O ser humano se ergue como um sol... Raimundo Santana

O ser humano se ergue como um sol imaginário, desejando irradiar sua presença e ser contemplado por todos.
Busca incessantemente o olhar alheio, como se a própria existência dependesse da aprovação que recebe.
Não satisfeito em brilhar, transforma-se em espelho: reflete aparências, imita gestos, veste máscaras.
Na ânsia de ser visto, confunde brilho com reflexo, essência com superfície.
E, paradoxalmente, mesmo vivendo cercado pela luz, não encontra tempo para ser luz.
Prefere o espetáculo da aparência à profundidade da verdade.
Prefere o clarão efêmero ao fogo silencioso que ilumina de dentro.
Assim, o ser humano se perde na ilusão de ser estrela, quando poderia ser chama.
Se perde em querer ser visto, quando poderia simplesmente ser.