“No caderno dela, meu nome"... SalatielFornos

“No caderno dela, meu nome"
(Angelina e Gabrielly)
Escrevi meu nome no caderno de uma garotinha..
Mas sem saber, escrevi muito mais que letras..
Gravei ali um gesto, um momento, uma semente..
E ela — do alto de seus sete anos de encanto — escreveu por baixo,
com a pressa doce de quem ainda está descobrindo o mundo..
Ela falava sem parar, tropeçava nas palavras e ria,
como se o coração dela fosse grande demais pro corpinho pequeno..
E eu a ouvia..
Como ninguém nunca a ouviu..
Não com pressa, não com tédio — mas com alma..
Ela encostava o bracinho no meu,
e eu, em silêncio, ensinava a escrever com calma..
Mas no fundo, eu ensinava mais do que palavras..
Eu ensinava que ela podia ser o que é:
inquieta, viva, verdadeira..
Sem a ignorância emocional que os pais causavam..
Ela dizia que ia “ficar doida” —
mas no fundo, ela só queria ser entendida, ouvida..
E tudo isso causava ansiedade nela, porque ninguém parava para compreende-la..
E naquele instante, eu compreendi..
Compreendi que o mundo anda surdo para as crianças..
E que só quem se abaixa ao chão com elas,
descobre que a altura do amor é o joelho dobrado e a consciência compreensiva..
Não houve malícia..
Houve ternura..
Não houve poder..
Houve presença..
Não houve controle..
Houve cuidado..
Não por obrigação, e sim porque sinto..
E dentro de mim, existe um sentimento difícil de explicar..
Não um desejo egoísta, não uma vontade de posse..
Mas uma esperança pura, de um dia ter uma filha,
não para ser dono dela,
mas para ser o chão onde ela pode pisar sem medo..
Talvez eu veja pouco a Angelina..
Talvez ela cresça e se esqueça de mim..
Mas aquele momento — tão simples e tão eterno —
é revigorante..
Porque há nomes que escrevemos no papel,
e há nomes que escrevemos com o coração..
E o dela, naquele dia,
foi escrito com sentimento..