De Deus muito eu duvidei, Sabendo que me... Summer Bittencourt
De Deus muito eu duvidei,
Sabendo que me observava.
Aqui embaixo eu blasfemava,
Esperando o pior.
Ô coisa que eu sinto dó,
E que me aperta o coração!
Eu era réis desgarrada,
Bicho brabo, vaca emprenhada,
Eu era macho redomão.
Eu era fraco de cabeça,
Não é que hoje eu não seja,
É que antes eu fui mais.
Eu achava que eu era
Muito mais do que eu era,
Muito mais, muito mais.
Eu me enxergava como um ouro,
Eu era o prêmio, o tesouro
Que ninguém nunca iria achar.
Eu era o tesouro escondido,
Eu era o elo perdido,
O leite, mel, o xangri-lá.
Pobre de minha mãe,
Pobre de minha esposa,
Pobre dos meus amigos,
Pobre dos meus irmãos.
Me viam eu me iludindo,
E me olhavam sempre rindo
Para proteger meu coração.
Sempre pensei, mais de mim mesmo,
Sempre me levei muito a sério.
Hoje aceito que erro,
Hoje sei que só sou normal.
Mas vale prezar os meus
E viver para sempre em suas mentes,
Do que dez minutos num jornal.