Da minha janela Vejo a chuva da minha... Roberval Pedro Culpi
Da minha janela
Vejo a chuva da minha janela,
pingos que dançam no vidro,
como se quisessem trazer tristeza,
mas não é bem assim.
Daqui observo o mundo,
dias e noites se sucedendo,
ventos que arrastam tempestades,
sol que aquece e devolve o calor.
Acompanho o tempo,
não o que veste o ar de frio ou de fogo,
mas o que se estende, invisível,
bordando a vida com sua passagem.
O tempo nunca caminha só:
vem de mãos dadas com o sol e a chuva,
com flores que se abrem,
galhos que se despem,
árvores que morrem e renascem.
E eu, aqui dentro,
descubro que o tempo não mora em mim.
Ele corre lá fora,
nas ruas, nos céus, nos ventos,
enquanto em mim há apenas silêncio —
um espaço onde o instante repousa,
e nada envelhece.
Roberval Pedro Culpi
26/08/2025