Que a gente seja dessas presenças... Edna de Andrade

Que a gente seja dessas presenças que ficam —
mesmo depois que os passos seguem por outros caminhos.
Que alguém, num dia qualquer, lembre da nossa risada
e sinta o peito aquecer de repente,
sem saber por quê.
Que a nossa doçura tenha feito morada em silêncios alheios.
E que o que fomos — sem nem perceber —
continue fazendo bem por aí.
Que sejamos memória boa.
Daquelas que o tempo não apaga,
porque foram feitas de verdade, afeto e ternura.
— Edna de Andrade