⁠II. O silêncio que acende e a... Leonardo Azevedo.

⁠II. O silêncio que acende e a palavra que apaga Há silêncios que iluminam mais do que mil palavras acesas. Quando cessam os ruídos, as verdades emergem como br... Frase de Leonardo Azevedo..

⁠II. O silêncio que acende e a palavra que apaga
Há silêncios que iluminam mais do que mil palavras acesas. Quando cessam os ruídos, as verdades emergem como brasa sob a cinza. No entanto, há palavras que, embora vestidas de luz, encobrem mais do que revelam. A fala apressada, a explicação forçada, o discurso que se pretende verdade absoluta, tudo isso é claridade artificial, disfarce da ignorância que teme o escuro.
A luz plena muitas vezes inibe a contemplação. O excesso de nitidez exige respostas, impõe certezas. Já a penumbra nos permite hesitar. E é na hesitação que nascem as perguntas que realmente importam. Não aquelas que pedem definições, mas as que nos atravessam e nos desconstroem.
A escuridão não é ausência de caminho, mas convite à escuta interior. Ao contrário da luz que expõe tudo de uma vez, a sombra nos permite escolher o que ver, e quando ver. Ela respeita o tempo do olhar. Ensina que ver não é o mesmo que compreender, e que a revelação exige maturação do espírito.
Quando aceitamos a escuridão como parte do processo, a luz deixa de ser uma meta e passa a ser consequência. Não corremos mais em busca de holofotes, cultivamos lanternas. E nelas, acendemos apenas o necessário. O essencial não precisa de alarde. A verdade, quando chega, não brilha, pulsa.