Uma história clichê de recuperação... Vanessa Schappo

Uma história clichê de recuperação 21 de fevereiro de 2025. Sol, mar, orla e eu com a genial ideia de sair de roller. O celular em 5% parecia até um símbolo: me... Frase de Vanessa Schappo.

Uma história clichê de recuperação




21 de fevereiro de 2025. Sol, mar, orla e eu com a genial ideia de sair de roller. O celular em 5% parecia até um símbolo: menos tela, mais vida. Depois de 5 km, encontrei uma rampinha. Pequena. Inocente.Já estava cansada, não dei a devida atenção. Como já sabemos… o plano não deu certo.

Caí.

Tive ajuda de várias pessoas da praia. Chamaram a ambulância, o bombeiro veio, imobilizou o braço, que sentia solto — sim, braço e antebraço não estavam mais juntos — e eu precisava segurar com a outra mão. Mas ainda não tinha noção da gravidade. Até pensei: “ah, umas 4 semanas sem beach tennis”.

Ingênua.

De ambulância, fui para o hospital mais próximo. Dor? Sim, mas suportável. Até chegar no raio-x.

Sabe aquelas crianças birrentas que choram no meio do shopping e os pais ficam com vergonha do escândalo? Essa era eu na sala do raio-x. Acontece que, na hora de fazer um movimento para o exame, a dor subiu para um nível que eu não sabia que existia. Era insuportável, mesmo com 2 injeções para a dor. Das 4 chapas, consegui tirar só 1. Precisava saber se tinha quebrado em outro lugar, mas não aguentei continuar. Fiz só uma chapa e seja o que Deus quiser.

Quando viram o exame, chamaram a médica correndo. Ela tentou explicar, mas eu não conseguia processar nada. Resultado: pediram outra ambulância para me levar a um hospital que pudesse operar.

Na ambulância, usei o que restava de bateria para avisar algumas pessoas.

No segundo hospital: sentada na cadeira de rodas, dor, braço solto, ainda com areia da praia, roller no colo, cara de choro… e uma fila absurda. Gente esperando mais de 3 horas no corredor. Tomei a tal morfina, que foi uma decepção já que a dor nem sequer diminuiu.

Depois de um tempo, entrei na sala do ortopedista (única coisa boa de estar péssima é que passa na frente na fila). O médico do plantão já estava há horas seguidas em uma cirurgia de acidente de moto. Estava visivelmente exausto. Ele olhou meu exame, e com um ar surpreso e chocado disse:

“Você não quebrou o cotovelo. Você explodiu todas as articulações do cotovelo, como conseguiu fazer uma coisa dessa?”

Os olhos cansados dele pareciam conversar com a enfermeira, como quem não tinha mais energia para encarar uma nova cirurgia. Respirou fundo de novo e me disse:

“A sua fratura não é simples. É completamente compreensível sentir tanta dor. Vou aproximar os ossos para diminuir um pouco, mas depois será necessária uma cirurgia de correção. O que é importante você saber é que vou fazer o meu melhor — mas o melhor de qualquer médico não vai trazer de volta como era antes. É uma cirurgia de alta complexidade, e não consigo garantir o quanto você vai conseguir reabilitar. Com certeza terá sequelas.”

Eu chorava e ria de desespero (eu começo a rir quando fico nervosa).

Papéis assinados e fui para a cirurgia.

Acordei já no quarto, sozinha, com o braço engessado. Sem areia, muito sono e uma sensação estranha de alívio.

E esse foi só o começo. A parte da recuperação é outra novela que ainda está sendo escrita.