Era uma simples Flor Toca numa flor com... Eva Oliveira

Era uma simples Flor

Toca numa flor com a finura de uma borboleta!
De leve, maciinho, sente-lhe a vulnerabilidade que apresenta às intempéries desta vida ridícula e mesquinha do mundo humano.
Frágil, sensível, só te pede que cuides dela.
Aprecia-a, repara no seu tom e no seu perfume. Ela só quer embelezar o teu espírito desse teu olhar distante que se extingue no horizonte para se perder na fantasia de sonhos que talvez não existam.
Roça os teus lábios na maciez das suas pétalas, sente-lhe a frescura e a alvura de um beijo tão puro e inocente, sem malícia, da fada que procuras em vão...
Repara!...
Ela olha para ti, até chora quando te sentes infeliz e tu nem dás conta...
É...por vezes colhe-la...só por a colheres. Coloca-a a um canto..., sim a um canto, lá no canto...só porque a colheste.
Perguntaste a esse canto se alguma vez ela se lamentou?
Perguntaste-lhe se alguma vez ela foi feliz?
Colheste-a porque assim era só TUA!..
E...colocaste-a a um canto...
Ela só quer a tua protecção, oferecendo-te em troca toda a magia da sua sedução.
Oh!... nem reparaste como ela grita à tua passagem!
Tão distante, nem dás pela sua presença.
Linda por dentro, atraente em suas cores, ela é uma FLOR, a flor que escuta as tuas mágoas, a flor que te oferecem de presente, a flor que junto ao teu caixão morre ao ver-te partir, a flor que na tua campa daria sua vida para que pudesses voltar a tratar dela.
Repara!...
Estende esse teu olhar traquina para a beleza que não consegues ver com os olhos do teu coração!
EU ESTOU AQUI! AQUI!...grita ela! Aqui, mesmo aqui, nestas palavras que te confundem.
Tu nem dás pela minha beleza, só reparas na sedução da minha cor que provoca os instintos das tuas entranhas.
Abre os olhos do teu coração. Eu EXISTO....eu RESPIRO...Eu sou um ser a quem foram dadas todas as funções vitais que tu concentras somente no TEU EU....
Eu existo!...
Eu não existo!... Eu já nem sei se existo!...
Tu vais deixar-me morrer, nem nunca te vais lembrar do meu perfume, da minha cor, da doçura do meu interior, só porque nunca paraste um segundo sequer para veres que eu existo.
O Sol dá-me calor, a chuva de beber e a terra de comer. A vida corre, as estrelas iluminam os meus sonhos, mas TU...TU... por quem eu nasci, deixas-me morrer, morrer...nem dás pela minha existência


OH COMO EU ADORAVA NÃO TER SIDO UMA FLOR