Engraçado como algumas coisas... Bárbara Soares

Engraçado como algumas coisas começam leves, sem pretensão.
Uma conversa boa, um riso solto, um convite jogado no ar.
A gente acredita que ali tem algo simples e bonito: reciprocidade.
Mas às vezes, o outro só estava ali por passatempo.
Ou talvez até quisesse estar, mas não sabia como continuar.
Então, vem o silêncio, a desculpa esfarrapada,
o “tá corrido” que escorrega como um clichê.
E a gente entende — não porque ficou claro,
mas porque ficou óbvio demais pra continuar fingindo que não.
A decepção bate, sim, mas não fica.
Ela entra, tira os sapatos, dá um suspiro e vai embora.
Porque quem tem presença leve, não se arrasta por ausências pesadas.
No fim das contas, se a bicicleta dele ficou baixada,
foi só o universo poupando minhas pernas de pedalar na direção errada.