Me encontro preso em uma encruzilhada... Angel Hope (Coala)
Me encontro preso em uma encruzilhada invisível do tempo.
O relógio marca 2025, mas dentro de mim ainda é fim de 2019...
Uma estação parada, como um trem que nunca anuncia a próxima parada.
Os sonhos parecem ter ficado esquecidos em algum banco de praça, e os planos, esses, dissolveram-se como papéis molhados pela chuva.
Ainda há ecos de 2017: perdas que, mesmo antigas, insistem em deixar cicatrizes frescas.
E a cada lembrança, meu peito se encolhe, como se fosse possível recusar-me a respirar o ar do presente.
Para completar a ruína, 2021 foi um golpe que não cicatrizou...
Um luto que não se fecha, uma ausência que continua presente, como uma cadeira vazia sempre posta à mesa.
No meio de tudo isso, a vida não parece andar, mas também não se entrega ao fim.
É um estado suspenso: um corpo que respira, mas não sonha; um coração que bate, mas hesita em acreditar.
Às vezes, entre um silêncio e outro, surge a pergunta que não se cala:
"O que eu faço agora?"
Mas a resposta nunca vem.
E o tempo segue...
Implacável, indiferente, carregando anos como quem carrega malas pesadas em um corredor sem janelas.
Talvez o que falte não seja um plano, mas o primeiro passo.
E o futuro ainda não tem forma porque, em algum lugar, o passado ainda pede para ser chorado por inteiro.
E esta pessoa, que aqui escreve, mas que poderia ser qualquer um que agora lê, permanece entre o ontem que sangra e o amanhã que não ousa nascer.