porém como a vida por si mesma é um ilogismo, aceitei. Metaforicamente, os meus amigos são uma árvore - tão grande que se torna até difícil imaginar - e se essa árvore cresceu tanto é porque ela foi muito bem regada e sempre teve uma raiz forte para sustentá-la. Existem alguns desses meus amigos que estão nos extremos dos galhos, são os mais distantes, mas não deixam de serem amigos, existem também aqueles que a sustenta, são as raízes, os mais íntimos e aquecedores, fornecem do solo os nutrientes para mantê-la plena. Ainda estão presentes os que ficam no caule, que são os amigos em construção. Essa árvore admite uma única regra O RESPEITO, o mesmo respeito de também entender que ela própria faz parte de um ciclo e se o mesmo é burlado ela tende a perder galhos e ganhar folhas secas.