Dizem que são luz, que são gentis, mas... Válter Nobre Nota
Dizem que são luz, que são gentis,
mas brilham como néon barato,
muito brilho, pouca verdade,
e um cheiro forte de verniz gasto.
Aplaudem com palmas macias,
mas os olhos? Ah, esses gritam tédio.
São artistas do elogio vazio,
mestres do “como estás?” sem remédio.
Sorrisos de catálogo,
frases feitas, poses de vitrine.
E a alma? Essa tirou férias,
descansa num canto… bem longe de mim.
Fingem empatia com tanto empenho
que quase merecem um prémio.
Mas cuidado: o sarcasmo é um espelho,
e a verdade, um velho boémio.
Ela chega tropeçando, rindo,
arranca máscaras com jeitinho.
E lá ficam eles, nus de encanto,
com a cara de pau… e o ridículo no caminho.
Válter Nobre
