đż A Princesa do Rio e o Amor no Mato... Kairo Silva
đż A Princesa do Rio e o Amor no Mato Grosso
Ăs margens de um rio tĂŁo largo que parecia tocar o cĂ©u, vivia Princesa Carla, herdeira de um pequeno reino conhecido por suas ĂĄguas puras e peixes raros.
Mas Carla nĂŁo se sentia completa no palĂĄcio. Havia algo dentro dela â uma inquietude, um chamado para alĂ©m das margens.
Essa inquietude tinha nome: Kairo.
Eles se conheciam por cartas, enviadas por mensageiros que cruzavam florestas e rios. As palavras dele eram tĂŁo vivas que pareciam trazer o cheiro do mato, o canto das araras e o calor do sol de lĂĄ.
Numa noite iluminada pela lua, Carla se sentou no cais, os pés tocando a ågua. Ao lado dela, estava Helena, sua dama de confiança.
â Helena, eu decidi⊠vou para o Mato Grosso.
â Mas, princesa, o que seu pai dirĂĄ?
â Ele vai dizer que Ă© perigoso. E Ă© mesmo. Mas viver sem conhecer Kairo seria o maior perigo para o meu coração.
â E se ele nĂŁo for como vocĂȘ imagina?
â EntĂŁo ao menos eu saberei que tentei.
Na madrugada seguinte, Carla partiu sozinha em uma canoa de madeira.
O rio era lindo, mas traiçoeiro. Correntes fortes tentavam empurrå-la para trås, e a cada noite a escuridão trazia sons misteriosos.
No segundo dia, um trovão estourou no céu. Chuva grossa caiu, virando a canoa quase de lado. Carla segurou firme o remo.
â Eu nĂŁo vim atĂ© aqui para voltar atrĂĄs! â gritou, como se o prĂłprio rio pudesse ouvir.
Na manhĂŁ seguinte, encontrou um velho barqueiro pescando.
â Moça, essas ĂĄguas nĂŁo sĂŁo para qualquer um. O que estĂĄ procurando? â perguntou ele, intrigado.
â Procuro um homem chamado Kairo. Vive no Mato Grosso.
O velho sorriu, revelando dentes falhos.
â EntĂŁo siga o canto das araras. Elas sempre levam a quem se ama.
Carla seguiu seu conselho e, apĂłs mais um dia de viagem, o rio se abriu em uma imensa planĂcie verde. No centro de uma clareira, ela viu um homem alto, de olhar firme, cortando lenha.
â Kairo? â chamou, a voz tremendo.
Ele largou o machado e se virou, como se reconhecesse a voz antes mesmo de vĂȘ-la.
â Carla⊠vocĂȘ veio mesmo.
â Nem o rio, nem as tempestades, nem o medo puderam me impedir.
Kairo correu até ela, segurando suas mãos como se fossem um tesouro.
â Eu prometo que vocĂȘ nunca mais terĂĄ que viajar sozinha.
Os meses seguintes foram de aprendizado e amor. Eles plantavam juntos, pescavam e riam das dificuldades. Mas o Mato Grosso também testava sua coragem: houve seca, que quase destruiu a plantação, e tempestades que derrubaram o telhado de sua casa. Ainda assim, eles nunca deixaram de se apoiar.
Um dia, Carla contou uma novidade, enquanto segurava uma carta para enviar ao seu antigo reino.
â Kairo⊠vamos ter um filho.
Ele ficou em silĂȘncio por alguns segundos, os olhos marejando.
â EntĂŁo Ă© verdade⊠o rio me trouxe minha famĂlia.
Meses depois, nasceu uma menina de olhos brilhantes.
â Ela se chamarĂĄ Cora â disse Carla. â Porque Ă© o coração que nos uniu.
Mas a vida ainda guardava uma Ășltima surpresa.
Num fim de tarde, um grupo de cavaleiros chegou trazendo o rei, pai de Carla, que vinha buscĂĄ-la.
â Filha, eu lutei contra a ideia de vocĂȘ partir⊠mas vendo vocĂȘ aqui, percebo que encontrou mais do que amor. Encontrou um lar.
O rei, emocionado, abraçou Kairo.
â A partir de hoje, o reino do rio e as terras do Mato Grosso serĂŁo um sĂł. Para que Cora cresça entre as ĂĄguas e a floresta.
E assim, Carla nĂŁo apenas encontrou o amor da sua vida, como tambĂ©m uniu dois mundos. O rio e o mato agora corriam juntos â assim como ela e Kairo â atĂ© o fim de suas histĂłrias
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