📜 A Carta – Purificação... Purificação

📜 A Carta – Purificação
Parando pra pensar na viagem que é a vida, em uma hora você está no topo da montanha e logo após está no buraco mais profundo que pode imaginar.
Eu sou um cara muito reservado, e olha a ironia: queria pegar todos de surpresa, mas não posso, porque dependo de outra pessoa para escrever isso.
Dia 19/05/2023, minha vida mudou. Eu fui do céu ao inferno em questão de seis horas.
Agradeço muito a Deus por ter minha filha perto de mim. Foi a única que conseguiu tirar de mim uma coisa que eu já não sabia mais o que era: esse amor, esse carinho, como iluminar meus momentos mais sóbrios.
Hoje eu estou com 80% da visão debilitada, e é complicado. Eu sempre tive como prover minhas coisas e hoje eu não tenho mais. Não por carro, não por casa. É por dignidade. É por amor.
E por falar em amor, eu amei de verdade.
Eu sempre achei que a depressão era falta de Deus, e hoje sei que não é bem assim.
Mesmo com toda a minha fé, hoje estou passando por esse momento; deixei para trás sonhos e projetos, simplesmente por não conseguir acreditar mais em mim.
Estou sem dormir há vários dias, vendo a Alicia dormir e imaginando como eu a amo. Mas estou com o coração deprimido, com uma tristeza imensa que nada passa.
Vivo há um ano dentro de um quarto escuro, pois a minha condição visual não é boa. Eu sei onde tudo começou: 19/05/2023, às 22h40.
E também sei quando termina: 25/12/2024.
> Eu morri no exato instante em que a esperança perdeu a coragem de desistir.
Fiquei preso entre dois mundos: o emocional e o físico. Meu corpo estava aqui, mas minha alma já havia cruzado um limiar invisível, inalcançável.
Eu morri enquanto o mundo fingia não ouvir o grito.
Morri entre a sombra que a luz não alcançou.
E mesmo assim, fui salvo no exato instante em que ouvi o grito da pessoa que ainda me amava.
Mas nem todo grito salva. Tem grito que chega tarde demais.
Vou ser sincero: a empresa poderia ter feito bem mais.
Mas no lugar onde o lucro é rei, a ambição devora sonhos, despedaça pessoas e destrói famílias como se fossem meros obstáculos no caminho da ganância.
Essa sede insaciável de dinheiro não tem rosto, não tem culpa, só sabe consumir e aniquilar.
E enquanto eles somam cifras, nós perdemos pedaços da alma, afundamos em escuridão e nos tornamos descartáveis nesse lugar cruel que nunca vai mudar.
> Se você estiver lendo isso... rsrsrs...
É porque no dia 25/12/2024 eu não estou entre vocês.