Pense na mente e no corpo como um... Pâmela Patrícia Corrêa da...

Pense na mente e no corpo como um aparelho de rádio sofisticado. O corpo é a estrutura física: fios, circuitos, alto-falantes. A mente é o sistema de sintonia. Já o espírito é a fonte do sinal.


No espiritismo, o espírito não nasce no corpo — ele o utiliza. Da mesma forma, o rádio não cria a música; apenas a capta. Quando a sintonia está limpa, o som chega claro. Quando há ruído, interferência ou frequência desalinhada, a música continua existindo, mas chega distorcida.


Nossos pensamentos funcionam como o botão de ajuste fino. Emoções densas, culpa, medo e raiva geram ruído. Pensamentos elevados, fé, estudo e caridade afinam a frequência. O corpo sente o resultado dessa sintonia: equilíbrio quando o sinal flui, adoecimento quando a interferência persiste.


A mente, nesse modelo, atua como antena. Quanto mais consciente e disciplinada, maior a capacidade de captar inspirações superiores. Não se trata de misticismo ingênuo, mas de responsabilidade íntima: ninguém controla o sinal universal, mas cada um é responsável pela qualidade da própria recepção.


Cuidar do corpo é manutenção do aparelho. Educar a mente é ajustar a sintonia. E evoluir espiritualmente é aprender, pouco a pouco, a ouvir frequências mais altas — aquelas que não gritam, mas orientam.


O silêncio interior, curiosamente, é o momento em que a antena mais capta. É ali que a consciência percebe que nunca esteve desconectada; apenas precisava sintonizar melhor.
Quando não estamos bem, conversar com pessoas de boa frequência faz toda a diferença. Não porque elas “resolvam” nossos problemas, mas porque ajudam a ajustar a sintonia interna.


Pela ótica do espiritismo — e também da psicologia — emoções são contagiosas. A mente funciona como uma antena sensível: em ambientes carregados de pessimismo, culpa ou julgamento, o ruído aumenta. Já perto de pessoas serenas, lúcidas e compassivas, o campo mental tende a se organizar. O sinal fica mais limpo.


Pessoas de boa frequência não são as que negam a dor, mas as que sabem escutar sem alimentar o caos. Elas não amplificam o sofrimento, não reforçam o papel de vítima e não transformam a queda em morada. Funcionam como referência de equilíbrio, lembrando — às vezes sem dizer uma palavra — que é possível atravessar a turbulência sem perder a direção.


Isso não é misticismo vazio. Estudos em neurociência mostram que interações sociais positivas modulam o sistema nervoso, reduzem cortisol e favorecem estados mentais mais regulados. No espiritismo, diríamos que isso facilita a influência de bons pensamentos e amparadores espirituais.


Por isso, escolher com quem conversamos quando estamos frágeis é um ato de cuidado espiritual e emocional. Em certos momentos, a cura começa não na resposta certa, mas na presença certa — aquela que ajuda a mente a voltar para uma frequência onde a esperança consegue ser ouvida.