No meio da multidão, ela era silêncio... J.C. Mortimer

No meio da multidão, ela era silêncio cortante, Um sopro frio que atravessou meu peito sem avisar. Não houve toque, nem olhar prolongado, Só um instante — uma faísca que queimou mais que o fogo. O mundo continuou girando, indiferente, Mas dentro de mim, o tempo parou, Como se a vida inteira coubesse naquele breve segundo, E fosse suficiente para nunca mais esquecer. Mas a faísca virou chama só dentro de mim, Ela desapareceu na multidão como um fantasma indiferente, Sem saber se percebeu o fogo que acendeu, Ou se, para ela, aquele instante não passou de sombra. Carrego esse vazio quente no peito, Um segredo sem nome que não se atreve a se revelar, E enquanto o mundo insiste em girar, Eu fico preso naquele segundo — eterno e solitário.
- J.C. Mortimer