EU TEMPORAL Ontem eu andava à toa, com... cesar mori junior

EU TEMPORAL

Ontem eu andava à toa, com o tempo nas mãos sem saber da hora

Havia balanço, havia garoa e o mundo girava devagar lá fora

Um riso cabia no vão da calçada, o sol se escondia só por brincadeira

Ontem doía de tão leve, era domingo a vida inteira

Mas o tempo, esse moço apressado, me levou sem me pedir desculpas

Hoje eu corro atrás do próprio passo

Tomo café em pé, sem tempo de abraço

Tenho prazos, pesos e pressas, um relógio que nem me confessa

Hoje é um samba sem cadência, que tropeça no próprio compasso

A buzina e-mail notificação, é um trem lotado sem estação

E eu canto pra ver se a alma escapa desse corpo apressado demais

Hoje me cansa o que antes me encantava

Me sobra o cansaço, me faltam os ais

Amanhã me disseram que é bonito, mas disseram também que é incerto

É beijo prometido, é sonho guardado num livro aberto

Talvez me espere um jardim, um fim que ninguém percebeu

Talvez o amanhã nem me queira, mas sou teimoso e sigo eu

Porque o tempo é só mais um poeta que escreve o que ninguém entendeu

Eu sigo entre ontem, hoje e o depois, cantando o que sobrou de mim e dos meus

Hoje eu corro atrás do próprio passo

Tomo café em pé, sem tempo de abraço

Tenho prazos, pesos, pressas, um relógio que nem me confessa

Hoje é um samba sem cadência, que tropeça no próprio compasso

É buzina e meio notificação, é um trem lotado sem estação

E eu canto pra ver se a alma escapa desse corpo apressado demais

Hoje me cansa o que antes me encantava

Me sobra o cansaço, me faltam os ais

Amanhã me disseram que é bonito, mas disseram também que é incerto

É beijo prometido, é sonho guardado num livro aberto

Talvez me espere um jardim, um fim que ninguém percebeu

Talvez o amanhã nem me queira, mas sou teimoso e sigo eu

Porque o tempo é só mais um poeta que escreve o que ninguém entendeu

Eu sigo entre ontem, hoje e o depois, cantando o que sobrou de mim e dos meus.